segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Licores na Fundação Marquês de Pombal

No próximo sábado às 16 horas vou falar sobre a história dos Licores na Fundação Marquês de Pombal, que fica no Palácio dos Aciprestes em Linda-a-Velha e que provavelmente muitos ainda não conhecem.
Para quem gostar deste tema,  que é mais vasto e interessante do que podem imaginar, fica o convite.
Vão poder experimentar o «Licor Eduardino» da Casa Ginjinha sem Rival ou Ginjinha das Portas de Santo Antão.
Confirmação das incrições para o mail:
palestrasetal@gmail.com

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Ler em voz alta

Harald Hoffding a ler em voz alta para os seus amigos em sua casa. Viggo Johansen, 1899.
Ontem foi o dia da escrita à mão, uma "inventona" dos tempos da escrita em computador. Um dia destes criam o dia da leitura, uma vez que se lê cada vez menos. Estas ideias surgiram-me ao folhear um livro dinamarquês em que a história do país era contada com imagens, através de quadros de vários pintores. 
Spren Kierkegaard a ler nas ruas de Copenhaga. Valdemar Neiiendam, 1936.
Surpreendeu-me a quantidade de pinturas, num livro de cerca de 100 páginas, em que a leitura era visível. Leitura a solo, a mais frequente, mas sobretudo a partilhada. Isto é a leitura em alto para os outros ouvirem.
Leonora Cristina, filha de Carlos IV da Dinamarca na Torre Azul. Kr. Zarhtann, 1891.
Ainda hoje os pais lêem histórias aos filhos, mas entre os adultos esse hábito perdeu-se. 
Hans Andersen a ler para uma criança doente. Elisabeth Jerichau-Baumann, 1865.
Durante os séculos XVIII e XIX eram frequentes os salões literários, em que as pessoas se juntavam para ouvir alguém ler. As senhoras idosas, que já viam mal, pediam às suas damas de companhia para lhes lerem passagens dos seus livros preferidos.
J.P. Jacobson a ler em voz alta um dos seus contos na Sociedade Alfabética. Erik Henningsen, Séc. XIX.
No século XX ser «diseur» tornou-se uma profissão. O nosso mais famoso diseur foi João Villaret que transformava os textos como ninguém. Mais recentemente Mário Viegas, falecido em 1996, tornava um prazer ouvi-lo «dizer», ou declamar como é mais frequente dizer-se.
Fru Gyllembourg a ler uma das suas histórias ao filho e mulher com quem vivia. Wilhelm Marstrand, 1870.
Um texto declamado por uma pessoa pode valorizá-lo tornando o seu sentido mais forte ou belo, ou pode ser assassinado, tirando-lhe a força. É uma arte difícil para a qual cada vez menos pessoas têm propensão. No lançamento do último livro da minha amiga Sofia Loureiro dos Santos, «Prosa Bíblicas», a atriz Natália Luíza leu muito bem os poemas presentes no livro. Tal como Pedro Lamares no programa Literaturaqui na RTP2, que ainda ontem vi.
O livro entreaberto mostra que na doença é boa companhia. Wilhelm Marstand, 1864.
Mas estas referências são de momentos públicos, profissionais. As imagens que me fizeram acordar para outra realidade, já perdida, são de momentos privados, no seio da família ou dos amigos, em que uma das pessoas assume o papel de leitor. Era uma forma de passar o tempo agora substituída pelas imagens da televisão.

Mostro aqui algumas dessas imagens seleccionadas do referido livro, mais frequentes num país em que se vivia mais no interior da habitação, mas seguramente também mais culto.

sábado, 13 de janeiro de 2018

Como transformar um chèvre num cabreiro

Existem vários tipos de queijo de cabra. Entre nós o chamado «chèvre» é um queijo de pasta mole, de forma cilíndrica, envolvido numa película acinzentada que resulta da acção de bolores no exterior e é a este que me refiro.
Queijo da Quinta da Maçussa. Foto do site da Câmara dea Azambuja.
Foi Adolfo Henriques da Quinta da Maçussa quem primeiro o produziu em Portugal, há mais de 12 anos. Agora pode encontrar-se já em todos os supermercados feitos industrialmente. O prazo de consumo não é muito alargado e depois dessa data sucede-lhe o que sucede a todos os queijos: seca. Já me tinha acontecido antes, mas desta vez deixei-o secar mais tempo. Com surpresa, quando o fui comer soube-me a queijo cabreiro.
Esta afirmação aparenta nada ter de especial. Parece mesmo lógica, mas acontece que me soube ao queijo cabreiro da Beira Baixa que eu comia em miúda, também designado queijo picante, ou chulé devido ao cheiro intenso. 
Foto tirada da internet
O meu pai era um grande apreciador de queijo e não terminava uma refeição sem comer queijo. À mesa vinham sempre várias qualidades de queijo mas para este existia um ritual próprio. Como era muito intenso só se cortava um bocadinho e depois como dizia o meu pai «tinha que se acertar o pão com o queijo». Esta manobra transformava-se por vezes num jogo: um pouco mais de pão, um pouco mais de queijo. Nos últimos anos quando a ASAE começou a entrar nas queijarias os métodos de produção deste queijo mudaram. Vezes sem conta o meu pai explicava porque o queijo cabreiro já não era tão bom. Dantes era amadurecido sobre palha que era humedecida e o queijo ia na realidade apodrecendo. Ficava com uma cor cinzenta e um cheiro e gosto intensos. Quando foi proibida a palha este amadurecimento passou a ser feito com sal.
Há uns anos ainda comprei um que no início era saboroso mas depois começou a formar cristais de sal no exterior e deixou de se poder comer. Uma das últimas vez que fui a uma queijaria na Beira Baixa comentei este assunto com a queijeira e disse-lhe que já não valia a pena comprar queijo cabreiro. Disse-me então que ia buscar um diferente que fazia para a família. Lá comprei o queijo que era fortíssimo e do qual só se podiam comer pequenos pedaços. Quando alguém comia cá em casa oferecia um bocado do queijo e as pessoas nem sabiam como comentar. Para o fim acho que estava já putrefacto e acabei por o deitar fora porque se tinha tornado indigesto.
Depois desta descrição compreenderão o motivo deste título. O chèvre seco naturalmente soube-me ao antigo queijo cabreiro e foi uma agradável surpresa. Já está outro a secar. Vamos a ver se me saio bem desta vez, porque não sei se  o reultado foi uma questão de tempo ou de marca de queijo. Experimentem.

segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Mesa Real na Mercearia Santana


Sábado, dia 13 de Janeiro, às 15 horas, vai ter lugar na Mercearia Santana, situada em Sacavém, na Rua Almirante Reis N.º 41-43, uma palestra feito por mim sobre «Mesa Real».
A Mercearia, tal como a casa de habitação,  está musealizada e apresenta periodicamente acções de dinamização a cargo do Museu de Sacavém.
 Estão convocados para conhecer o espaço e ouvir a conferência neste local improvável para manducagens reais (espero que a palavra esteja bem escrita).