sábado, 25 de fevereiro de 2012

A Fábrica de Bolachas da Pampulha

A Fábrica de Bolachas da Pampulha,  situava-se entre a Pampulha e a Rua 24 de Julho e foi fundada por Eduardo Costa, na década de 1870.
Foi a primeira fábrica de bolachas em Portugal e teve uma produção importante, tendo chegada a produzir mais de trezentas variedades de bolachas e biscoitos. Para além da fábrica tinha um depósito em Lisboa, na Rua dos Retrozeiros, 32-34 e um outro no Porto, que se situava na Rua D. Pedro, 143-145.
O amassador mecânico
A qualidade dos seu produtos era seguramente boa porque conseguiu ganhar vários prémios com os seus produtos. Era a época das Exposições Industriais chamadas Universais e os prémios nelas ganhos conferiam grande prestígio aos produtos. Na Exposição de Filadélfia, em 1876, ganhou uma medalha de mérito da Associação Promotora da Industria Fabril e em 1878 uma outra medalha na exposição de Paris. Em Portugal foi premiado na Exposição Agrícola de Lisboa, em 1884 e na Exposição Industrial Portuguesa de 1888.
Preparação da massas em lâminas
O edifício tinha vários andares, servidos por um elevador. As farinhas chegavam á fábrica de carroça e eram transportadas para o terceiro piso onde se encontravam as máquinas de preparação das massas.
Os fornos para cozer as bolachas
Passavam depois para o quarto piso onde estavam as máquinas de cortar e os fornos para as cozer e por fim passavam para o quinto piso onde eram seleccionadas e acondicionadas em caixas. Esta disposição, que nos parece absurda, fazia sentido se percebermos que o terreno era inclinado e que a matéria prima entrava por baixo, pelo portão do Aterro e saía depois por cima, uma vez que o quinto piso correspondia ao piso térreo da Travessa dos Brunos.
Local de escolha e enlatação das bolachas
Da grande variedade de bolachas infelizmente não foi feito qualquer registo, o que era habitual à época, mas percebe-se que o proprietário e os seus descendentes tiveram preocupações publicitárias que se manifestaram pela oferta de produtos promocionais, como calendários e outros como é o caso da bolacha que apresentei em anterior poste.
A apurada qualidade gráfica das suas embalagens e cartazes era manifesta e pode ser constatada nos raros exemplares que vão aparecendo. São normalmente de carácter histórico e nacionalista enaltecendo figuras portuguesa como Bocage e o Marechal Gomes Freire de Andrade, como no exemplo apresentado, entre outros. Voltarei a este tema para mostrar outros exemplares que o confirmam.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Fantasias de Carnaval

Para não deixar passar esta época sem um poste alusivo apresento algumas fotografias antigas com fantasias de Carnaval. 
Diferentes das de hoje em dia, sem heróis, representavam sobretudo figuras populares com trajes regionais.

A terminar, a imagem que desencadeou a vontade de lhes apresentar esta sequência.
A fotografia de um menino de dois anos e meio que, em 1914, vestido de cozinheiro, oferecia os seus serviços. Segundo os seus pais garantiam: «Sabe bem da sua arte!».

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Museu Virtual: Oveiro coberto com saleiro

Nome do Objecto: Oveiro coberto com saleiro

Descrição: Oveiro em forma de esfera com duas metades, a superior servindo de tampa e a inferior de base para os recipientes em vidro para colocar o ovo e o sal. A cavidade inferior permite também colocar água quente impedindo o «ovo quente» de esfriar. Assenta num pedestal, no mesmo material.
Material: EPNS (electroplated nickel silver)  e vidro.


Época: Final do século XIX.


Marcas: MAPPIN & WEBB. London. Shefield

Origem: Mercado português.

Grupo a que pertence: Recipiente para o serviço ou consumo.

Função Geral: Equipamento para servir e consumir a comida.
Função Específica: Para servir «ovos quentes». A taça de vidro anexa serve para colocar o sal para o tempero do ovo. O recipiente inferior permite introduzir água quente para manter o ovo em boas condições de temperatura, o que também é facilitado pela tampa que encerra o objecto.
Nº inventário: 1010

Objectos semelhantes: Pode confundir-se com outros oveiros a que os ingleses chama «egg coddler» ou «egg boiler» que são utilizados para fazer os ovos quentes na própria sala. Estes têm geralmente cavidades para vários ovos, habitualmente seis, e têm em baixo uma lamparina para manter a água quente.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Um papel de gelado Mayflower

Um dos meus gostos é descobrir o rasto de velhos papéis. Este foi um desafio difícil sobre o qual consegui pouca informação.
Trata-se de um invólucro em papel de um gelado americano, que se encontrava por mero acaso no meio do espólio de portugueses que viveram nos Estados Unidos nos anos 30. Regressados a Portugal trouxeram os seus haveres que consideravam importantes mas, perdido entre estes, estava este insignificante papel.
O gelado foi produzido pela empresa Mayflower Ice Cream Company, situada no lado oeste da Avenida Vernon, perto da Avenida 43, em Long Island, Queens.

No início do século XIX, nos Estados Unidos, o leite começou a ser produzido em destilarias que aproveitavam os excedentes da produção do whisky para alimentar as vacas. Este leite tinha uma qualidade deficiente e esteve na origem de surtos infecciosos dos que se atreviam a bebê-lo. Apenas em 1895 as máquinas industriais para pausteurizar o leite foram introduzidas nos Estados Unidos, obviando a muitos destes problemas.

Após a Grande Depressão o presidente Roosevelt implementou vários projectos de desenvolvimento entre os quais, um destinado a empregar artistas, o Works Progress Administration (WPA), que teve início em 1935. Estes foram utilizados em várias campanhas publicitárias como as que se destinavam a fomentar o consumo do leite e de que este poster é um exemplo.
Nessa época o fornecimento de leite, manteiga e gelados, isto é de lacticínios,  a Nova Iorque era feito por leitarias locais, entretanto desaparecidas. De entre as mais conhecidas salientava-se a R. H. Renken Dairy, a Sheffield Farms e a Mayflower Ice Cream Company.
Esta última ainda existia em 1945, ano em que publicou um anúncio no jornal Long Island Star Journal de 4 de Agosto, pedindo raparigas, mesmo sem experiência para trabalhar na fábrica, com um horário de 40 horas semanais.
O edifício persiste ainda hoje e este pequeno papel de gelado também.
PS. Dedico este poste ao meu mais fiel leitor, um desconhecido residente nos USA, em Mountain View, California.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Uma máscara de Carnaval


Numa altura em que os cozinheiros estão em alta nada mais adequado do que uma máscara de Carnaval com um barrete de cozinheiro.

Tratando-se de um Carnaval polémico, que perdeu o direito à tolerância, poderá ser usada no domicílio, após período laboral.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

O Detergente Barrix

Desde há anos que este anúncio ao Barrix está na minha posse, sem que, até há cerca de uma semana, tenha conseguido localizar qualquer informação.
Esta figura, recortada em cartão tem um pequeno suporte do mesmo material que lhe permite ficar em pé.
Por baixo da marca «Barrix» tem escrito «Detergente líquido escocês» e nada mais.
A vestimenta do despachado gato, como o que parece ser um macaco azul e um boné na cabeça, remetia-me para o campo industrial e pensei que se tratava de um detergente para lavar automóveis.
Felizmente não cheguei a publicar esse disparate.
Sei agora que se trata de um detergente para lavagem de roupa e que foi registado em 1955 por Alfredo Barros & Irmão, industrial com sede na Rua de Santa Catarina 300, 2º, no Porto.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

A descarga do bacalhau na Ribeira do Porto

Nesta bela fotografia pode observar-se a descarga do bacalhau para a cidade do Porto.
Fervilhava então de actividade aquele que é hoje um local turístico.
Não foram os portuenses que deixaram de comer bacalhau, é que este transporte passou a ser feito pelos mais prosaicos camiões, com que nos cruzamos na estrada.

A foto foi publicada no Albúm de Portugal, de 1914, e está identificada como sendo um gravura de Marques Abreu & Cª.

Para que a memória não se perca.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Objecto Mistério Nº 28. Resposta: Saca-rolhas e tira-cápsulas

As imagens que mostram o objecto mistério desmontado dão já a resposta.
Dentro da cabeça esconde-se um saca-rolhas e na base, sem que para a sua utilização haja necessidade de o abrir, encontra-se um tira-cápsulas. É portanto um objecto de uso no bar, podendo evidentemente servir como objecto decorativo, atractivo pela sua estilização.
Na base tem uma marca «Barbeitos - Portugal». Não encontrei qualquer informação sobre a mesma mas não descarto a hipótese de, de algum modo, estar relacionada com o escritor Arlindo do Carmo Pires Barbeitos. Nascido em Angola em Catete, em 1940, veio para Portugal aos 17 anos. Aos 21 anos, por razões políticas, partiu para França e posteriormente para a Alemanha onde se veio a formar em Antropologia e Sociologia. Em 1975 regressou ao país natal e leccionou na Universidade de Angola. A sua obra poética é extensa e traduz a sua aproximação à cultura tradicional africana.
Não encontrei nenhuma referência à sua actividade em qualquer outro ramo artístico, na área do desenho ou da escultura, mas olhando para esta imagem africana, com imensa pujança, penso que pode de alguma maneira ter sido influenciada pela sua obra.
Sei que estou a arriscar muito com esta suposição mas conto com a colaboração do conhecimento dos que me lêem. Talvez alguém tenho uma informação adicional que possa esclarecer completamente este mistério.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Objecto Mistério Nº 28

A proposta de hoje é completamente desonesta.

O objecto mistério é extremamente difícil de descobrir sem mais dados mas, como há pessoas intuitivas, aqui fica o desafio.

Trata-se de um objecto em cobre representando a cabeça e o torso de um africano. Tem 10 cm de altura e a base mede 7 x 2,5 cm.
Não é um objecto decorativo mas um utensílio doméstico de uso corrente.

A pergunta é: para que serve?