quarta-feira, 19 de agosto de 2020

Encontros felizes Nº 3: as varinas de Lisboa

De entre as figuras populares femininas atrai-me à cabeça a da varina de Lisboa, logo seguida pela lavradeira minhota. As primeiras já desapareceram, ao passo que as segundas continuam a ser lembradas numa tradição local, pelo menos durante o período das festas. Em comum têm a beleza da elegância feminina com trajes de saias rodadas que acompanham o movimento do corpo, nas suas actividades. Mais simples, a varina apresentava-se muitas vezes descalça, escondendo na canasta as chinelas que a legislação higienista as obrigava a usar. Perante a visão do polícia regulador, lá saltavam apressadamente as chinelas para os pés habituados ao chão da rua.

Quando em 2015 o meu amigo António Miranda, então director do museu da Cidade de Lisboa organizou uma magnífica exposição sobre as Varinas de Lisboa, emprestei algumas peças simples da minha colecção para estarem presentes. Se fosse agora este azulejo iria fazer-lhes companhia.

O azulejo, feito na Fábrica Viúva Lamego tem como assinatura: Jorge Pinto. Penso tratar-se de Pedro Jorge Pinto (1900-1983), atendendo à provável data de produção e à fábrica, uma vez que o seu pai trabalhou sobretudo com a Fábrica Constança. A sua assinatura era muito semelhante à de seu pai José António Jorge Pinto (1875-1945) que deu luz a imensos trabalhos de azulejaria, com lindíssimos painéis de Arte Nova, muitos dos quais ainda hoje visíveis na cidade como vários painéis em habitações da Avenida Almirante Reis, os azulejos da Leitaria a Camponesa, na Baixa, os da pastelaria a Tentadora, em Campo de Ourique e muitos mais que aqui não refiro.

O seu filho Pedro, que assina este azulejo, foi também o responsável pelos painéis do Mercado do Livramento em Setúbal, com temas relacionados com a Agricultura.

Este simples azulejo, de linhas límpidas, remete-nos para um enquadramento de Lisboa antiga e para uma profissão já desaparecida, que eu recordo ainda da minha meninice.

terça-feira, 11 de agosto de 2020

Galheteiro de vidro Art Deco da CIP: adenda

Na ficha anterior de Museu Virtual identifiquei mal a fábrica de origem. Lembrava-me de ter visto esta peça em catálogo mas não consegui identificá-lo.

Hoje o catálogo chegou do encadernador e ao abri-lo deparei-me com a imagem do galheteiro, bem como de outras peças da mesma linha.

O catálogo é o Nº 35 da Companhia Industrial Portuguesa (CIP). Não apresenta data mas é provável que esta linha seja ainda mais precoce que este catálogo.

A designação IVIMA não estava completamente errada porque ambas as designações vêm da fábrica inicial, a Empresa da Nova Fábrica de Vidros da Marinha Grande, cuja construção se iniciou na Marinha Grande em 1894, tendo começado a laborar em Janeiro de 1895.

Ao longo dos anos teve várias designações, consoante as sociedades que a adquiria. A CIP data de 1926. 

Aqui fica a correcção.


sexta-feira, 7 de agosto de 2020

Museu virtual: Galheteiro

 

Nome do Objecto: Galheteiro

Descrição: Conjunto de dois frascos de vidro azul, facetado, com tampas em vidro, inseridos numa base de vidro idêntico com concavidades, onde estes encaixam. Tem suporte central com pega no mesmo material.

 Material: Vidro azul moldado.

 Época: Década 1940.

 Marcas: Não apresenta. CIP.

Origem: adquirido no mercado português.

Grupo a que pertence: equipamento culinário.


Função Geral: Recipiente para serviço ou consumo.

                                   Acessório de serviço

 

Função Específica: Temperar alimentos na mesa.

 

Nº inventário: 3718.

 Objectos semelhantes: Não classificados.

 

Observações:

As formas dos galheteiros inspiram-se nas galhetas usadas nas cerimónias religiosas, destinadas a conter água e vinho, usados na liturgia.

Estes acessórios do serviço de mesa apresentam-se aqui na sua forma mais simples, tendo por fim conter apenas o azeite e o vinagre. Na grande maioria dos conjuntos que possuem base, estão incluídos outros objectos, como o saleiro, pimenteiro, mostardeiro, paliteiro, etc.

Apesar de me recordar de ver este modelo em catálogo não me foi possível identificá-lo nos catálogos consultados. Parece não existir dúvidas de que se trata de um modelo português, de que se conhecem formas semelhantes em açucareiros, manteigueiras e taças de sobremesa.