quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

Boas Festas 2022-2023

 

A escolha de um cartão adequado para formular votos de Boas Festas não é fácil.

Comecei a guardá-los quando há alguns anos percebi que estavam em vias de extinção. Agora já se contam pelas centenas (uma forma modesta de dizer milhares), divididos em duas grandes temáticas: pessoais ou familiares e de empresas. De todos eles selecionei os mais interessantes que têm lugar em pastas, enquanto os outros se acumulam em caixas.

Quando chega o Natal a escolha depende do aspecto gráfico mas também da minha disposição. Este ano não me apetecia usar um artístico,  ou um romântico do século XIX, nem um dos anos 70 que tem anjinhos papudos que, embora bonitos, sentimos que não passou ainda tempo suficiente para os recuperarmos.

A escolha deste Pai Natal a partir da Lapónia num OVNI, em vez da clássica rena, pareceu-me adequada. Parece confuso, mas não tanto como uma imagem que este ano surgiu nas redes sociais de uma montra de uma loja no Japão com um Pai Natal, de fato completo, pregado numa cruz, acompanhado do comentário: “ Não perceberam o que era o Natal, pois não?”.

Bem, este é um postal simples e bem disposto que serve para desejar a todos um Feliz Natal e um Ano de 2023, cheio de sorrisos.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

Museu virtual: Galheteiro em vidro.

 


Nome do Objecto: Galheteiro.

Descrição: Galheteiro de duplo depósito com as galhetas invertidas, em forma de bolas, assente num pé e com uma base circular.  Esta apresenta um raro rebordo interno invertido.

 Material: Vidro soprado.

 Época: Séc. XVIII.

 Marcas: Não tem. Provavelmente Marinha Grande (Fab. Stephens?)

 Origem: adquirido no mercado português.

 Grupo a que pertence: equipamento culinário.

 Função Geral: Equipamento para Servir e Consumir a Comida.

 Função Específica: Acessório de serviço, destinado a servir azeite e vinagre à mesa.

Nº inventário: 4739.

Objectos semelhantes: Não existem idênticos nesta colecção .

Observações: 

Estes objectos duplos, com esta função, parecem ter existido mais nos países mediterrâneos em que o consumo do azeite era maior. Modelos semelhantes não estão presentes nos países anglo saxónicos. Em Portugal foram produzidos no séc. XVIII, pela Fábrica de Vista Alegre e na Marinha Grande, com pequenas diferenças.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2022

Infantilidades 01

 

Quando acrescento ao título um número faço prever que voltarei ao assunto. Mesmo que não esteja directamente ligado à alimentação diz respeito ao quotidiano, de que muito aprecio recordar histórias ou momentos.

Neste caso a memória tem a ver com o mundo da infância, de que mantenho  acesa uma viva curiosidade e nostalgia. Isso faz com que não resista aos livros infantis antigos, de que tenho um número considerável e que trato com carinho, inclusivamente mandando encadernar os mais delicados com pano de chita com riscas cor de rosa e pequenas florinhas.

Desenhos de Laura Costa

O mesmo se aplica a outros objectos antigos de brincar (claro que os de cozinha são os preferidos).

Mas existe um outro tema que se integra no que eu chamo de forma genérica “Panos” e onde se incluem muitos bordados infantis. Outro tema é o dos lencinhos de mão. Se os do final do século XIX e início do século XX eram delicados, com bordados e rendas, os que são verdadeiramente encantadores, para mim, são os dos anos 50-70.

Comecei a guardar os meus próprios lenços da juventude e fui aumentando a colecção. Este, que mostro agora, é novo e o motivo é encantador.

E não posso mostrar mais nenhum porque estão acondicionados em caixas num armazém. Um dia virão à tona. Para já fica este, embora já velho e que necessitou de um pequeno restauro.

terça-feira, 29 de novembro de 2022

Convite

 Lançamento na Biblioteca da Covilhã, dia 2 de Dezembro, às 18 horas. 

Sejam bem vindos!

quinta-feira, 24 de novembro de 2022

Queijadas da Ilha Graciosa

  

Espalhadas pelas belas encostas da Ilha, alternando com paisagens que parecem saídas de um quadro de João Hogan,  podem observar-se manadas de vacas que pastam calmamente. Chama à atenção a diversidade de cores: malhadas pretas e brancas, castanhas e brancas ou castanhas, numa mistura agradável à vista. São vacas leiteiras responsáveis pela grande quantidade de leite produzido que, na grande maioria, é exportado para outras ilhas. Na ilha é consumido em parte e transformado em manteiga e queijo, o célebre queijo da Graciosa que compete com o de outras ilhas dos Açores e que alguns dizem ser superior ao de S. Jorge.

O leite serve igualmente para fazer as Queijadas da Graciosa que antigamente eram designadas por “covilhetes de leite” ou “queijadas da praia”. Feitas no domicílio passaram, desde há cerca de 25 anos, a ser produzidas como especialidade  local por Maria de Jesus Félix que abriu uma fábrica para a produção das mesmas. Mas é possível encontrar outras idênticas em vários pontos da ilha.

A receita é conhecida e presumo que seja muito idêntica nos vários locais, porque nas que provei localmente não encontrei diferenças significativas. À vista são queijadas de bicos, habitualmente cinco, feitas com uma massa fina, levemente franjada nas extremidades. Lá dentro um creme de leite bem apurado, que lhe dá uma cor escura e que é extremamente doce.

Fiquei a pensar que, embora do ponto de visto teórico, seja bom manter as receitas tradicionais,  na realidade, hoje  em dia, o nosso paladar já não está habituado a uma quantidade tão grande de açúcar. Dito de outra maneira, entre o rigor escrupuloso da receita tradicional e os conceitos de alimentação actuais (menos sal, menos açúcar, etc.) há que optar pela adaptação aos hábitos mais saudáveis dos nosso tempos. Assim, apesar do meu interesse pelas antigo receituário de culinária, parece-me aconselhável reduzir a quantidade de açúcar da receita, que faz estranhar o paladar dos não autóctenes. E se eu sou gulosa!

quarta-feira, 16 de novembro de 2022

Guimarães desconhecida


 Na última ida a Guimarães tive o prazer de descobrir a Zona dos Couros, cuja visita nos transporta ao passado.

Situada num local central, recuperado pela Câmara de Guimarães, surpreende pela sua beleza e extensão. Interrogamo-nos como é possível estar ali tão acessível e não termos tido conhecimento da sua existência, apesar das múltiplas visitas feitas anteriormente à cidade.

Esta zona situava-se fora das antigas muralhas e é atravessa pelo rio do mesmo nome (ribeiro de Couros) que nos passa debaixo dos pés, em várias linhas de água, que vemos correr hoje com uma limpidez que não teria antigamente. Persistem ainda extensos vestígios da que foi a importante manufactura das peles, com habitações especiais e múltiplos tanques onde as peles era mergulhadas, desde a Idade Média.

Os edifícios que foram fábricas onde se transformavam as peles de gado bovino em couros, com os seus típicos secadouros e tanques de tinturaria, são hoje, após a sua recuperação  ocupados pelo o Centro de Formação Avançada e Pós-Graduada, o Centro de Ciência Viva,  o Instituto de Design e até uma  Pousada da Juventude.

Impressionam os numerosos tanques em granito, onde em tempos se mergulhavam as peles, e que formam conjuntos extensos que se estendem por várias áreas.

Entrando por um portão de madeira entramos no que hoje se chama o Centro de Ciência Viva. Lá dentro situava-se o conjunto de habitações da Ilha do Sabão e uma antiga fábrica Âncora. No seu interior podem ver-se grandes mesas de pedra, sendo as fachadas cobertas por ripado de madeira que permitia estender no interior as peles e  secá-las. Ao entrarmos sentimo-nos regressar ao passado e, não sei porque razão, senti-me na Flandres, local onde nunca estive.

O sabão, tal como o sebo e a cola, eram extraídos da gordura das peles e transformados depois em produtos indispensáveis à vida quotidiana.

No passeio pela zona são também visíveis restos de fábricas, em pedra, de grandes dimensões, que foram empresas importantes nos séculos passados e  que foram abandonadas com o declínio desta industria em meados do século XX.

Se em Guimarães já havia tantos locais históricos para visitar, este antigo conjunto industrial, tão bem conservado, merece ser conhecido  e mencionado neste blogue, apesar de me obrigar a sair da temática habitual. Mas valeu muito a pena esta viagem no tempo.

quarta-feira, 9 de novembro de 2022

Conferência: “A encenação da mesa” no Museu da Graciosa

 

No próximo dia 13 de Novembro vou fazer uma conferência no Museu da Graciosa, em Santa Cruz, nos Açores, que tem sempre uma actividade cultural intensa.

Para quem conhece várias ilhas dos Açores como eu, mas nunca visitou a Graciosa, devo dizer que pertence ao grupo central e que fica mesmo numa pontinha.

Para explicar melhor mostro aqui as ilhas dos Açores, bordadas num pano de tabuleiro que, por coincidência, encontrei há poucos dias. É engraçado como tudo se une.

 

quarta-feira, 2 de novembro de 2022

Convite: Caldos, Sopas e Potagens

 


Convite para assistir à conferência "Caldos, Sopas e Potagens" integrada nos festejos de Guimarães, Minho Gastronómico - "Caldos e Carnes".

Terá lugar no dia 5 de Dezembro, às 11 horas no Museu Alberto de Sampaio e após a palestra iremos visitar as peças existentes no acervo do Museu relacionadas com o tema.

Vai valer a pena. 

Pessoalmente já aprendi muito a preparar a conferência.

terça-feira, 25 de outubro de 2022

As criadas

Esta publicidade, que não é fácil de interpretar tal o sentido humorístico da mesma, foi publicada na revista O Senhor Doutor, em 1937.

Na verdade esta revista é mais um jornal e foi publicada entre 1933 e 1944, isto é, em pleno Estado Novo. Sob a direcção de Carlos Ribeiro era um semanário para crianças e nele colaboraram muitos autores e ilustradores da época.

Neste caso o desenho é da autoria de Francisco Valença (1882-1962), um prolixo ilustrador e caricaturista português. Começou a sua actividade como director da revista O Chinelo, ao lado do humorista André Brun e participou depois em várias publicações como em O Gafanhoto, Ilustração Portuguesa, Diário de Notícias Ilustrado, O Comércio do Porto Ilustrado, e Sempre Fixe, entre outros.

Neste jornal O Senhor Doutor surge como um anúncio em que se mencionam as características de três tipos de criadas: a recém-chegada da província; a criada fina, lida e cinéfila, a mais cara e a e a criada fiel, confidente e fixe, a mais barata.

Na realidade esta criada para todo o serviço é um telefone, com o corpo esguio e o feitio usual na época, identificável por quem se lembra ainda destes modelos. E para se obter mais informações podiam-se pedir esclarecimentos à Companhia dos Telefones.

Já anteriormente falei na minha dificuldade em acompanhar o humor do século XIX. Neste caso devo dizer que, à primeira vista, pensei tratar-se de um verdadeiro anúncio a criadas, mas estranhei o endereço para dar informações. Isto leva-me a concluir que também a interpretação do humor início do século XX  nem sempre é fácil.

É isso que torna a História do quotidiano tão difícil. Temos que recuar no tempo e pensar como se estivéssemos no passado. 

quinta-feira, 13 de outubro de 2022

Convite: Lançamento do livro

 A todos os que se interessarem por este tema venho convidá-los para o lançamento do meu último livro Luís de Sttau Monteiro Gastrónomo, que terá lugar na Livraria Ferin, em Lisboa, no próximo dia 20 de Outubro, às 17 horas.

A apresentação estará a cargo do crítico gastronómico Fortunato da Câmara e falará também o Jorge Silva que foi o designer da obra, onde fez um excelente trabalho.

Eu falarei como editora e autora (dois em um, mas de forma breve) procurando ser sucinta como é meu hábito.

Espero contar com a vossa presença.Será uma boa oportunidade para nos tornarmos a ver, ou para nos conhecermos.

P.S: Como diz no convite farei uma pequena exposição com vários exemplares da obra de LSM.

quinta-feira, 15 de setembro de 2022

Luís de Sttau Monteiro Gastrónomo

 É este o título do meu último livro. Baseando-me na vida de um dos nossos maiores escritores do século XX, fui buscar um lado menos conhecido da sua actividade. Descobri a sua obra na minha adolescência, comprando os seus livros proibidos, vendidos na Livraria Nacional, na Covilhã.

Mais tarde, em Lisboa, acompanhei a sua actividade jornalística como gastrónomo lendo religiosamente as suas críticas que recortava dos jornais e que guardei até aos dias de hoje.

Devo-lhe muito do que aprendi de culinária numa época em que estava a descobrir os novos pratos. Se hoje nos parece banal uma receita italiana ou uma referência a um restaurante chinês ou indiano, na época era completamente inovador.

Tive a sorte de mais tarde comprar num alfarrabista os seus cadernos dactilografados com apontamentos históricos em que se apoiava para escrever os seus artigos. Isso permitiu-me identificar muitos escritos da sua autoria não assinados.

Numa altura de perseguições políticas que o levaram à prisão, até estes escritos se apresentavam assinados com pseudónimos, de que identifiquei pelo menos catorze.

Um escritor que era um homem insinuante, de inteligência acutilante e de humor especial, talvez british, para descobrir ou reencontrar.

 O livro tem grafismo do nosso melhor gráfico português; o Jorge Silva, muito bem adaptado ao gosto da época e a edição é minha. Decidi tomar mais uma vez essa decisão e acho que não me vou arrepender.

Para quem quiser adquiri o livro em pré-venda com preço mais baixo contacte-me através do mail do blogue: garfadasonline@gmail.com.

 Posteriormente estará à venda em poucos sítios, como na Wook, Livraria Ferin e Vida Portuguesa. A maior parte das livrarias não aceita edições de autor.

Espero que gostem, eu acho-o uma beleza e estou muito orgulhosa.

sexta-feira, 9 de setembro de 2022

Rainha Isabel II. Recordações portuguesas

Na data da morte da Rainha Isabel II de Inglaterra vieram-me há memória recordações antigas da sua visita a Portugal. Não que eu me recorde disso. Era muito pequena e não vivia em Lisboa.

A história é outra e tem a ver com uma compra que não fiz há muitos anos. Ia frequentemente à loja do Castanheira, que ficava perto do Largo de S. Roque, e que era a única que vendia Ephemera, memorabilia, coleccionismo e também livros e revistas. Ainda hoje não há mais nenhuma que a tenha substituído. Era um exemplo de organização e paciência para os pequenos papéis.

Ementa e programa de música do Palácio da Ajuda

Deve dizer que nunca me arrependi do que comprei, mesmo das más compras, mas sempre me arrependi do que não comprei e ficou na minha memória. 

À cabeça está uma torradeira em baquelite verde que não comprei em Lugano e um caderno com todas as revistas e notícias relativas à visita da rainha Isabel II a Portugal, à venda na loja do Castanheira. 

Ementa do almoço no Mosteiro de Alcobaça
Devia ter sido compilada por uma senhora que cuidadosamente a mandou encadernar e forrar com uma chita de flores, como eu tanto gosto. Não a comprei na altura porque achei o preço muito alto, mas fiquei sempre com pena.

Lista de convidados e ementa da recepção a bordo do Iate Britannia

De tal modo eu ao longo dos anos comecei a juntar tudo o que aparecia sobre essa visita. Daí resultou um espólio interessante que inclui as ementas, os convites, as revistas e jornais, os programas e até fotografias assinadas pela própria rainha.

Programa de música e ementa do jantar oferecido no Iate Britannia
Nunca pensei em fazer nada desses elementos mas hoje pensei que seria um bom momento para divulgar algumas imagens.

Program da recepção no Teatro de S. Carlos
Assim partilho imagens da sua chegada e recepção pelo general Craveiro Lopes, alguns menus de recepção, como o do Palácio da Ajuda, o que a rainha ofereceu a bordo do Iate Britannia, e o almoço que teve lugar no Mosteiro da Batalha e onde foram recordadas as palavras de Wiiliam Beckford, sobre o mesmo.

A visita incluiu também uma ida ao Teatro de S. Carlos e um encontro com Salazar que aprece sorridente na foto menos formal dessa vista.

É apenas um resumo dessa visita, uma homenagem a uma mulher extraordinária que soube assumir o seu papel com dedicação e profissionalismo, que é o que se espera de uma pessoa inteligente e honesta, em qualquer actividade. Não existem contos de fadas senão nos livros. 

terça-feira, 30 de agosto de 2022

As rendas de plástico

 

Há alguns anos publiquei uns postes em que apresentava peças em plástico que imitavam o vidro e chamei-lhes “plásticos pretensiosos”.

Hoje ao encontrar estes naperons e toalhas em plástico, não me ocorreu a mesma designação. Não sei porquê, mas imagino que quando surgiram devem ter feito um sucesso enorme e olho para estes exemplares mais antigos como os antecessores dos modernos plásticos.

É verdade que algumas pessoas ainda não conseguiram distinguir entre os plásticos descartáveis e os reutilizáveis, que continuam a ter uma função importante.

Neste caso alguns já estavam gomosos e outros apresentavam manchas. Qualquer outra pessoa agarrava neles e mandava-os para a reciclagem. E lá ia uma parte da evolução dos hábitos domésticos.

Eu lavei-os, restaurei os que tinham rasgos (como se fossem papel porque não conheço outra técnica), endireitei-os, coloquei-lhes pó de talco para se não colarem e separei-os com folhas de papel de seda. Depois meti-os num saco de plástico e vão ficar guardados à espera de melhores dias.

Talvez no futuro possam ser usados como exemplos da evolução dos hábitos domésticos. E as donas de casa mais antigas vão olhar para eles com um sorriso.

domingo, 21 de agosto de 2022

Rótulos de vinho

 


Escolhi este rótulo pela sua beleza simples, muito Estado Novo e muito minhoto.

O “Casal da Seara” que ainda hoje se vende, mas seguramente de outro produtor, era um vinho verde da freguesia de Louro (região demarcada), que pertence ao Município de Famalicão, distrito de Braga.

No início do séc. XVII (1607) o lugar de Casal da Seara aparecia já como uma propriedade foreira que fornecia vinho verde para abastecer a casa monástica do mosteiro de Santo Tirso.

No rótulo salienta-se o xaile minhoto franjado, encarnado, com flores amarelas e verdes e uma vinheta, que se repete no rótulo do gargalo com a palavra “Vencer” à volta de uma cruz. Não consegui informações sobre a data mas deve ser da década de 1940-50.

Não o provei, pelo que não posso dizer nada sobre o seu sabor, mas presumo que na época devia ser um vinho “Destalo”, como o aqui apresentado, neste rótulo da Companhia Velha.

sábado, 6 de agosto de 2022

A sardinha perfumada

 

Dentro de 3 anos faz um século que este pequeno jornal foi publicado. Trata-se de um suplemento infantil do Diário de Notícias que teve início em 1924. A revista Notícias Miudinho era assim anunciada: «É a revista infantil mais barata de Portugal. Lê-se de graça quem leia o DN».

Na primeira metade do século XX várias revistas publicavam suplementos infantis com grande sucesso. Foi o caso O Gafanhoto, com início em 1903, mas em 1921 apareceu o ABCzinho que se ficou a dever a Cottinelli Telmo. Ainda durante esta década surgiu o Pim-Pam-Pum, um suplemento infantil de O Século e as Notícias Miudinho de que apresentamos um exemplo, para além de várias outras, que ficaram muito famosas e que faziam a alegria das crianças.

Esta história de uma sardinha vaidosa que se perfuma só por ir ser servida na mesa de um Marquês, ao lado de outros peixes mais prestigiados.

Contada como uma história, começa por «Era uma vez..», o que nos remete logo para a nossa infância.

E a história é simples. Conclui a nossa sardinha que o que a prejudicava era o cheiro (como eu lhe dou razão). Assim sendo resolveu o problema perfumando-se, o que segundo ela «já lhe permitia ser recebida em qualquer mesa, …. rica de bens ou de nobreza».

Lemos esta história simples e sorrimos. E eu que me espanto sempre com a falar de graça das histórias humorísticas do século XIX, revejo-me aqui num tipo de humor diferente, de um século XX mais familiar.