sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Um serviço infantil em forma de palhaço

Este objecto com a forma de brinquedo é na realidade um conjunto em plástico que serve para dar as refeições a uma criança, de forma divertida. Foi feito na década de 1940 nos Estados Unidos e trazido para Portugal por um avô Coutinho que o personalizou para a sua neta Celina Maria, ao mandar gravar o seu nome na barriga do palhaço.
O conjunto ou serviço é composto por 5 peças: um pires azul, uma chávena encarnada, uma taça amarela, um oveiro branco e um saleiro cónico azul. 
Era na altura produzido pela forma Crown Craft Produts, situada em Nova Iorque que usou a expressão «tak-a-part», que não existe, em vez de «take apart», para explicar que é uma peça desmontável.
 Na embalagem o fabricante dizia que o número da patente estava pendente mas na realidade nunca chegou a ser pedido. Talvez isso explique a produção do mesmo objecto na década de 1960 pela firma Monarch Plastics Corp. de St. Albans, NY., idêntico na forma e na embalagem, embora nessa altura o boneco já não apresentasse pinturas.
Palhaço feita pela Monarch Plastics
Um presente que certamente provocou a alegria da sua neta, embora seja de concluir que nunca chegou a ser usado dado o bom estado do palhaço e da embalagem.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

À volta da mesa. Utensílios e práticas (séc. XVIII e XIX)

Começa já no dia 30 de Outubro, na Casa Museu Anastácio Gonçalves, o curso que constará de quatro sessões durante as quais será feita uma abordagem sobre as principais características da mesa nos séculos XVIII e XIX.

Resumo da 1ª sessão:

A importância da mesa
 Neste período a influência francesa foi predominante na mesa, tanto no campo da representação, como nos rituais e utensílios. Estas noções eram trazidas pelos embaixadores representados em França. Esse hábito não foi exclusivo de Portugal e estendeu-se a toda a Europa, como nos mostram relatos nas cortes sueca e dinamarquesa.
Os atoalhados
Pela primeira vez iremos abordar o aparecimento e desenvolvimento dos atoalhados ligados à mesa, em especial as toalhas e guardanapos, tipos de tecidos e formas de utilização, demonstrados em pinturas e em exemplares conservados em museus. 
 Modificação dos espaços das cozinhas, das copas e o aparecimento da sala de jantar 
Sala de jantar do séc. XVIII, Palácio dos Guiões, Lisboa
 O pessoal de cozinha e copa e as principais funções ligadas à mesa 
Cozinha do séc. XVIII, Palácio Pimenta, actual Museu da Cidade de Lisboa
Aqui fica um aperitivo da primeira sessão.

Objecto Mistério Nº 42. Resposta: Suporte para assar frangos

objecto em causa apresenta dimensões demasiado generosas para servir como espremedor de citrinos, embora a sua forma seja a mesma.
Destina-se a colocar um frango para assar apoiando a parte posterior do animal no cone facetado. Devido a esta característica, e segundo disse uma pessoa que respondeu correctamente no facebook, chama-se frango PD ou pédé (para os menos atentos a abreviatura de «pédéraste»).
O prato inferior destina-se a recolher os sucos do assado.
 No exemplar apresentado na resposta a tarefa de descobrir a sua utilidade está facilitada pela presença de um frango em cada uma das asas. Foi por isso que seleccionei o outro objecto. Não se pode facilitar.

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Objecto Mistério Nº 42

Este objecto em cerâmica tem de altura 18 cm e a base circular tem 25 cm de diâmetro.
É um utensílio doméstico de cozinha, mas pode ser levado à mesa.
Para que serve?

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Cascas ou palhada*

 
Com este regionalismo designa-se um tipo de feijão que é seco com a vagem e se destina a ser comido no Inverno em Trás-os-Montes.
Após ser demolhado 24 horas utiliza-se para fazer sopa de carne ou, em alternativa, pode ser escorrido depois de cozido e comido com carne.
Na zona de Bragança come-se a acompanhar o “butelo”, um enchido feito com a bexiga do porco recheada com os ossos tenros do mesmo animal temperados como se faz para o salpicão, passando o prato a ser designado «cascas com butelo». Como a bexiga é única este prato reservava-se para ser comido no dia de Carnaval**.

*Outras designações transmontanas para este feijoeiro de trepa são: «casulas» e «vasas».
**As informações recolhidas forma-me dadas pela minha amiga Adriana Teixeira, transmontana de gema, que para não se perder a tradição plantou já na região de Coimbra, este tipo de feijão.

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Curso «À volta da Mesa. Utensílios e práticas»

Tem início no dia 30 de Outubro o curso acima mencionado que terá lugar na casa Museu Dr. Anastácio Gonçalves, em Lisboa. 
Trata-se de um curso pós-laboral ministrado por mim e terá a duração de 2 horas com um pequeno intervalo a meio. 
Estão programadas 4 sessões, às 5ª feiras, excepto no último dia que será à 6ª feira.
As inscrições estão já abertas e são limitadas ao espaço da sala.
Faço votos para que acham o tema aliciante e compareçam.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Gomes de Sá e o bacalhau de seu nome

José Luís Gomes de Sá, nasceu no Porto, na então chamada rua de Cima do Muro, em 7 de Fevereiro de 1851. Esta rua, situada na frente ribeirinha, que viria a ser designada Rua dos Bacalhoeiros era uma zona comercial onde davam entrada muitos dos alimentos que vinham do sul, transportados por mar e que chegavam pelo rio.
A educação de Gomes de Sá foi feita no domicílio e ainda novo passou a administrar um armazém de comercialização de bacalhau. Um incêndio destruir-lhe-ia o negócio e levou-o à falência tendo então sido acusado de quebra fraudulenta. Valeu-lhe então um amigo que nele confiou e que lhe propôs sociedade. Tratava-se de um conhecido comerciante, estabelecido com loja de fazendas, Bernardo da Silva Dâmaso. A sociedade que passou a designar-se Dâmaso & Cª, Ltd, ficava situada na rua Cândido dos Reis e só terminaria com a morte de Gomes de Sá, em Março de 1926. É provável que a sociedade tivesse mudado de local porque em 1905, foi feito por esta firma uma pedido para construir um prédio no novo bairro das Carmelitas, em frente às Galerias de Paris, actual nome da zona e que em 1903 havia sido planeada para receber uma cobertura de vidro.
Rua Galeria de Paris, Porto. Fotografia tirada da internet
Gomes de Sá, para além de ter sido comerciante de bacalhau, foi um gastrónomo e assim o descreveu na sua biografia o Frederico António Ferreira de Simas (1872 -1945), oficial de artilharia do Exército que durante a Primeira República Portuguesa foi Ministro da Instrução Pública e mais tarde Ministro do Comércio e Comunicações. Ferreira Simas teve intervenção em várias outras instituições, mas é aqui mencionado por fazer parte do «Circulo Gomes de Sá». Tratava-se de uma instituição de beneficência lisboeta, de que nada consegui esclarecer, mas que se reunia às 6ª feiras para um almoço onde os sócios comiam bacalhau à Gomes de Sá, na década de 1940.

Gomes de Sá era um apreciador de pastéis de bacalhau, chamados no Porto «Bolinhos de bacalhau» e foi com base nessa receita que imaginou o bacalhau que tomaria o seu nome. Ao suprimir a farinha, escalfar o bacalhau no leite, realçando o seu gosto com a cebola alourada às rodelas e passando o ovo a ser cozido, criou um novo prato. A mistura dos vários elementos com azeite e a indispensável ida ao forno para homogeneizar os sabores fez o resto.
A receita entregou-a o autor ao proprietário do «Restaurante Lisbonense», que ficava na Rua Sá da Bandeira, no Porto, com a recomendação de nada alterar. Tenho para mim que o erro mais crasso e que mais altera esta receita é o facto de alguns restaurantes não levarem o prato ao forno, o que o transforma numa mistura sem alma.

Este texto, recordando Gomes de Sá, é uma pequena forma de agradecimento por ter criado uma das formas de apresentar bacalhau que mais aprecio.

Esta receita de bacalhau não ficou sendo mais uma das «Cem maneiras de cozinhar bacalhau», mas uma das mais saborosas e preferidas pelos portugueses, entre os quais me incluo.

domingo, 12 de outubro de 2014

Palestra: «Seguir os conselhos de Hipócrates...»

No dia 16 de Outubro, Dia Mundial da Alimentação, vou falar em Coimbra sobre "Nutrição e Cancro".  
Sob o título «Seguir os conselhos de Hipócrates...» farei uma abordagem histórica, seguida de conceitos teóricos e conselhos práticos. Irei mostrar com Hipócrates, no século IV aC, estava certo e o seu discurso era actual.
A palestra terá lugar no Instituto Justiça e Paz e terá início ás 18,30.
Para quem viver em Coimbra e lhe interessar o tema apareça porque a entrada é livre.

sábado, 11 de outubro de 2014

Exposição: "Vamos pôr tudo em pratos limpos"

Já inaugurou a exposição sobre pratos no Centro de Artes Culinárias, em Lisboa. A entrada é livre.
Não deixem de ir ver algumas interessantes amostras deste tema infindável e curioso.

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Palestra «A Ginjinha de Lisboa»

 
É já este sábado dia 12 de Outubro, às 15 horas, que vou falar sobre este tema no «Grupo Amigos de Lisboa».

A sessão tem lugar na sede da associação na Rua Portugal Durão, 58 A, paralela à Rua da Beneficência e ao lado do Mercado Municipal do Rego, em Lisboa. 

Embora seja dirigido aos sócios a entrada é livre e portanto quem estiver interessado pode aparecer.

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

II Colóquio de Olisipografia - LISBOA NA RUA

A 23 e 24 de Outubro no Auditório CGD do ISEG, a Câmara Municipal de Lisboa apresenta o II Colóquio de Olisipografia sob o tema “Lisboa na Rua”.

Eu estarei presente no dia 23 para falar sobre:

«A rota dos licores na Baixa Lisboeta»

Durante o colóquio serão apresentadas comunicações que retratarão as várias formas de ocupação do espaço público lisboeta, agrupadas em 4 painéis temáticos: Estar/Desenhar, Pintar/Fazer, Dançar/Passear e Prevaricar/Vigiar.

Local: Auditório CGD | Instituto Superior de Economia e Gestão
Rua do Quelhas, nº 6, LISBOA
Datas: 23 e 24 de Outubro de 2014
Entrada Livre | Inscrição obrigatória até dia 13 de Outubro
Destinado ao público em geral sujeito a inscrição prévia para dmrh.ddf@cm-lisboa.pt.

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Um fruta exótica: a pitaia

Vi este este fruto pela primeira vez há alguns anos num mercado aberto em Viena de Áustria e despertou-me a curiosidade pela sua beleza. Reencontrei-o agora no mercado da Ribeira e não resiste a experimentá-lo.
Fotografia tirada da internet
A planta que dá esta fruta pertence à família dos cactos e o seu nome botânico é Hylocereus undatus. A pitaia vermelha tem dois tipos: a de polpa roxa e a de polpa branca, mas ambas apresentam no seu interior múltiplas sementes dispersas. Existe também uma variedade de casca amarela (Selenicereus megalanthus), que parece ser mais adocicada, mas que não experimentei.
É um fruto nativo da América Central onde se sabe existir desde o século XIII, mas presentemente é sobretudo produzida no Vietname e na Malásia. À Europa chegou na década de 1990 e pelos vistos chegou agora a Portugal ou só agora eu dei por ela.
Há quem diga que o sabor é uma mistura de melão e kiwi, mas devem ser papilas gustativas muito delicadas, porque a mim não me soube a nada. A grande beleza exterior do fruto, designada dragonfruit em inglês (fruto do dragão, devido ás escamas), contrasta com o seu sabor (ou ausência) e é por isso que tem sobretudo utilidade como fruta decorativa. São-lhe atribuídas inúmeras propriedades medicinais, além de ter altos níveis de vitamina C, fibras e anti-oxidantes.
Mas voltando à terra, é um fruto caro (14 euros o kg, o que dá quase 4 euros um fruto) e, a não ser que se seja fanático das suas propriedades naturais, aconselho o seu uso em doces, como gelatinas ou gelados, em que sobretudo as de polpa vermelha permitem fazer camadas de cor contrastante e surpreendente. Mas não há como experimentar.