segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Bolinhos de couve-flor

Há algum tempo encontrei na internet uma receita de uns bolinhos de couve-flor. Pareceu-me interessante e fiz a primeira vez tal como indicava a receita que passo a descrever:
- couve flor picada crua
- queijo parmesão 50 g
- 3 ovos
- Sal, pimenta, paprica e cebolinho
Juntar tudo e fazer pequenos bolinhos que se fritam numa frigideira anti-aderente, com pouca gordura. Ficam tipo pataniscas.
Como esta semana comprei uma couve-flor grande e me cresceu (é assim que se diz na Beira- Baixa) resolvi repetir a receita. Claro que introduzi mudanças e acrescentei-lhe um pouco de açafrão-das-Índias (curcuma) e como a massa ficou um pouco líquida acrescentei sêmola de milho. Em vez de queijo parmesão utilizei queijo da Serra, duro, ralado, pelo que não coloquei sal. O resultado da receita, feita a olho, foi óptimo. Tive um almoço vegetariano, porque acompanhei com arroz e botelhoco. E perguntam vocês: O que é o botelhoco?. Eu explico no próximo poste.

sábado, 21 de outubro de 2017

A Ginjinha de Lisboa

A ginjinha de Lisboa é um produto distinto do licor de ginjas. Esta “ratafia”, no sentido antigo da palavra, tem características próprias na sua forma de produção e no seu consumo. Conhecer a sua origem e descobrir os percursos tradicionais lisboetas onde ainda hoje se pode consumir é uma proposta que se sugere como uma descoberta doce.


CONFERÊNCIA

Ana Marques Pereira


28 de Outubro 2017 (sábado) às 16 horas

Com prova da Ginjinha Sem Rival

Inscrições: 5,00 € . Inscrições através do mail : palestrasetal@gmail.com 


Fundação Marquês de Pombal, Palácio dos Aciprestes, Av. Tomás Ribeiro, 18, 2795-183 Linda a Velha

terça-feira, 17 de outubro de 2017

Os Cacos de Hóstia

Há muitos anos atrás visitei um ferro-velho à entrada de Évora, de que algumas pessoas dessa cidade ainda se lembrarão. Situava-se junto a um dos arcos de entrada e infelizmente esqueci o seu nome. A loja encontrava-se cheia dos artigos mais diversos e curiosos. Na altura chamou-me à atenção uma máquina com duas pás, em ferro, para fazer hóstias. Infelizmente não o comprei, mas achei-o suficientemente interessante para tirar uma fotografia ao proprietário com o aparelho ma mão. Não consigo encontrar a fotografia, que seria adequada para apresentar agora, e na vez seguinte que voltei a Évora a loja já tinha fechado.
Imagem tirada da internet
Esta memória foi-me suscitada pela oferta que a minha amiga Conceição me fez de Cacos d’hóstia. Trata-se de restos partidos das placas de hóstia feitas no Instituto Monsenhor Airosa (IMA), em Braga. É nesta instituição social, fundada em 1869 pelo padre que lhe viria a dar o nome e transferida em 1879 para o extinto Convento da Conceição, que são feitas estas hóstias. 
A venda destes fragmentos, que só começou a ser feita em 2016, reverte a favor da instituição. Antes os restos eram oferecidos, talvez por se achar que um produto destinado à Eucaristia não devia ter um fim comercial. Mas as hóstias só depois de consagradas na missa se tornam sagradas, assumindo o sentido do corpo de Cristo. Antes são, segundo o conceito católico, placas de obreia.
Fabrico de hóstias em Ponte Nova no Brasil
Quando eu era pequena frequentei na Covilhã a chamada escola da Maria Gabriela. Era uma escola privada que tinha uma pequena capela. Um dia um dos alunos comeu todas as hóstias destinadas à missa do dia seguinte. Grande escândalo!. A dúvida era se este acto representava pecado ou não. A conclusão foi de que fora um furto por gulodice, não sendo um acto pecaminoso pelas razões anteriormente referidas.
Partículas de hóstias com Lemon curd
Acresce-se outro aspecto importante. Desde 1999 que na Oficina das Hóstias da IMA são fabricadas hóstias feitas com farinha de trigo sem glúten. Este aspecto permite o seu consumo por crentes com doença celíaca e facilita a sua exportação para vários locais do país e para o estrangeiro.
Agora só falta provar os cacos d’hóstia ou os pedaços de placas de obreia que durante séculos foram a base para tantos doces, em especial os de ovos.

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Conferência: «Saleiros: funcionalidade e simbologia»

 A propósito dos saleiros da Casa Museu Anastácio Gonçalves (CMAG) vou falar na 5ª feira, dia 12 de Outubro, às 18,20 horas, sobre este objecto de mesa, presentemente ostracizado.
Saleiros Kangxi. Família verde. CMAG.
Numa época em que se diaboliza o sal é importante compreender como a sua presença na alimentação foi e continua a ser importante.
Saleiros Qianlong. Família rosa. CMAG
Este mineral único foi desde muito cedo considerado sagrado na história do Homem. Os povos estabeleceram uma ligação entre o sal e o divino, mas nenhuma religião sacralizou mais o sal do que a tradição judaico-cristã.
Saleiro duplo. Porcelana. Colecção AMP.
Foi assim que o saleiro se torna no objecto mais importante sobre a mesa, o primeiro a nela ser colocado, situando-se durante séculos junto ao lugar do anfitrião. Era o saleiro fixo, imponente, de grande valor simbólico.
Nos séculos que se seguiram foi-se democratizando e no século XIX foi de bom-tom o saleiro individual. Presença constante sobre a mesa no século XX, foi progressivamente sendo ignorado.
Saleiro de Francisco I. Benvenuto Cellini. Kunsthistorisches Museum. Viena de Austria
É esta evolução do saleiro que iremos apresentar, analisando os saleiros adquiridos por Anastácio Gonçalves, os principais saleiros mundiais (onde não podia faltar o mais belo: a saliera de Benvenuto Cellini, de 1543) e já agora alguns exemplares da minha pequena colecção.

Aos interessados no assunto lá os espero.