sábado, 25 de fevereiro de 2017

Carnaval, música e Stuart

Stuart Carvalhais (1887-1961) foi um ilustrador e gráfico português que deixou uma obra extensa. 
A sua colaboração em revistas, jornais e como gráfico para firmas como a Club Bristol e a Sasseti, permitiram-lhe abarcar áreas diversificadas, utilizando sempre um estilo identificador.
Os seus desenhos retratam figuras populares e cenas da vida noctura em que a mulher é presença constante. Mesmo quando retrata a mulher do povo a figura feminina é delicada e sofisticada com os seus olhos esfumados que a tornam misteriosa. 
Vê-se a sua obra e percebe-se que desenhava como respirava, com uma facilidade extraordinária, uma espécie de Camilo Castelo Branco do desenho.  
Nesta época de Carnaval em que a música é presença constante, mostramos uma pequena parte da sua obra gráfica, as capas de pautas musicais feitas para a Sasseti nos anos 20 e 30, de que excluímos os fados, por demasiado tristes. Uma selecção musical adequada a esta época.
Para um fim de dia mais calmo

domingo, 19 de fevereiro de 2017

A romaria do Senhor da Serra

Branco e Negro 1897
Era no verão no mês de Agosto que tinha lugar a romaria do Senhor da Serra. Hoje ainda é festejada em vários locais de Portugal como em Semide, Miranda do Moncorvo e Vendas da Serra. Mas no século XIX era famosa a romaria que tinha lugar na região saloia, nos arredores de Lisboa. 
Arquivo fotográfico da CML
As pessoas diziam que nenhuma era tão concorrida e alegre como a que tinha lugar em Belas no interior da Quinta do Marquês.
Branco e Negro 1897
A quinta tem uma longa história e a designação deve-se a ter pertencido ao Marqueses de Belas, família que teve a posse da quinta durante os séculos XVIII e parte do XIX. Na quinta situa-se o Paço de Belas, mas era nos seus terrenos que tinha lugar a famosa romaria que levou a que nos séculos XIX e XX, a Quinta dos Marqueses de Belas passasse a ser designada de Quinta do Senhor da Serra.
Arquivo fotográfico da CML
Nesse dia deslocavam-se milhares de pessoas com os seus fatos domingueiros levando consigo saquinhos de pano com a merenda, enquanto outros compravam os petiscos que aí se vendiam, tudo partilhado em ambiente festivo. No início do século XX ainda se realizava a romaria. Fotografias de 1907 existentes no arquivo da CML mostram-nos momentos de alegria vividos pelos populares que aí se deslocavam.
Branco e Negro 1897
Arquivo fotográfico da CML
Estes desenhos aqui apresentados assinados por Condeixa (Ernesto Ferreira Condeixa 1858-1933) que também pintou um quadro a óleo sobre o tema, fazem-nos vislumbrar um pouco desses momentos e foram publicados em Agosto de 1897 no semanário Branco e Negro.
...............................
P:S: Os desenhos «Por entre barracas» e o «Na volta da romaria» são idênticos a fotos existentes na CML e a que é atribuída uma data de 19--. Estas fotografias devem ser anteriores uma vez que devem ter servido de modelo aos desenhos publicados em 1897.

domingo, 12 de fevereiro de 2017

Os tabuleiros TV

Acordei há dois dias a pensar nos tabuleiros TV. Acho que foi nos anos 70 que comprei dois tabuleiros amarelos, mas agora à distância não consigo lembrar-me se alguma vez os utilizei.
Os primitivos tabuleiros TV eram feitos em alumínio e surgiram nos USA em 1953, vendidos já com comida confeccionada pela empresa Swason. Esta firma vendia para o dia de Acção de Graças (Thanksgiving) peru congelado, mas nesse ano calculou por baixo o valor total dos perus que necessitava comercializar. Apenas menos 26 toneladas, um número impensável no nosso país. 
Fotografia tirada da internet
Para evitar situações semelhantes decidiram comercializar peru fatiado já preparado com outros alimentos e, para o fazer, conceberam uma embalagem em alumínio com várias divisórias. A ideia foi muito bem recebida e a firma passou a comercializar várias refeições que a publicidade dizia se destinavam a mulheres ocupadas mas que queriam manter o hábito dos jantares familiares.
Este foi considerado o primeiro jantar TV, um sucesso, pois sabem com os americanos apreciam comer à frente da televisão qualquer porcaria colocada num prato. O tabuleiro usado, em alumínio, tomou o nome de «tabuleiro TV» e passou depois a ser feito em plástico, com cavidades para meter o prato, os talheres, os copos e outros alimentos. Não sei concretamento quando começaram a ser vendidos mas várias empresas como a Tupperware, produziram-nos em cores vivas.
Fotografia tirada da internet
Em Portugal devem ter chegado no final dos anos 70. Estes aqui apresentados foram feitos na fábrica de plásticos de Leiria, mas é provável que tivesse sido também produzido noutras fábricas. 
Tinham um ar moderno e faziam lembrar as refeições servidas nos aviões, que então as pessoas ainda não associavam a má qualidade.
Foram comprados por quem gostava de novidades mas devem ter sido muito pouco utilizados, não só porque muitas pessoas ainda não tinham televisão em casa e porque ninguém comia no sofá. Hoje é possível encontrar os modelos antigos à venda no mercado, mas espantem-se, ainda há firmas a produzi-los indistinguíveis dos primitivos. Será que há quem os use?