quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Objecto Mistério Nº 26

Aqui lhes apresento um novo objecto mistério.

Este é dos fáceis, embora o seu uso não esteja muito nos hábitos dos portugueses.

É feito em aço inoxidável e a circunferência da roda tem 6,5 cm.

Para que serve?

domingo, 28 de agosto de 2011

Um livro de Receitas de Conservas da Graciet & Cie


Foi um francês, Nicolas Appert, o responsável pelo método de conservação dos alimentos que se viria a chamar «conservas».
Foi em resposta a um prémio oferecido pelo governo de Napoleão, para conseguir conservar os alimentos e assim poder alimentar os seus soldados, que Appert escreveu o livro L'Art de conserver pendant plusieurs années toutes les substances animales et végétales, publicado em 1810.
Mas o método de conservação de Appert era feito em frascos de vidro de boca larga. Seria um inglês, Peter Durand, quem iria conceber as latas em folha-de-Flandres para conservação dos alimentos.
Os franceses tiveram uma industria próspera de conservas, sobretudo a partir do final do século XIX.
Este pequeno folheto é um livro de receitas de atum oferecido pela Fábrica Graciet & Cie então situada em Bordéus.
A fábrica, que tinha filiais em África, em especial no Senegal, tornou-se ela própria, em 1971, numa filial de uma outra grande empresa de conservas: a Compagnie Saupiquet.
Esta, por sua vez, remontava a 1871 e a sua história foi de sucesso. Contudo, acabou também por ser adquirida por outras empresas, naquele jogo do gato e do rato, que se transformou na história actual da industria mundial e a que eu acho pouquíssima graça. Por isso fico por aqui.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Bovril. O Rei da Cozinha

Já anteriormente falei sobre o Bovril, um suplemento alimentar, então a propósito dos seus frascos.
Volto hoje a mencioná-lo para apresentar um cartão publicitário. Muito ao gosto “fim de século” representa um menino vestido de cozinheiro com fato e touca adequados. Tendo na mão um frasco de Bovril experimenta, com uma colher, o seu cozinhado, feito num fogão a lenha.

Do outro lado do cartão podem ler-se as vantagens do produto referido como um «nutrimento de muito valor e de magnífico paladar».

Numa época de preocupações económicas, salientava-se a sua vantagem para a confecção de pratos em que se podiam utilizar «materiais mais modestos» e mesmo assim conseguir sucessos culinários.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Um livrinho da Fábrica de Chocolates Regina

Quando eu andava na escola havia uma menina que se chamava Regina e que era filha de um jogador de futebol de nome Cabrita, numa altura em que o Clube de Futebol da Covilhã esteve na primeira divisão.
Constava que se chamava Regina porque era afilhada dos donos da Fábrica de Chocolate com o mesmo nome. Nunca confirmei esta informação mas pensei sempre que devia se priviligiada e que devia comer mais chocolates que qualquer um de nós. Nessa altura apenas se ofereciam e comiam chocolates na altura das festas.
Mais tarde, já na época do liceu, lembro-me de ter de decidir, de acordo com a minha semanada, entre um chupa-chupa cilíndrico, verde ou encarnado embrulhado num papel transparente com riscas da mesma cor, diagonais, que custava 5 tostões e uma tablette de chocolate, com um recheio cremoso, com sabor a frutas, que custava 10 tostões.

Pelo caminho ficavam ainda os lanches em que abríamos os «pães de quartos», semelhantes a carcaças, e colocávamos lá dentro uma barra de chocolate Coma com Pão.
Fundada em Novembro de 1927, a Fabrica de Chocolates Regina, logo nos anos 30 , lançou uma caderneta de cromos de rebuçados com figuras do football.

O pequeno livrinho (8,5 x 5,5 cm) que aqui apresento é na realidade uma caderneta de cromos, uma vez que deixa espaço para a colocação dos mesmos. Embora pareça anterior, deve datar do início dos anos 50, data em que Walter Disney produziu o filme infantil de grande sucesso «Cinderela».
Das várias versões da Cinderela esta corresponde à de Walter Disney como se pode ver pelos nomes dos participantes, onde se encontra o rato Jac (tradução de Jak), Lúcifer o rato e Bruno, o cão.
Na contracapa podem observar-se estes vários intervenientes e a publicidade ao chocolate «Reizinho», que era uma novidade da Regina.
Nunca foi colado qualquer cromo e o possuidor da caderneta resolveu o problema desenhando a lápis a sua versão da história.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Paisagens alimentares hospitalares

Neste mês de Agosto, em que as pessoas procuram destinos exóticos, fui parar a uma cama de hospital.

Porque este não é um blog pessoal, passo sobre a experiência para me focar apenas no problema da alimentação.

Nos últimos tempos, desde que escrevi o livro «Receitas e Truques para Doentes Oncológicos» tenho feito conferências em vários hospitais sobre o tema da alimentação do doente oncológico.

Descubro agora que, para além de alguns pontos que distinguem os vários tipos de dietas, os erros cometidos são os mesmos.

Com o corpo e o espírito enfraquecido o doente entrega-se ao cuidado do hospital para o alimentar. Confia nele e aguarda que à hora programada a refeição chegue.

No caso concreto, que não especificarei, a refeição chegava, quente e em quantidade suficiente. Exagerada mesma para o apetite. A qualidade dos produtos era boa. Que tenho então eu a dizer?

Durante 8 dias foi-me dada a mesma sopa de cenoura. Talvez não fosse mesmo igual porque me queixei e veio outra. Mas a base era a mesma: uma base alaranjada de abóbora/cenoura, onde num dia finalmente sobrenadavam dois bocados de couve. A sopa nunca foi branca, ou verde ou amarela ou às cores.
Comecei a ficar traumatizada. Hoje, já em casa, ainda estou porque não deixo de pensar nisto e não consigo esquecer o cheiro.
Não vou falar em mais pormenores mas o problemas que acompanham a falta de apetite do doente são agravados pelos seguintes factores:

1 - A falta de variedade, que costumo, nas minhas comunicações,  documentar com um slide que tirei da net «Food Bingo», que representa a facilidade de fazer bingo, pela repetição.

2 - Alimentos duros, que cansam a mastigar.

3 - Falta de molhos que misturem tudo (proteínas, hidratos de carbono, etc).

Fico por aqui. Estou ainda muito cansada.