segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Objecto mistério Nº47. Resposta: Infusor de chá


Este desafio foi mais fácil do que pensei e várias pessoas acertaram, ao contrário do que aconteceu no facebook onde apareceram respostas muito variadas.
Este moderno utensílio, de que confesso desconhecia o modelo, tem a extremidade em bico, que funciona como corredor (uma palavra esquecida) e na parte inferior uma pequena mola que permite tirar a tampa e retirar as folhas já utilizadas.
Os modelos para colocar folhas de chá são imensos e um dos que me seduz é um very british submarino amarelo, a lembrar o título do albúm dos Beatles. Mas habitualmente a sua forma é mais prosaica e além das tradicionais casinhas, dos bules e colheres, de que apresento alguns exemplos há muitos mais.
Se as formas são interessantes já o mesmo não diria do fim do objecto em si, que nunca percebi. As folhas do chá são para estar soltas e libertarem o seu aroma na água. 
Depois do chá repousar assentam no fundo do bule e se uma pequena folha escapar para a chávena também não tem problema nenhum. É por isso que nunca me fez falta nenhuma. Quanto ao fascínio pelos objectos já é outra conversa.

sábado, 29 de agosto de 2015

Objecto Mistério Nº 47

 
Este foi um presente da minha amiga Isabel Kiki com o fim de se tornar num objecto mistério. Claro que agora fica interdita de comentar, como gosta sempre de fazer.

Achei que tinha características adequadas para esse fim e cá está mais um desafio.

Tem 16 cm de comprimento máximo e 1,5 cm de diâmetro.

A que se destina?

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

A minha horta aérea

Apresento a primeira produção da minha mini-horta plantada na varanda. As sementes foram dadas por uma revista e não identificava as variedades. Assim, tenho a surpresa de ver crescer uns pequenos tomates, tipo cerejo, de tamanho pequeno médio, que crescem em cachos e de que apenas colhi este por já se apresentar maduro.
Quanto ao pimenteiro procurei identificá-lo pela imagem e concluí que é um «scotch bonnet» (boina escocesa), uma variedade de Capsicum chinense
Este nome impróprio foi-lhe atribuído por um botânico holandês, Nikolaus Joseph von Jacquin (1727-1817), que pensava que estes pimentos eram originários da China, vindo mais tarde a confirmar-se que todos as plantas deste género eram nativas da América.
Como não devo ter sido a única que comprou estas sementes alerto para o facto de as pimentas mais picantes do mundo, pertencerem a esta família, entre as quais se encontra o Habanero e o Scotch Bonnet. 
Portanto cuidado com estas pimentas, usar luvas ao cortá-los e lavar bem as mãos depois, porque é frequente levar-se a mão à cara inadvertidamente. E usar apenas um bocadinho para experimentar da primeira vez, porque este pimento, na escala de Scoville, criada por Wilbur Scoville em 1912 para medir a ardência, se encontra muito bem posicionado. Riscos de agricultores amadores.

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Josefa de Óbidos em Lisboa

Rever a pintura de Josefa de Ayala Figueira (1630-1684) é sempre um prazer. Tive a sorte de visitar a anterior exposição sobre a sua obra, já lá vão mais de 20 anos, na galeria D. Luís, no Palácio da Ajuda, bem como a pintura de seu pai, Baltazar Gomes Figueira, em anterior exposição em Óbidos, também há alguns anos.
Mas olha-se para os seus quadros como da primeira vez observando atentamente os pormenores. São os seus quadros influenciados pelos bodegones espanhóis que, evidentemente, me entusiasmam mais.
Tentar adivinhar o nome dos doces conventuais apresentados em caixas de madeira, em pratos, em cestos ou em doceiras é um desafio. Admirar a presença dos confeitos perlados, brancos e encarnados, corados com cochinilha tal como as obreias recheadas, dispersas sobre a mesa, para nos aumentar a noção de relevo, é um teste à nossa concentração.
É uma oportunidade para descobrir novas obras ainda não vistas, muitas em colecções particulares, que nos deslumbram. Só agora percebi que existem dois quadros do mês de Março, semelhantes, com a diversidade do pescado e as cebolas pintadas com rigor (inteira num e noutro cortada ao meio, mas mostrando ainda a sua casca dourada).
É uma pintura feminina, no que isso tem de bom, com laços dispersos a enfeitar espetos decorativos nos pratos de bolos e nas asas dos púcaros, usados para beber água, com que, de costume se acompanhavam os doces.
Absolutamente a não perder. Termina no dia 6 de Setembro e pode ver-se no Museu de Arte Antiga, em Lisboa.

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

O Chocolate Hórfeiçal

Intrigou-me esta designação do «Chocolate Hórfeiçal», vendido em caixas sob a forma de pastilhas embrulhadas em papel. As pastilhas, em forma de bastonete eram embrulhadas em papel e acondicionadas em caixas, com o rótulo na tampa e as instruções na face posterior
Eram depois dissolvidas em água, ou leite a ferver, que se agitava bem para desfazer e a que se adicionava açúcar. O chocolate como bebida ficava rapidamente pronto, embora, o produtor, não identificado, também recomendasse que o chocolate se podia comer directamente da caixa.
Embora tenha conhecimento de quem o devia ter comercializado, a falta de confirmação e a fraca divulgação que teve, levam-me a crer que foi um negócio falhado que ficou nas mãos da família, cuja identificação nada traz à história.
O nome Hórfeiçal era-me estranho e pensei tratar-se de um anagrama. Mas também não consegui resolvê-lo. Acabei por decompor a palavra em vários elementos e associando a palavra  imagem acabei por perceber que era uma alusão ao rei Faiçal I (1883-1933) que, em 1921, foi aclamado rei do Iraque. 
Faiçal em 1918, ainda príncipe
O meu amigo António, do blog «Herdeiro de Aécio» , já falou sobre esta figura importante para a história da dissolução do Império Otomano e para o aparecimento dos novos países árabes, representada no cinema por Alec Guiness no filme Lawrence da Arábia.
Capa do livro sobre Faiçal I do Iraque
Presumo que este chocolate tenha sido feito nas décadas de 1920-1930 em que à Europa chegavam relatos do surgimento dos novos países e dos encontros com os representantes ocidentais.
Descoberto parte do anagrama fica por explicar o «Hór» inicial que ficará para cabeças mais elaboradas.

sábado, 8 de agosto de 2015

A morte das palmeiras

Tenho andado distraída e só agora reparei no que está a acontecer às palmeiras em Portugal. Estão a morrer com uma velocidade terrível dizimadas pelo “escaravelho da palmeira”, o rhynchophorus ferrugineus, um escaravelho vermelho, com três a quatro centímetros, que veio do Norte de África em 2007.
Não sei nada sobre palmeiras e a que conheço melhor é a Areca Catechu, porque tenho na minha casa de banho uma gravura que a representa, que comprei numa exposição sobre plantas na Faculdade de Ciências há anos. Com o tempo perdeu as cores e é agora uma gravura em tons de azul. Mas continuo a gostar dela como gosto das palmeiras que existem dispersas pelo país.
Só chegaram a Portugal no século XIX mas foram sempre símbolo de exotismo e de bom gosto. As pessoas com posses colocavam-nas junto das suas casas e ficávamos a saber, quando as víamos ao longe, que ali existia uma boa casa. Ainda hoje, quando vou na autoestrada e vejo uma palmeira sem casa penso que ali deve ter existido uma casa senhorial, destruída pela construção da estrada.
Com o tempo também as pessoas do campo passaram a plantá-las junto às suas pequenas habitações. Demoraram décadas a crescer e apesar de não serem autóctones, ao fim de todo este tempo já são nossas.
Agora que estão a morrer às centenas ou milhares apercebo-me de como são numerosas e espalhadas por todo o país. Numa ida à região de Santarém e Tomar contei, pelo caminho, dezenas a morrer apenas junto às estradas por onde passei.
À volta da quinta de uma amiga minha, em Santarém, estão também todas a morrer mas as dela estão boas porque o jardineiro as tratou com os produtos com que trata as oliveiras e outras árvores.
Duas palmeiras a morrer, uma à esquerda e outra à direita na foto
Na altura pensei mas será que ainda ninguém falou nisto? Consultei a net e encontrei vários artigos em jornais a maioria já do ano passado. Sabe-se que em Portugal já há pelo menos cinco espécies de palmeiras que foram afectadas por este tipo de escaravelho, sendo a mais afectada a palmeira das Canárias e também a chamada tamareira, mas parece que não se está a actuar devidamente ou não veríamos este espectáculo desolador.
Contudo o Ministério da Agricultura publicou em 2012 recomendações para o tratamento destas palmeiras e aqui deixo o link para os proprietários mais conscienciosos ainda actuarem:


segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Um leque publicitário Mercier

Na primeira metade do século XX uma das formas de publicidade era feita em leques de papel. Este leque publicitário ao Champagne Mercier foi feito em Paris por um lequeiro J. Ganné, representante de uma indústria que teve grande divulgação em França a partir do século XVIII.
 O Champagne Mercier era produzida por uma casa de champanhe  fundada em Epernay em 1858 por Eugène Mercier (1838- 1904 ). O seu proprietário tinha 20 anos quando se lançou nesta aventura que foi coroada de sucesso.

Uma das suas preocupações foi precisamente com a publicidade de que foi um pioneiro. Foi ele que encomendou aos irmãos Lumière o primeiro documentário publicitário de sempre sobre a evolução da uva até ao champanhe, que foi apresentado de Exposição Universal de Paris de 1900.
No ano anterior tinha já apresentado um barril enorme que ganhou o 2º prémio na exposição e que ainda hoje se pode ver na casa mãe. Dele saía champagne da sua produção que os visitantes da exposição podiam experimentar.
Imagem tirada da Internet
As suas ideias para a divulgação do seu produto eram sempre revolucionárias, como a de oferecer champanhe para ser degustado a bordo de um balão fixo que se encontrava a 300 metros de altura.
Imagem tiradada internet
Visto assim, este leque, com características Art Deco, até parece um ideia simples.