segunda-feira, 17 de julho de 2023

As primeiras letras

 

Apresento aqui uma folha de um livro escolar As primeiras letras, que me atraiu pelo tema e que me fez descobrir o seu autor, na época, sobejamente conhecido.

Trata-se do professor Manuel António Janeiro Acabado, nascido na aldeia de Pias (Serpa), em Novembro de 1888. Foi um nome importante nas áreas da didáctica e da pedagogia, sobretudo aplicadas às primeiras letras, tendo criado um método que tomou o seu nome.

Ficou conhecido principalmente pela autoria de dezenas de manuais escolares (mais de 40), de que o ABC dos pequeninos é um deles, tal como o aqui apresentado. São todos muito interessantes e com um grafismo facilitador da leitura.

Fundou em 1956, em Beja, a Escola do Magistério Primário, de que foi director até à data da sua morte, em 1970.

ABC dos pequeninos
A minha homenagem a quem ensinou tanta gente a ler, num período de grande analfabetismo.

quarta-feira, 5 de julho de 2023

O fogão norueguês

 

Quando há dois dias o José Daniel falou na marmita norueguesa, a propósito de uma notícia publicada em O Universo Ilustrado, de 1880, tinha acabado de me chegar às mãos um folheto com receitas para a mesma. Achei que já tinha falado sobre o tema, o que é verdade, mas com o nome de “fogão norueguês”. Ver aqui no blogue 👈

Já tinha vontade de falar neste tema desde que o o italiano Giorgio Parisi, Prémio Nobel de Física de 2021, defendeu que cozinhar a massa com o fogão desligado, depois da água ferver, permite consumir menos energia. O cientista da Universidade Sapienza, de Roma, calculava que "pelo menos oito minutos de consumo de energia" eram economizados com este método. Nada de novo, uma vez que algum tempo antes a associação Unione Italiana Food, que representa os fabricantes de massas, argumentou que manter a tampa na panela durante a fase de fervura acelerava o processo de cozedura e permitia poupar "até 6% de energia e emissões de CO2". Isto é, desligar o fogo após dois minutos de fervura, deixando a tampa, economiza energia e emissões de CO2 que podem chegar a 47%. Claro que estas noções desagradaram a chefes de cozinha. Antonello Colonna, italiano, detentor de uma estrela Michelin, disse que o método tornaria a massa borrachuda.

Já experimentei com o esparguete e não ficou mal. Mas para o arroz e outros cozinhados é perfeito. A minha técnica, sem fogão norueguês, consiste em deixar ferver o alimento alguns minutos no máximo e depois de ligeiramente cozido, retiro, coloco dentro da caixa do microondas (apagado), com tampa, e uma protecção de cortiça por baixo e tapo com uma mantinha, que reservei para o efeito.  Fica perfeito.

É interessante que este tipo de cozimento, tenha sido dado a conhecer no final, do século XIX, tenha tido grande divulgação durante a guerra (este folheto é dessa altura) e passado todo este tempo voltamos a ter preocupações energéticas, não por necessidade absoluta, mas por consciência. O que parecia um retrocesso é na realidade um grande avanço.