quarta-feira, 29 de abril de 2015

Garfadas artísticas no Garfadas


Trabalhando com talheres o americano Gary Hovey faz, desde 2004, objectos artísticos em que predominam os animais.
O seu trabalho começou 10 anos depois do diagnóstico de Doença de Parkison e as suas limitações são agora maiores, contando com a ajuda de amigos para realizar as suas imaginativas obras, feitas exclusivamente com colheres, garfos e facas .
 Para quem quiser ver a restante obra do artista fica o link.
 PS. Agradeço ao meu amigo Manuel Paula a descoberta desta obra.

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Bolo de agrião: uma agradável surpresa

Fui hoje agradavelmente surpreendida com esta oferta: um belo bolo de agrião coberto de chocolate.

Não conhecia esta receita e lembrou-me imediatamente o «castella ou kasutera», o pão-de-ló japonês, uma herança portuguesa, que numa das versões modernas, é feito com chá verde e sobre o qual já escrevi.
Este bolo de agrião é do tipo húmido, muito agradável e o contraste com o chocolate é perfeito. Na internet é possível encontrar várias receitas; é só escolher. Fica recomendado.

terça-feira, 14 de abril de 2015

O fascínio do ananás

Histoire d'un voyage faict en la terre du Bresil, 1578
Desde a sua descoberta no Brasil até aos dias de hoje este fruto não perdeu o seu encanto e prestígio. Fresco, em conserva, transformado em sobremesa ou a acompanhar pratos salgados o seu gosto agridoce prende-nos e fideliza-nos ao seu consumo. Sabemos hoje que as suas capacidades facilitadoras da digestão se devem à bromeleína, uma peptidase que destrói as ligações entre as proteínas.
History of Drugs, Pomet 
Mas aquando da sua descoberta os indígenas, que nada sabiam de enzimas, tinham esse conhecimento empírico e utilizavam-no no tratamento de feridas, como disse André Thevet que o descreveu como «fruto maravilhosamente excelente, tanto pela sua doçura como pelo sabor, tão amoroso» no Singularitez de la France Antarctique, publicado em 1558. E os portugueses, tendo percebido o seu efeito anti-escorbútico, usavam-no nas viagens marítimas. Mas foi o seu gosto que prendeu os viajantes que chegaram ao Brasil no século XVI.
Historia da Provincia de Santa Cruz, Pero Gandavo, ( Imagem BNP)
Nas descrições do português Pero de Magalhães de Gandavo, autor da Historia da Provincia de Santa Cruz, a primeira história do Brasil, impressa em 1576, bem como nos relatos do jesuíta Fernão Cardim, que escreveu sobre o Brasil nas décadas de 1580-1590, é descrita a descoberta do fruto ananás e o modo como foi apreciado.  
Historia navigationis in Brasiliam…". Genebra, 1586.
Mas apesar das descrições destes portugueses e outros que não menciono agora, seria Jean de Léry  (1534-1611), na primeira edição do livro  Histoire d'un voyage faict en la terre du Bresil, autrement dite Ameriques contenant la navigation & choses remarquables vues sur mer par l'auteur…., ( e estou a abreviar o título),  publicada em La Rochelle em 1578, quem iria divulgar a descrição do fruto na Europa. Esta afirmação baseia-se no facto deste ter sido um best-seller na época, o que os portugueses dificilmente conseguem. Na verdade em 1677 ia já na sétima edição e em 1880 era publicada uma nova edição com notas. Lery foi um missionário do protestantismo e parece ter visitado o Brasil quando ainda era estudante.
Jean de Léry
 No capítulo XIII «Das árvores, ervas, raízes e frutos raros que se produzem na terra do Brasil» exaltava o ananás que descreveu como um grande cardo, do tamanho de um melão e feitio de uma pinha.  Quando madura a fruta tem um aroma de framboesa e de gosto é tão doce que nem as compotas do seu país o conseguiam ultrapassar. E concluía: « Acredito que é o melhor fruto da América».
Carlos II a receber um ananás, Hendrick Danckerts, 1675
Nos séculos que se seguiram o ananás tornou-se muito apreciado e rapidamente subiu às mesas reais. Numa pintura inglesa de 1675 Carlos II surge num terraço recebendo em mão um ananás, alegadamente criado pelo seu jardineiro John Rose. Embora seja dito que este foi o primeiro ananás criado em Inglaterra é pouco provável uma vez que a sua cultura na Europa começou com os holandeses e só no século XVIII se viria a divulgar nesse país.
Nurnbergiche Hesperides, 1708
Com um entusiasmo tal que foram publicadas obras como a de  William Speechly,que descrevia o seu método de cultura no livro A Treatise on the Culture of the Pineapple and the Management of the Hot-house, em 1779 , ou ainda outros livros com imagens fantásticas do fruto publicadas noutros países europeus.
Estufa em Dunmore, Escócia, 1776
 E até a própria arquitectura das estufas era reveladora do entusiasmo que este fruto desencadeou, como este exemplo construído na Escócia no século XVIII.

 

sábado, 11 de abril de 2015

Boa Publicidade

O cartaz que discretamente anuncia a cerveja Guinness, assinado Eckersley, foi publicado no «The Penrose Annual» de 1957.
Esta revista de artes gráficas, foi impressa desde 1895 a 1982, e mostrava os trabalhos mais interessantes de cada ano. 

Neste dia de início de Primavera esta é uma boa sugestão.


terça-feira, 7 de abril de 2015

Amêndoas, confeitos e grangeias. Aleluia.

Amêndoas tipo francês
Talvez eu estivesse distraída e só este ano tivesse dado pela etiquetagem correcta da embalagens de amêndoas e confeitos.
Infelizmente perdi um ficheiro (se fosse só esse!) chamado «amêndoas» onde colocava as fotografias de todo o tipo de embalagens e de amêndoas que os meus doentes me deram ao longo de vários anos. Se o disco externo não se tivesse queimado podia hoje ir comparar as actuais embalagens com as antigas e confirmar a veracidade desta afirmação.
É que, como é habitual em Portugal, existe uma legislação, sobre o assunto há muitos anos. Será que era respeitada, ou fui eu que não me apercebi?
Amêndoas tipo caseira (Torrada)
Em 1965 foi publicada a portaria Nº 21055 em que se estabelecia a diferença estre estes produtos de confeitaria do seguinte modo:
1 – A  designação de «amêndoa» só pode ser dada ao produto fabricado com a semente da amendoeira (Amygdalus communis, L.), inteira e seleccionada, envolvida ou coberta de açúcar.
2. Os produtos similiares em que o recheio seja diferente são designados por «confeitos», devendo sempre indicar a natureza desse recheio, que poderá ser de amendoim, de pinhão, de erva-doce ou coentro, ou de licor.
3 - Os outros produtos similares mas sem recheio são designados por «granjeias» ou por «missangas». Ou «drageias», acrescento eu, que é um sinónimo que foi muito mais utilizado.
Em 1969 esta portaria foi revogada e substituída pela Nº 23941 em que adicionava a estas 3 categorias um outra: a dos «confeitos de fantasia», semelhantes aos já descritos, mas com formatos variados e outros recheios como licores, chocolates, nougat, frutas, etc. Além disso estabelecia as quantidades de açúcar e amido que devia estar presentes nas amêndoas cobertas e restantes produtos.
Drageias de chocolate. Não deviam ser confeitos de fantasia com chocolate?
Em 2008 foi publicada uma outra portaria, muito mais confusa e etérea, Nº 347, que remete para outra legislação sobre segurança alimentar e revoga a anterior de 1969. 
Nela se podem ler coisas como: «alguns produtos de confeitaria caíram em desuso e deixaram de ser comercializados» e «popularizaram-se outros produtos vindos dos estados membros a que não se aplica essa portaria». Que pena esta superficialidade. Dava-me jeito saber a que se referem. Quais as amêndoas ou confeitos que desapareceram? O que surgiu de novo vindo de outros países e se implantou nos nossos hábitos?
Confeitos de pinhão
Muito havia a dizer ainda sobre estes produtos. Mas como o texto já está grande e a Páscoa já passou, vamos comer as últimas amêndoas (ou confeitos) que resistiram à nossa gulodice e voltamos no próximo ano ao tema. 


sexta-feira, 3 de abril de 2015

Feliz Páscoa

Postal comercial de Páscoa  tridimensional 
Utilizando um postal comercial de há 60 anos, desejo a todos uma Feliz Páscoa.
Foi enviado pela Antiga Casa José Alexandre, numa época em que ainda se fomentava a ligação dos clientes às casas comerciais estabelecendo uma relação de proximidade. 
Duas micas pintadas sobrepôem-se à imagem de fundo dando uma imagem tridimensional
Este estabelecimento, fundado em 1823, situava-se na Rua Garret e foi sempre um estabelecimente de excelência, onde se ia quando se queria comprar algum objecto  de qualidade para a casa.
 Tinha as últimas novidades, mas também as marcas clássicas. Lembro-me ainda de ter ido à "loja nova", que foi aberta depois do incêndio do Chiado e se situava no edifício Imaviz, comprar peças do faqueiro Christofle, de que eram então um dos representantes em Portugal.
Ainda há pouco tempo se podia ver uma placa grande em cobre com a identificação da firma, na esquina do prédio onde existiu a loja, na Rua Garret. Desapareceu há poucos meses e a esta hora está já seguramente derretida, nesta voragem de roubos de metais, que se transformam rapidamente em  dinheiro, apenas uma das faces da crise deste país.

Afinal afastei-me do tema. Queria apenas desejar uma Páscoa Feliz com muitas amêndoas.


quarta-feira, 1 de abril de 2015

Põe o ovo a galinha põe

Aparelho eléctrico para escalfar ovos
Sob esta designação está presente no Centro de Artes Culinárias uma pequena exposição dedicada à galinha e ao ovo.
Aproveitando a época da Páscoa, tão associada ao ovo, porque não falar no sua progenitora: a galinha (não, não é o coelho). 
Procurando na literatura infantil descobri que de todos os animais a galinha é das menos representadas (o mesmo não se podendo dizer do galo).
Este livro descobri-o só agora e é uma história de amor entre a galinha e o galo, escrita por Mário Gonçalves que embora não esteja datado, deve ser da década de 60.
Se puderem vão visitar o Mercado de Santa Clara e aproveitem para ver a exposição de pratos que se mantém e que vale a pena.