terça-feira, 27 de abril de 2010

"Shaken not stirred". O Vodka Martini de James Bond

“Agitado e não mexido” era a frase utilizada por James Bond para explicar de forma sucinta as suas preferências no que respeitava ao Martini.

O famoso agente 007 utilizou esta expressão pela primeira vez no filme «Os diamantes são para sempre», em 1956, e voltou a utilizá-la posteriormente noutros filmes.

Ainda hoje, em alguns bares, um Martini agitado no “shaker” é conhecido por Martini à James Bond ou 007.

É provável que esta preferência de James Bond se devesse ao facto de apreciar a bebida bem gelada, mas esta forma de apresentação nunca foi consensual e há quem pense precisamente o contrário. Como em tudo na vida.

Entretanto, para recordar essa frase, na sequência lógica do post anterior, aqui fica um apanhado dos momentos em que James Bond expressou a sua preferência.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Objecto Mistério Nº 16 - Resposta: Vareta misturadora para cocktail

Os objectos mostrados são constituídos por um conjunto de seis varetas misturadoras para cocktail.
O mais interessante é que as mesmas têm uma base de apoio em metal e madeira que permite colocar as varetas após a sua utilização, evitando assim manchar a mesa. E para impedir que a vareta rode, e saia da colher, cada uma delas tem um dispositivo magnético que a faz aderir à base. A sua forma e o desenho da caixa sugerem que são dos anos 20-30. Não estão identificadas e foram adquiridas em Amesterdão. As suas dimensões pequenas (10 cm) mostram que eram usadas em copos de cocktail também designados por copos de Martini. A sua forma é cónica e leva cerca de 250 ml de líquido. Assenta num pé alto, que permite segurar a bebida e evitar que esta aqueça e este, por sua vez, assenta numa base achatada.
Para a realização de cocktails usam-se mais frequentemente os copos misturadores (shakers), onde se introduzem os vários tipos de bebidas, ou sumos, que se pretendem misturar e os cubos de gelo. Agitam-se e passam-se por um coador (straine) ou, nos casos em que o copo misturador tem coador, utiliza-se este.
O Martini é servido do mesmo modo, mas há quem o prefira apenas mexido. Nesse caso usa-se uma vareta misturadora. No entanto as coisas complicam-se quando os copos misturadores têm no seu interior uma vareta misturadora. Nesse caso não é necessário agitar o copo mas apenas carregar no botão.
Mostro-lhes um exemplo de um copo misturador, em vidro, embora os profissionais os utilizem habitualmente em metal.
Este “shaker” é de origem japonesa, provavelmente dos anos 70, com desenhos de automóveis antigos a preto e tem no seu interior uma vareta que funciona com uma pilha na extremidade. Carrega-se na tampa e o contacto com a vareta põe esta em funcionamento. A minha maior dificuldade foi tentar utilizar os termos correctos relacionados com os acessórios de cocktail em português, o que é sempre uma das minhas preocupações. Optei pela "vareta misturadora", mas estou pronta a reconhecer que existe algum termo mais adequado, se algum especialista na área achar que me deve corrigir.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Objecto Mistério Nº 16

O objecto mistério que apresentamos é um conjunto de 6 objectos idênticos, acondicionados em caixa de papelão forrada de papel.

Cada um dos conjuntos tem uma dimensão de cerca de 10 centímetros.

Datam da época de 1920-30.

Não me é possível adicionar mais nenhuma informação, sob o risco de tornar demasiado fácil este desafio.

De que se trata?

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Uma caixa de CUTELARIAS CASTELO

Ao mexer em caixas encontrei esta bela embalagem de talheres. Com um grafismo de características nacionalistas deve corresponder à primeira metade do século XX.

Não consegui obter qualquer informação sobre a "Fábrica Castelo" de Guimarães, apesar das iniciais SM.
Como a achei muito interessante aqui ficam as imagens, na esperança de que alguém tenha alguma informação sobre a mesma.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

O Tratado Completo de Cozinha e de Copa de Bento da Maia

Um dos livros mais interessantes de culinária do início do século XX é o “Tratado Completo de Cozinha e de Copa".
Identificado como sendo da autoria de Carlos Bento da Maia, trata-se na verdade de um pseudónimo de Carlos Bandeira de Melo. A primeira edição data de 1903 e foi feita em fascículos semanais.
Foi precisamente o facto de ter chegado às minhas mãos o folheto publicitário de divulgação prévia da obra que me entusiasmou a escrever sobre ele.
Carlos Bento da Maia é identificado como sendo o autor de “Elementos D’Arte Culinária”, obra que desconheço por completo. Este livro é descrito como um «pequenino e modesto volume que o público acolheu com extraordinário favor, esgotando em curto prazo uma edição de alguns milhares de volumes». Poderá tratar-se da mesma obra que mais tarde foi publicada pela Guimarães & Cª Editores e de que possuo apenas a edição de 1982?.
A primeira edição é normalmente referida como sendo de 1904, mas penso que esta é a primeira edição em forma de livro, após a publicação em fascículos «para que fique ao alcance das bolsas menos abastadas». Cada fascículo semanal de 16 páginas custava 40 réis. Cada um destes fascículos tinha uma capilha com uma gravura de cozinha diferente da que aparece depois no livro. É a representação de uma cozinha mais antiga, com quatro criadas em várias funções, substituída depois por uma gravura em que se observa apenas uma criada jovem frente a uma chaminé e com uma mesa de cozinha central. A estas edições, consideradas como primeiras, segue-se uma segunda edição em 1921, ampliada, e uma nova edição em 1947. Contudo algumas publicações não têm data o que dificulta a identificação. Modernamente surgiram novas edições em 1975, 1982 e em 1995, esta última considerada como 2º edição pela D. Quixote.

Mas quem era Carlos Bandeira de Melo? Os próprios editores referiam que o nome de Carlos Bento da Maia encobria um nome ilustre. Tratava-se do general Bandeira de Melo que esteve à frente do Asilo da Ajuda.
O Asilo da Ajuda era uma «Sociedade protectora dos órfãos desvalidos das vítimas da cholera morbus em 1855 e da febre amarela em 1857» (ANTT, Arquivo Burnay, Correspondência, cx.35, nº18) e esteve sob a protecção da Rainha Maria Pia.
Bandeira de Melo foi um dos seus directores (Alfredo Alves. Asilos femininos. II. Anais..., 1913, 7-8, 246-7).
No final do século XIX e início do século XX existia uma grande preocupação com a necessidade de implementar a educação popular. Foi assim que surgiu a Universidade Popular, cursos de formação variados e também várias publicações educativas.

Em escolas especiais, como foi o caso do Asilo da Ajuda, o ensino das donas de casas foi considerado modelar. Estes conceitos estavam também integrados nas preocupações com a Economia Doméstica que dava os seus primeiros passos em Portugal.
Na pessoa do General Bandeira de Melo concretizou-se a melhor forma de ensino.
Como afirmou Alfredo Alves, tratava-se de «uma alta competência no assunto; os seus livros de cozinha e de corte publicados com o pseudónimo de Carlos Bento da Maia dão-lhe um lugar de destaque entre as pessoas que se têm dedicado ao ensino doméstico». Referia-se aqui a uma outra obra sua, o «Tratado Elementar de risco e corte de roupa. O mais completo, rigoroso e prático publicado em Portugal».
Mas aquilo que mais se evidenciava na sua obra era «a paixão pela vulgarização dos conhecimentos de utilização imediata, tornando-o assim um verdadeiro apóstolo da educação da mulher do povo».
Dito isto, falaremos sobre a obra numa outra oportunidade.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Museu Virtual: Caixa de Especiarias

Nome do Objecto: Caixa de especiarias

Descrição: Caixa em folha de Flandres, pintada de preto exteriormente e de laranja no interior. Dimensões 17.5 x 10.5 x 5.5 cm assente em quatro pés em bola. Tem seis divisórias quadradas com uma tampa comum onde se pode ler em letras maísculas de cor grenat: Allspice, Cloves, (ilegível), Cinnamon, Nutmeg, Ginger. Na tampa, articulada, encontra-se um pequeno ralador.
Material: Folha de Flandres pintada

Época: Século XIX

Marcas: Não tem

Origem: Mercado inglês
Grupo a que pertence: Equipamento culinário

Função Geral: Recipiente para guardar ou transportar comida

Função Específica: Guardar especiarias

Nº inventário: 287

Objectos semelhantes: A descrever posteriormente.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

A apresentação do meu Museu virtual

O sonho de ter um Museu dedicado às artes da mesa e à cozinha é acalentado por mim desde há vários anos. Para isso tenho adquirido ou guardado objectos que possam servir como exemplos de uma determinada função para uma determinada época.
Não se trata de objectos valiosos, para os quais não tenho capacidade económica e que estão visíveis em muitos museus. São sobretudo objectos úteis, daqueles que, precisamente por não terem grande valor, são deitados fora ou deixados esquecidos em armários ou gavetas. Muitos deles já não se sabe para que serviram e outros já estão esquecidos.
As coisas vão se acumulando (infelizmente é a palavra correcta) por incapacidade de encontrar um local ou apoio monetário para apresentar e manter as peças. Com a crise económica, a que já devíamos estar habituados, as Câmaras e as empresas têm agora mais dificuldade e sobretudo mais desculpas para não dar qualquer apoio.
Assim, como boa portuguesa, continuo à espera, que me saia o Euromilhões. Até lá, e porque tal não deve acontecer tão depressa, decidi fazer um Museu Virtual.
Debrucei-me durante algum tempo sobre um Thesaurus adequado para a classificação das peças. Cheguei a falar com duas amigas minhas, que trabalham em museus, para fazermos esse trabalho, mas nunca chegamos a concretizá-lo por falta de tempo meu.
Tenho no entanto uma classificação feita por mim que se baseia na realizada em França para inventariação do património, que deve ser a melhor, e numa outra americana. Também aqui, à boa maneira portuguesa, adaptei-a e “melhorei-a”. Ficou mais complexa, mas também mais completa e não está acabada, mas será essa que vou usar.
Nela se classificam os objectos primariamente pela sua função geral e depois pela função mais específica.
Fiz fichas que irei apresentar com os objectos e que serão modificadas à medida que for detectando erros.
Os objectos mistério fazem parte desse conjunto, mas outros, nada misteriosos como guardanapos de papel, papel de embrulho de pastelarias, caixas de doces, folhetos de electrodomésticos ou publicitários estão também incluídos.
Inicio assim o meu Museu. Na ausência de espaço real fica suspenso no ciberespaço.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Entrevista sobre o livro «Receitas e Truques para Doentes Oncológicos»

Era minha intenção apresentar um vídeo da entrevista que me foi feita pela Fátima Lopes.
Penso que se tratou de uma boa forma de divulgação do meu livro "Receitas e Truques para Doentes Oncológicos".
Pretende apenas ser uma fonte de informação para os doentes ou familiares que se interessem pelo assunto.
É um abrir de páginas para quem tiver a curiosidade de saber sobre o que o livro fala.
Na impossibilidade de incluir o vídeo, por falta de geito meu, ou dificuldades técnicas, aqui fica o link.

http://sic.sapo.pt/online/video/programas/vida-nova/2010/3/receitas-e-truques-para-doentes-oncologicos10-03-2010-18239.htm

quinta-feira, 1 de abril de 2010

O cordeiro Pascal

O cordeiro é o símbolo mais antigo da Páscoa.
A festa cristã da Páscoa tem origem na festa judaica, que é conhecida por Pessach, que em hebraico quer dizer passagem, referindo a passagem do anjo da morte. Têm contudo significados diferentes.

Enquanto para os cristãos representa a ressurreição de Cristo, para os judeus, descendentes dos hebreus, comemora a saída destes do Egipto, onde eram escravos.
Um anjo enviado por Deus feriu de morte todos os primogénitos egípcios. Assustado, o Faraó aceitou libertar o povo de Israel, o que levou ao Êxodo (Shemot).
Como recordação desta libertação e do castigo de Deus sobre o Faraó foi instituído, para todas as gerações, o sacrifício de Pessach. Desta comemoração judia faz parte a refeição, o seder, que inclui um cordeiro assado, pães ázimos, isto é, sem fermento, para lembrar a pressa com que abandonaram o Egipto e ervas amargas, como o rábano, como símbolo do sofrimento do povo no deserto. Para realçar a importância desta refeição a mesa deve ser posta com as melhores louças e adereços e durante ela deve ser lida a história do Êxodo, para que não possa ser esquecida.

No Novo Testamento a figura de Cristo identifica-se com a do Cordeiro de Deus ou Cordeiro Pascal, pelo seu sacrifício.
Na pintura, como acontece na de Josefa de Ayala, mais conhecida por Josefa de Óbidos, esse cordeiro pascal, inspirado no cordeiro de Zurbaran, foi representado de várias maneiras, mantendo sempre um significado simbólico. Do ponto de vista prático, na tradição católica, manteve-se o costume de comer cordeiro, na maior parte das vezes substituído por cabrito, no Domingo de Páscoa.
Outros símbolos como os ovos, o coelho ou as amêndoas são mais tardios e têm significados diferentes.

Votos de uma Feliz Páscoa, independentemente do que significa para cada um de nós.