quarta-feira, 24 de maio de 2017

Chá anti-caspa

 À primeira vista ficamos surpreendidos com um chá anti-caspa. As capacidades que se atribuem aos chás, mais precisamente às infusões, porque é disso que se trata, são inúmeras.
Mas uma infusão ser eficaz na caspa pareceu-me demais. Afinal este chá não é bebível mas, como era explicado na embalagem, depois de feito era aplicado no couro cabeludo.
Parece-me melhor. O chá deve assim ser considerado como uma alternativa aos shampoos anti-caspa. Este seguramente que não fez efeito porque a embalagem, dos anos 90, manteve-se intacta.
Imagem tirada da internet

quinta-feira, 18 de maio de 2017

Objecto Mistério Nº 54. Resposta: açucareiro individual

 
Estes pequenos açucareiros foram usados em vários cafés, sendo entregues ao cliente juntamente com a chávena do café. Eram uma espécie de pacote de açúcar avant la lettre.
Presumo que muitos deviam desaparecer e passaram a ser substituídos por açucareiros metálicos de maiores dimensões, em meia esfera, com um pé, de que se devem lembrar.
Para os que não conhecem aqui ficam algumas imagens.
Posteriormente foram substituídos por outros modelos aproximadamente cilíndricos.
PS. As caixas de pesos (resposta mais frequente) têm forma semelhante, mas são habitualmente em cobre, sem pega e com fecho.

segunda-feira, 15 de maio de 2017

Objecto Mistério Nº 54

 As fotos enganam mas desta vez posso dizer que é um pequeno objecto.
De forma tronco-cónica invertida tem uma base com diâmetro de 2,5 cm, enquanto a tampa tem 4 cm de diâmetro. Quanto à altura não ultrapassa os três cm.
Algumas pessoas ainda se devem lembrar destes objectos mas eu nunca tinha visto nenhum.

O que é e para que serve?

domingo, 7 de maio de 2017

As grandes festas da Curia num prato

 Não foi fácil descobrir o que estava por detrás de um prato humorístico da Vista Alegre. Parti do título «Grandes festas da Curia» e do carimbo VA verde que o situavam entre 1922 e 1947 e ao fim de dois dias (um poste num blogue dá mais trabalho do que se pensa) consegui finalmente resolver o mistério.
Gustavo de Matos Sequeira. Colecção RCP  memórias da República.
Quando há dois dias felicitei a Ana Maria Proserpio pela sua comunicação «A mesa e o poder nas caricaturas da Primeira República» comentei que muitas vezes era extremamente difícil descobrir os visados nas caricaturas. Mal adivinhava que no dia seguinte me ia ver a braços com um mistério semelhante.
Hotel Frackfort em Lisboa com publicidade ao Palace Hotel da Curia e Bussaco. Foto Arquivo CML.
O tema focado diz respeito às grandes festas que tiverem lugar na Curia em 1927, entre 28 de Julho e 2 de Agosto, para promover turisticamente a região. No jornal «Sempre Fixe» de 16-6-1927 anunciava-se que se preparavam esses curiosos festejos e que ia ser tudo “à século XVIII”. Com ironia acrescentava: «excepto os bolos das províncias distantes que esses vão parecer do século XVII».
O envolvimento nacional foi grande e já em 26 de Maio a Câmara de Coimbra tinha deliberado conceder todas as facilidades a esta iniciativa do jornal O Século, que incluía no programa a eleição da rainha das festas e sua corte, pelo que seriam enviadas «as mais belas camponesas da região» pelas Câmaras dos distritos limítrofes de Coimbra, Aveiro e Viseu (Gazeta de Coimbra, 2º trimestre de 1927).
Baile. Foto ANTT.
Antes de falar nas festas em si falemos nas pessoas presentes no prato. À frente, comandando com um tambor onde se encontra escrito «O Século», encontrava-se a figura de João Pereira da Rosa. Seguia-se a de Gustavo de Matos Sequeira, o grande olisipógrafo, magro e com os dentes de fora, segurando nas mãos o projecto para a «Lisboa antiga» que viria a ter lugar nas festas da cidade em 1935. 
Jornal O Sempre Fixe de 16-6-1927.
Logo trás o representante do jornal O Domingo Ilustrado, que à data era dirigido por Leitão de Barros e Martins Barata. Este jornal foi acompanhando a iniciativa e publicou fotos do gigante cartaz publicitário erigido em Lisboa e mais tarde fez várias alusões às festas. Foi Leitão de Barros quem esteve envolvido na programação e fez todas as filmagens destas festas.
Jantar. Foto ANTT
Não me foi possível identificar a última figura, de ventre proeminente e chapéu à turca e espero que alguém o consiga fazer. Em cima a imagem de um cozinheiro em cujo avental se pode ler: Palace da Curia, Palace do Bussaco, Hotel Astória. Hotel Metrópole, Hotel Francfort e Hotel Europa, remete-nos para Alexandre de Almeida. O autor da paródia, ao vesti-lo com um fato de cozinheiro, insinua que foi tudo cozinhado por este último, provavelmente para dinamizar os seus hotéis.
O prato, que não está assinado, pintado à mão e desenhado minuciosamente, remete-nos para um caricaturista de qualidade. E quem era?. Nada menos que Amarelhe. No jornal «Sempre Fixe» de 16-6-1927 surge o desenho completo reproduzido no prato e lá se pode ver a assinatura de Amarelhe, não restando portanto dúvidas quanto à paternidade. A completar a crítica humorística uma cartela apresenta escrito: «E vá de roda, fecha a roda, que vão todos à Curia».
A primeira estrofe foi tirada de uma música popular açoriana chamada «Sapateia» e que reza assim:
«Vá de roda, fecha a roda,
Fecha de meia rodela,
Mal haja quem te dá penas,
Amada, querida, bela.»

Cartaz publicitário a anunciar as Festas de Verão da Curia. Foto ANTT.
Para anunciar as referidas festas foi colocado em Lisboa pelo jornal O Século um cartaz gigante, com 112 metros quadrados, perto da estação do Rossio.
As festas incluíram um desfile histórico com a actriz Palmira Bastos vestida com trajes do século XVIII conduzida numa carruagem do Conde de Farrobo, um jantar com baile com danças antigas, uma festa veneziana no lago, o já referido concurso, além de outras festividades.
 
Palmira Bastos no cortejo histórico. Foto ANTT.

Esta festa de Verão da Curia foi um sucesso. Como a caricatura dos intervenientes feita por Amarelhe foi parar a um prato de Vista Alegre já é mais difícil de explicar.