sábado, 28 de fevereiro de 2015

Outras Batedeiras

Regresso ao poste anterior para falar de batedeiras de ovos e bolos.
Os modelos são tão variados que podemos voltar a este tema vezes sem fim.
Hoje apresento dois modelos retirados de um relatório apresentado por José Pombinho Júnior sobre doçaria em Portel, que foi feito para a Exposição Histórica do Mundo Português, em 1940.
Para além das receitas de doces e panificação regionais nesse relatório eram registados os utensílios utilizados. Saliento os destinados a bater as massas para os bolos que são: o molho de varinhas de marmeleiro atadas e um batedor de madeira que consta de uma vara central, que se rodava entre as mãos, e que tem na extremidade 4 meias luas perfuradas.
Este último ainda me lembro de ser usado em minha casa na infância. 
Bibliografia:
Doçaria e Panificação Regional, Resposta de J.A. Pombinho Júnior, Portel, Câmara Municipal, 2007.

domingo, 22 de fevereiro de 2015

Objecto mistério Nº 45. Resposta: Batedeira para ovos

Os objectos apresentados falam por si, isto é, a etiqueta explica a função. 
Não sei precisar a época mas serão do final do século XIX ou início do século XX.
A doçaria portuguesa exige a presença abundante de ovos e batê-los foi sempre um desafio. Os inúmeros modelos existentes para esse fim revelam-nos que nenhum era satisfatório. Este foi apenas um dos tipos de batedores que antecederam a batedeira eléctrica que viria resolver este problema. 
O sistema de pistão foi usado com bons resultados noutros utensílios domésticos em especial para fazer café, técnica ainda hoje usada com sucesso por marcas tão modernas como a Bodum. 
Sem experiência própria, posso concluir que a raridade deste modelo de batedeira deve traduzir um baixo êxito na sua funcionalidade.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Objecto Mistério Nº 45


Os dois objectos apresentados são iguais, diferem apenas nas dimensões.

O corpo em vidro do mais pequeno tem 18 cm de altura enquanto o maior tem 22 cm.

Qual era o seu nome e função?

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Reminiscencias do Carnaval

Máscara antiga de carnaval em papelão pintado

Grupo de crianças mascaradas. Sintra, Carnaval de 1936

sábado, 14 de fevereiro de 2015

Alexandre Herculano agricultor

Em Setembro de 1910, a um mês da implantação da República, a revista Alma Nacional publicava, na contracapa um anúncio de homenagem a Alexandre Herculano. Esta revista republicana surgiu em Fevereiro de 1910, sob a direcção de António José de Almeida e teve uma periodicidade semanal até 29 de Setembro de 1910.
A forma de homenagear Herculano consistia na venda de uma fotografia sua sentado sobre «um cesto vindimo» e as receitas da venda destinavam-se a apoiar as Escolas Liberais.
Alexandre Herculano (1810–1877), com os pulmões cansados do pó dos livros da Ajuda e o cérebro da vida política, retirou-se definitivamente, em 1867, após o casamento com D. Mariana Meira, para a sua quinta de Vale de Lobos, em Azóia de Baixo, perto de Santarém.
O papel de Herculano como agricultor teve resultados muito positivos, em várias áreas, de que a produção de azeite é a face mais conhecida.  A este aspecto, já minuciosamente estudado por Jorge Custódio, voltaremos noutra altura.
Por agora fica-nos a imagem de Alexandre Herculano sentado sobre um cesto de vindima invertido, num momento de repouso da sua actividade. A posição relaxada e o olhar distante, captados na fotografia, em contraste com outras anteriores mais formais, não podia traduzir melhor a sua adaptação à vida no campo, que tanto apreciava. 

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

A Fábrica Schalck em Lisboa

O edifício ainda lá está na Calçada do Cascão, perto da Feira da Ladra, revestido a azulejos em tons amarelos, que brilham intensamente com a luz do sol. Este tipo de revestimento azulejar data do século XIX, numa altura em que o local era «Travessa de João Gascão», nome que já vinha do século XVII, de um comerciante aí estabelecido.
Foi numa das casas dessa calçada, no lado direito de quem desce, que se estabeleceu, em 1854, a Fábrica Schalck. Mais conhecida por produzir botões era chamada pelos habitantes locais, muitos dos quais para ela trabalhavam, no local e no domicílio, até meados do século XX, como «Fábrica dos Botões». Ainda hoje moradores do local recordam esses tempos.
Que foi uma grande fábrica para a época não há dúvida e, apesar da discrepância dos números encontrados o Inquérito Industrial de 1881 classificava-a nas 50 maiores de então. No relatório da visita às instalações eram referidos «138 operários internos, além de 60 que trabalhavam fora da fábrica».

Embora este tipo de industria estivesse classificada no sector da pregaria, para além da produção de pregos, e de botões de que já falámos, produzia também colchetes, ganchos para o cabelo e cápsulas para garrafas, boiões e frascos. Foi esta última actividade que me chamou a atenção para esta empresa. No meu livro «Licores de Portugal», a propósito da forma de fechar as garrafas, eu havia já escrito: «No final do século XIX existia já em Portugal pelo menos uma fábrica que produzia cápsulas metálicas para fechar garrafas; tratava-se da firma H. Schalck Sucessores que, em 1884, esteve presente na Exposição Agrícola de Lisboa; anteriormente a sua produção tinha sido agraciada com uma menção honrosa nas Exposições de Viena de 1873, de Filadélfia de 1876, de Paris de 1878 e do Rio de Janeiro de 1879.
Agora, o achado de uma factura de 1928, pôs-me novamente no encalce da história desta empresa. Vejamos alguns aspectos interessantes com ela relacionada. O proprietário da fábrica, Henrique Schalck tinha origem alemã e foi representante de várias empresas do seu país natal. Nela trabalhou um outro alemão Karl Emil Biel (1838-1915), que chegou a Lisboa em 1857.  Isso explica que, aquele que se tornaria um fotógrafo famoso se tenha estabelecido, em 1867, com uma Fábrica de Botões, na Rua da Alegria, no Porto após ter comprado uma propriedade a José Joaquim Pereira Lima, na Travessa do Luciano à Rua da Alegria.
A fábrica Schalck foi adquirida em 1917 pela Companhia Previdente, uma empresa fundada em 1825 por Francisco José Simões e que se dedicava à venda de ferragens. A loja situava-se na Rua do Comércio, 28 em Lisboa. De acordo com a factura que refiro, em 1828 a fábrica mantinha-se na Calçada do Cascão enquanto os escritórios ficavam no Largo do Conde Barão, 4, 1º andar. Era seu depositário em Setúbal Afonso H. O’Neill que tinha sede na Avenida Todi.
Para perceber o apogeu e queda desta fábrica temos que ter em consideração vários factores.
O negociante da praça de Lisboa, Henrique Schalck (1816-1875), era figura respeitada, o que levou à sua nomeação em Janeiro 1866 de «Cavaleiro da Ordem Militar de Cristo», por carta existente no Registo Geral de Mercês de D. Luís I. Em 1844 casou com Virginia Charlotte Gerstlacher (1822-1907) de quem teve 7 filhos, e destes, foi o seu filho Fernando (1851-..) quem passou a dirigir o negócio após a sua morte. Virginia era filha de Isabel Maria da Conceição (1801-1876), filha da rainha D. Carlota Joaquina e de D. João VI.
Um dos filhos de Henrique Schalck, Vitor Henrique Schalck recebeu igualmente em 1904 o Grau de Cavaleiro da Real Ordem de Cristo (Registo Geral de Mercês de D. Carlos I). Foi este o encomendador de uma das mais interessantes casas de veraneio da linha do Estoril,  projectada em 1915 por Raul Lino, e cuja construção decorreu até ao início da década de 20. 
Fotografia tirada da internet do site Património Cultural
É provável que tanto as dificuldades no acabamento desta moradia de veraneio, como a aquisição da fábrica por uma empresa concorrente, a Companhia Previdente, em 1917, tenham a ver com uma ordem do Ministério das Finanças de 1916 em que na «Conta corrente dos bens dos inimigos à ordem do Ministro das Finanças», onde são mencionados os bens apreendidos a indivíduos ou empresas de alemães residentes ou com relações comerciais com Portugal, é mencionado o nome de Victor Henrique Schalck.
Para quem estiver interessado em seguir a evolução da Companhia Previdente e, de como o seu destino se tornou a ligar à família O’Neil, deixo o link para o excelente artigo do blog «Restos de Colecção» :

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

O intervalo das criadas

 
Esta bela fotografia surge num livro de recortes (scrap book soa muito melhor, mas evito usar estrangeirismos) e mostra-nos um momento raro de conversa entre duas criadas.
As fotografias não são habituais neste tipo de livros onde predominam os cartões e “papéis” identificados como belos, que contribuem para a estética do conjunto.
Neste, contudo, até rótulos de cerveja antigos aparecem, o que se justifica pelo seu colorido, um tema contrastante com os anjinhos e flores dispersas pelas páginas.
Ao lado desta foto surge uma outra de uma senhora aparentando ser a patroa, o que justificaria a legenda escrita à mão: «As criadas a tagarelar e a patroa vai ralhar...». Este apontamento de humor terá saído, muito provavelmente, das mãos de um elemento mais jovem feminino da família, que era quem habitualmente  fazia estes livros, nos finais do século XIX e início do século XX.