quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Vamos à lua

 No dia em que o homem caminhou pela primeira vez na lua, em 20 de Julho de 1969, eu estava sentada em frente ao televisor, com as minha primas para ver as imagens históricas. Como eu milhares de pessoas em todo o mundo aguardavam com expectativa esse momento mágico, a preto e branco, em que Neil Armstrong deu os primeiros passos. Lembro-me perfeitamente da minha tia Olinda que mal olhou para as imagens, porque nunca acreditou em nada naquilo.
A ideia de o homem ir à lua era antiga. As imagens da lua em quarto minguante foram, sobretudo no século XIX, um apetite para a imaginação do homem. Utilizadas em postais e cartazes publicitários contam-se pelas centenas.
 O que eu não sabia é que os portugueses estavam tão bem informados. John Kennedy só em Setembro de 1962, faria o famoso discurso em que disse: «Escolhemos ir à Lua» e que foi aproveitado pela Omega para fazer publicidade.
Em 8 Janeiro de 1960 o proprietário da «Fábrica de Tecidos da Mata», que se  situava na freguesia de Caldas de S. João em Guimarães requereu o registo de um desenho industrial para a barra de uma toalha em que estava escrito «Vamos à Lua».
Nunca vi nenhuma dessas toalhas e duvido que tenham tido grande venda. Fiquei contudo impressionada com a ideia. Como é que alguém pensou que no Portugal de 1960 se iam vender toalhas com aqueles dizeres?. Só se fosse algum lunático, mas esses não compram toalhas.

domingo, 27 de janeiro de 2013

O passe-vite ou o passador de legumes

 Quando há alguns anos mudei de casa, pela primeira vez deitei fora imensas coisas que pensei já não me faziam falta. Entre elas estava um passe-vite. Tinha entretanto comprado utensílios eléctricos que achei que substituíam os manuais e se podiam dispensar.
Arrependi-me mais tarde e há alguns meses adquiri um novo passe-vite, porque me apercebi que algumas pratos, como o puré de batata, não podem ser feitos com as máquinas eléctricas.
 Estas memórias vêm a propósito de um leque publicitário sobre «A família Mouli» oferecido pelo representante da marca em Portugal, A. Castanheira, em 1960.
 A história da invenção do passador de legumes ou «passe-vite» é disputada entre um francês Jean Matelet, que registou um «Moulin-legumes» em 1932 e um belga, Victor Simon, que registou a marca «Passe vite» para um passador de acção rápida para legumes e outros comestíveis, na Bélgica, em 1928.
 Na realidade o ganhador foi Mantelet que rapidamente comercializou o seu modelo e iniciou a sua produção. Feito em metal o modelo foi não só aperfeiçoado como dele resultaram muitos outros com fins semelhantes. Assim surgiram os moinhos para ralar, o moinho de salsa, os corta legumes, o moinho de carne e o moinho bebé. Da família Mouli aqui representada neste leque publicitário faziam também parte os moinhos para sal, pimenta e mostardeiro.
Passador usado sobretudo para moer salsa. Os dois modelos estão separados por mais de 20 anos.
Jean Mantelet apoiou-se em campanhas publicitárias bem pensadas dirigidas às mulheres, com a mensagem de que os seus produtos lhes facilitavam a vida, enquanto ia transmitindo aos maridos a ideia de que deviam perceber esse conceito e que a felicidade do casal passava pela oferta desses bens.
Lembro-me perfeitamente de o pai oferecer nos anos 60 e 70 electrodomésticos à minha mãe, pelo Natal e pelos aniversários. Nessa época tornaram-se no presente adequado para a mulher, como se a única função fosse a de dona-de-casa.
Em Portugal a marca «Mouli» foi registada pela empresa Moulinex, S.A. em maio de 1952, enquanto o «Mouli julienne» apenas o foi em Março de 2000. Mas já era comercializado muito antes, penso que também desde a década de 1950-60. Recordo-me de este cortador de legumes ter chegado a casa da minha tia, de abrirmos a caixa e tirar de lá o aparelho com as suas 3 pernas desdobráveis e as várias placas de corte. Não sei se alguma vez foi utilizado porque aquela caixa manteve-se fechada muitos anos.
Mas estes aparelhos foram um sucesso e invadiram todos os lares. Em França apenas entre 1933 e 1935 foram vendidos mais de 2 milhões de exemplares.
A imaginação de Mantelet não parava e entre 1929 e 1953, registou 93 patentes. Em 1956, influenciado pelas «Velosolex» então em moda (lembram-se?), integrou um moinho eléctrico numa das suas invenções nascendo o primeiro moinho eléctrico de café, o «Moulinex», que viria a dar o nome à própria empresa em 1957.
Na década de 1970 a empresa estava no auge com a venda de pequenos eletrodomésticos vendidos a preços acessíveis.
Mas em 1985 os problemas financeiros levaram ao despedimento de pessoal, revelando os problemas da empresa. Em 1996 a crise estava instalada, sobretudo depois da compra da Krups em 1991. Em 2001 deu-se a liquidação da empresa, embora a marca tenha sido posteriormente comprada pela SEB.
Mantelet não viveu o suficiente para assistir a esta parte final. Mas ninguém lhe tira o mérito de ter revolucionado a cozinha e facilitado a vida das donas-de-casa. Para a história ficam ainda o uso de duas palavras: «passe-vite», como sinónimo (e não tradução) de passador de legumes e a palavra «Moulinex», a que se associa imediatamente um pequeno electrodoméstico.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

A Farinha Alimentícia Serpentina

Na procura de informação sobre os licores açorianos fui alertada por amigos[1] para a publicidade à «Farinha Serpentina».
Foi precisamente Ezequiel Moreira da Silva (1893-1974), um dos pioneiros na produção de licores de maracujá, quem iniciou também a produção deste tipo de farinha, nos Açores.
Ainda hoje as Papas de Serpentina, uma sobremesa preparada com farinha extraída de uma planta de nome Serpentina, são um dos doces típicos da freguesia de Ribeira Chã. Mas vejamos o que é a serpentina que eu desconhecia. O seu nome científico é Arum italicum Mill. subsp. neglectum e o nome vulgar: jarro, alho-dos-campos, arrebenta-boi, bigalhó, candeias, sapintina, serpentina e jarro-dos-campos. É sob este último nome que é mais conhecida no continente. 
Basilius Bessler, Hortus Eystettensis, 1640

O género Arum L. pertence à família botânica das Aráceas e é constituído por cerca de 26 espécies das quais duas crescem espontâneamente em Portugal. Embora seja mais conhecida como planta ornamental, este tipo de jarro tem sido usado na alimentação, mas apenas o rizoma (caule subterrâneo), porque as restantes partes da planta são tóxicas. Mesmo os rizomas, habitualmente transformados em farinha[2], que pode ser utilizada para fazer pão[3], devem apenas ser usados cozinhados.
A planta foi usada como produto medicinal para tratamento das perturbações gástricas. O facto de ser utilizada para os mesmos fins nos Açores, em Portugal continental e na América no Sul, segundo alguns investigadores, indica uma relação com povoamento das ilhas na época dos Descobrimentos.
Ezequiel Moreira ao centro, com alguns alunos do colégio que possuía, cerca de 1920.
Quando Ezequiel Moreira da Silva decidiu implementar a utilização desta farinha divulgou no arquipélago a cultura desta planta. Os agricultores cultivavam-na e vendiam os rizomas ao empresário que a transformava em farinha e a vendia em Lisboa nos Estabelecimentos Jerónimo Martins. Com o tempo, estes pensaram que podiam ganhar mais dinheiro moendo eles a serpentina. Mas a qualidade ressentiu-se e Ezequiel Moreira da Silva veio a Lisboa comunicar que suspendia a produção e acabou a produção de Serpentina.
Nas memórias de seu filho, com o mesmo nome, publicadas no jornal «Correio dos Açores» e acessíveis na internet, ficamos a saber que foi o próprio fundador quem escreveu as quadras «Cravos e Alcachofras», que compõem um folheto de oito páginas, que acompanhava a publicidade à Farinha Serpentina, ainda nos tempos áureos da sua produção.


[1]  Agradeço a informação ao Afonso Oliveira que nos Açores contactou o neto de Ezequiel Moreira, Rui Coutinho, que completou a informação sobre a antiga actividade e me facilitou a fotografia do avô.
[2] Os ingleses extraiem dos rizomas uma fécula que é conhecida como Sagu de Portland.
[3] Foi sobretudo usada em tempo de dificuldades. Em França, durante a revolução francesa, fazia-se com ela pão e uma espécie de bolos.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Alguidares para todo serviço

 «Dia 22 de janeiro, pelas 17horas, inaugurara-se mais uma exposição chamada "Alguidares para todo serviço".
Na mesma ocasião, mas pelas 18h, iremos celebrar também o Dia de S. Vicente padroeiro de Lisboa e também da freguesia onde está instalado o CAC. Sendo S. Vicente o patrono dos vinhateiros pareceu-nos uma boa ocasião para partilharmos o vinho feito no CAC com as uvas resultantes do evento Vindima de Portugal, posteriormente pisadas pelos meninos da escola local.
A Junta de Freguesia de S. Vicente de Fora  quis participar nesta celebração convidando a comunidade local a estar presente e irá oferecer uma bela sopa com pão e alguns acompanhamentos. Iremos, assim, partilhar sentimentos, sabores e projectos.»

Transcrevo o texto apresentado pela A Idade dos Sabores

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

O termómetro moral do alcoolismo

Este copo de vidro, de origem desconhecida, destinado a bebidas espirituosas apresenta as marcas adequadas às quantidades a ingerir de forma a comportar-se como uma “Lady” ou  um “Gentleman”. Acima dessas doses pode-se esperar que as pessoas se comportem como um “porco” ou, em doses ainda maiores, ao nível superior, prevê-se que a pessoa passe a comportar-se como um “grande porco”.

Embora neste copo as representações tenham um sentido humorístico, na realidade a apreensão com os efeitos do alcoolismo vêm de há vários séculos atrás. Esta preocupação em associar a quantidade de álcool ingerido aos seus efeitos tinha um efeito pedagógico.
Ao vê-lo veio-me à ideia um interessante quadro publicado por um médico inglês John Coakley Lettsom (1744–1815) designado «Termómetro Moral e Físico».
Lettsom foi o fundador da Sociedade Médica de Londres, em 1773, mas a sua acção foi muito mais vasta.
Nas suas viagens estudou insectos e escreveu um livro de entomologia chamado The naturalist's and traveler's companion, containing instructions for collecting and preserving objects of natural history and for promoting inquiries after human knowledge in general, publicado em 1774.
O seu principal papel foi contudo como filantropo. Apoiou as classes mais desprotegidas da sociedade, dando consultas e conselhos, de tal modo que acabou por perder toda a sua fortuna nesta actividade, incluindo a sua casa de família.
Um dos seus focos de interesse foi o alcoolismo e a sua associação à perturbação social e ao crime. A sua preocupação com a «temperança», uma das virtudes cristãs, inscrevia-se nesse quadro que começou por ser publicado em 1780, de forma simples.
Nele se estabelecia a relação das bebidas com o comportamento humano. Começando pela água, segue-se a cerveja, a cidra, o vinho e já na secção da «intemperança» as bebidas mais alcoólicas da época como o ponche, o toddy, o flip, o grog, o gin e o brandy.
Lettsom estabeleceu contudo uma relação não só com o grau alcoólico da bebida (lembre-se que na época não existiam ainda alcoolímetros), mas também com a hora do dia. Estas variáveis levavam a resultados diferentes que o autor identificava. Da serenidade de espírito, reputação, longa vida e felicidade até ao desespero, apoplexia e loucura, passando pela doença, pela mentira e pela prisão, estão representados todos os efeitos do alcóol na desregulação da vida.
Já no século XIX, em 1827, surgiu uma nova versão do quadro, ilustrada, em que se representavam os quadros familiares em que decorriam as alterações provocadas pelos alcóol. Mais bonito, perdia o cunho científico médico e tornava-se mais compreensível para todos e por conseguinte mais eficaz.
Imagens interessantes e extremamente didácticas numa sociedade minada pelo vício do alcóol.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Os Cafés Negrita

À frente da firma Cafés Negrita, S.A., está hoje o sr. Carlos Pina (n. 1926), onde começou a trabalhar precisamente em 1946 com o seu pai, um dos sócios fundadores. Em 1924 quando teve início esta empresa, contava com seis elementos fundadores que passaram depois para quatro.
Zona de Empacotamento
Quando o pai faleceu, em 1973, ficou com a cota do pai, e foi posteriormente adquirindo novas posições até ficar, nos anos oitenta, com 70%. Em 1993 adquiriu o resto das cotas, ficando também com a firma A Carioca, Lda. Presentemente é com a sua filha Helena que reparte as funções administrativas.
Situada em Lisboa, na Rua Maria Andrade, 18, aos Anjos, foi inicialmente um armazém de mercearia e uma torrefacção de café. No princípio, a torra era feita a lenha, em torradores de bola e em máquinas de ar quente Probat.
Actual máquina de torrefação
Quanto às mercadorias vendidas incluíam-se: sabão, bacalhau, conservas nacionais e importadas, especiarias e café. Este vinha nessa altura de Angola (Café Novo Redondo de CADA[1]), de Cabo-Verde, de S. Tomé e de Timor. Após o 25 de Abril o café vinha ainda de Angola e Timor, mas começaram também a importá-lo do Uganda, da Costa do Marfim, da Índia e, embora em menor quantidade, da Indonésia.
 A actividade como torrefadores manteve-se até hoje, tendo todo o sistema sido modernizado e presentemente se encontre informatisado. Para além da torrefação do café, é feita também a de cevada, nas variedades Santa, Distíca e Pragana, e de outros sucedâneos, como a chicória e o grão preto.
Não há muita informação sobre a empresa que registou apenas alguns dos seus produtos e investiu muito pouco em publicidade. Não fizeram catálogos e o presente proprietário apenas se recorda de uma campanha em que ofereciam colheres de alumínio dentro dos pacotes de cevada.

A imagem inicial da firma «Negrita», registada em 1928[2], apresenta o busto de uma jovem negra, de argolas nas orelhas, envolvida num pano africano e com uma chávena de café na mão. Foi utilizada em caixas de folha-de-Flandres destinadas a café. Ainda em 1928 foi também registada a marca para a «Ccevada Negrita», utilizada nas primeiras embalagens em cartolina e onde surgia uma esfinge egípcia, dentro de uma oval, envolvida pela representação estilizada de pés de cevada.
 Surgiu posteriormente, em dada difícil de precisar, uma nova insígnia com a cabeça de perfil de uma negra, aqui apresentada em duas embalagens de especiarias, que viria a dar a que actual mente é usada e que identifica a marca.
O sr. Carlos Pina não  recorda quem foi o autor inicial da mesma mas sabe ter sido feita por um técnico da Sociedade Portuguesa La Cellophane, Lda. Seria provavelmente esta empresa a responsável por pequenos pacotes em celofane utilizados para embalar alimentos, como os aqui apresentados. 
Desde há vários anos e após o registo desta insígnia em 1981, surgiu uma outra imagem da «Negrita», como uma mulher africana zulu, de perfil, com pescoço longo envolvido por múltiplos colares, de grande qualidade e que perdurou até hoje como imagem de marca.
Presentemente surge sobreposta a uma oval amarela que não existia inicialmente, como se comprova pela existência de um cartaz pintado, na posse do proprietário e em que surge já esta imagem, que os portugueses hoje associam à marca.
Embora continue a comercializar outros produtos alimentares, é a torrefacção de café e derivados que se mantém no topo das suas actividades, numa fábrica situada no centro da cidade de Lisboa que, apesar de modernizada, mantém as suas características iniciais e de que fazemos votos se mantenha activa por muito tempo.



[1] Companhia Agrícola de Agricultura (CADA)
[2] BPI, 1928, nº 8, p. 390.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

As "pratinhas" e o fim do Pai Natal

  Hoje olhei para o Pai Natal de chocolate e pensei que não podia guardá-lo para o ano que vem, juntamente com as coisas desta época. Lembrei-me então das pratinhas que guardávamos em pequeninos quando comíamos chocolates.
 Como já disse anteriormente os bombons de chocolate só eram comidos em dias de festas. Desembrulhávamo-los com cuidado para não rasgar a prata e alisávamo-la com as unhas. Depois metiam-se dentro dos livros para ficarem mais direitinhas. É claro que esta era uma actividade mais feminina, mas as pessoas da minha geração lembram-se bem disto.
Talvez por isso as pratas eram mais bonitas e variadas. Hoje uma caixa de chocolates tem as pratas todas iguais e já ninguém se lembra de as guardar.
 Resolvi abrir o Pai Natal por baixo, dei uma pancadas ligeiras no corpo para não rasgar a prata e, após esta cirurgia, fiquei com Pai Natal de chocolate para um lado e a prata para outro. Alisei-a com as unhas e vai fazer companhia a outras pratinhas de uma colecção que há algum tempo entrou cá em casa.

Para o ano há mais Pai Natal de chocolate.


terça-feira, 8 de janeiro de 2013

«A Alegria de Cozinhar»

O livro de Helena B. Sangirardi é um dos mais importantes livros brasileiros de culinária do século XX. Como sucesso, só o livro «Comer Bem», publicado sob o pseudónimo de Dona Benta, se lhe pode comparar.
O que primeiro me despertou à atenção no livro que possuo, a 4ª edição publicada em 1949, foi a dedicatória escrita por um primo brasileiro, ou a viver no Brasil, no Rio de Janeiro, à sua prima a viver em Portugal, em 1950, a quem enviou o livro.
A frase começa com: «Lembrança dos quitutes do Brasil...». Confesso que desconhecia a palavra «quitutes», que afinal significa “iguarias”[1] e que me obrigou a ir ao dicionário. O que mostra que isto do acordo ortográfico não é assim tão fácil porque não é com alterações de acentos e perda de letras, que lá vamos. Há realmente muitas palavras diferentes nas duas línguas e esta, de origem africana, não é usada em Portugal.
Voltando ao livro é importante realçar que a sua autora foi um dos primeiros casos de sucesso provocado pelos «media», em meados do século passado. Hoje os cozinheiros entram-nos pela casa pela televisão mas, antes destes, foram os jornais e a rádio que divulgaram os primeiros nomes.
Helena B. Sangirardi era uma especialista em Economia Doméstica e foi a sua colaboração na revista Cruzeiro com a rubrica culinária «Pratos que todos repetem» e os artigos sobre assuntos domésticos intitulados «Lar, Doce Lar» que tornaram o seu nome famoso.
Seguiram-se programas na rádio carioca e paulista com o nome «Bazar Feminino», posteriormente transmitido pela Radio Nacional.
O livro A Alegria de Cozinhar foi o seu primeiro livro publicado. No prefácio a autora promete publicar novos livros mas apenas em 1988 surgiria A Nova Alegria de Cozinhar.
Mais do que um livro de receitas é também um livro de normas e conselhos para as donas-de–casa. O livro termina com um capítulo muito interessante sobre «A Cozinha do Futuro... A Cozinha Elétrica», com a apresentação de electrodomésticos americanos, com desenhos fornecidos pela General Electric e que eram seguramente futuristas no Brasil da época.
Nada consegui saber sobre a  autora a quem Vinicius de Moraes escreveu uma receita, sob forma de poema, intitulada «Feijoada à minha Moda», publicada no livro «Para viver um grande amor»[2].


[1] Quitute: comida fina, iguaria delicada.
[2] Livraria José Olympio Editora, Rio de Janeiro, 1984, pág. 97.






quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Museu Virtual: Especieiro de Talavera de la Reina

Nome do Objecto: Especieiro.
  
Descrição: Objecto triangular com 3 cavidades circulares destinadas ao sal e às especiarias. Tem uma carranca no meio de cada uma das faces. Pintura onde predominam as cores verde e amarela, contornadas a manganês.
  
Material: Faiança com vidrado estanífero.
  
Época: século XVII (?)


Marcas: Não tem. Cerâmica de Talavera de la Reina.

Origem: adquirido no mercado português.
Grupo a que pertence: equipamento culinário.
  
Função Geral:  Recipiente para o serviço ou consumo dos alimentos.

Função Específica: Serviço de sal e especiarias à mesa
  
Nº inventário: 1051
  
Objectos semelhantes: Nº1050.
Pormenor do quadro de Gerard David «As Bodas de Cana» com um saleiro sobre a mesa.
 Museu do Louvre
Observações:
O saleiro foi o objecto mais importante sobre a mesa, com forte poder simbólico religioso. Era o primeiro a ser colocado sobre a mesa e o último a ser retirado.
Os saleiros desta época, feitos em Talavera de la Reina, eram de dois tipos: quadrados, com uma única cavidade, e triangulares com 3 cavidades. Estas destinavam-se ao sal, razão porque são também conhecidos por “saleiros”, à pimenta e a terceira cavidade podia servir para colocar nós-moscada ou pimentão.