domingo, 31 de outubro de 2010

Odol, uma pintura existente no MoMA

Recordo hoje a minha ida ao MoMA (Museum of Modern Art) de Nova Iorque.
Fui numa quarta-feira à tarde, em que a visita é grátis das 16 ás 20 horas. Cá fora existia uma fila para receber bilhetes, que desaparecia rapidamente. Lá dentro parecia uma festa. Imensos jovens distribuíam-se pelas salas, enquanto outros conversavam no hall de entrada ou descansavam no jardim. No 1º piso a instalação de um microfone permitia uma performance improvisada em que as pessoas se limitavam a gritar ao microfone. Os gritos, com diferentes características, ecoavam pelo museu. Uma experiência seguramente libertadora para os visitantes actuantes, mas progressivamente incomodativa, à medida que a visita se prolongava.
Apesar de detestar multidões achei graça aquela acumulação de visitantes que aproveitavam a “borla”.

Sobre as obras expostas limito-me hoje a falar num dos quadros que fotografei. Nos USA pode fotografar-se nos museus desde que não se use flash, uma prática que adoro.

Trata-se do quadro de 1924, designado ODOL, da autoria de Stuart Davies (1892-1964). O autor, de origem americana, foi um precursor na representação de marcas, muito antes de Andy Warhol e de outras artistas da Pop Art. Pintou quadros com arranha-céus, estações de gasolina, frontarias de armazéns e assuntos relacionados com música de jazz. Nos anos 20 começou a pintar em estilo cubista representando imagens de objectos correntes, como um pacote de tabaco “Lucky Strike”, em 1921 e este “Odol”, de 1924.
O meu interesse no quadro, vem não só da representação do quadro em si, mas também no produto representado. A embalagem, de forma original, com o gargalo inclinado para facilitar a saída gota-a-gota tornou-se num símbolo icónico, tal como a garrafa da Coca-Cola.
O Odol é um antiséptico bucal, criado no final do século XIX por um farmacêutico, Karl August Lingner, e um químico, Richard Seifert. Esta água desinfectante foi buscar o nome ao grego Odus (de dente) e ao latim Oleum (óleo). Desde o seu início os produtores apostaram em campanhas publicitárias para divulgar o produto. Isso fez com que se tornasse, nas primeiras décadas do século XX, no produto mais conhecido da Alemanha. Mas não ficou por aí a divulgação deste elixir. Foi também vendido nos Estados Unidos, no Brasil e na Europa. Tudo isto acompanhado de publicidade. E, se consegui encontrar publicidade nestes países, como por exemplo a existente na edição de Natal do “O Cruzeiro”, de 1928, com um anúncio ilustrado por Emiliano Di Cavalcanti, tal não foi possível até ao momento para Portugal. Mas ficarão seguramente surpreendidos, como eu fiquei, quando descobri que um dos frascos em vidro branco coalhado que possuía era de Odol. Mais ainda quando soube que foi fabricado pela Fábrica Gaivotas de Lisboa. Seria apenas para o mercado nacional ou destinar-se-ia à exportação? Não sei responder. O frasco já não tem rótulo mas na sua base está escrito Odol, o que não deixa lugar a dúvidas. Esta parece uma história daquelas que vemos na televisão em que contam um evento num país distante. No meio da notícia há referência a um português. Ficamos com a ideia de que há sempre um português presente. Foi o caso da fabricação deste frasco de Odol .

Hoje em dia o mesmo continua a ser vendido, com o mesmo formato, mas agora já é em plástico. Evoluções.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Objecto Mistério Nº 19. Resposta: Pinça para tirar pés dos morangos

Quando vi o objecto pensei que se tratava de um utensílio para morangos e julgava que o desafio iria ser mais fácil. Claro que a etiqueta que identificava a peça ajudou, mas a principal razão foi porque valorizei as bolinhas que semelham as sementes e que são visíveis sobretudo se se ampliar a foto.
Ainda não o usei mas na realidade destina-se a segurar no pé do morango, para o rodar e extrair.
Apesar de não estarmos na época ainda pensei em ir ao mercado procurar morangos e apresentar a imagem completa. Mas a forte chuvada sobre Lisboa fez-me desistir. Em substituição apresento um belo prato de morangos das Caldas.

A propósito lembrei-me que é interessante que tenham sido os frutos vermelhos os primeiros a justificar o uso de garfo, no final da Idade Média, então ainda apenas com um dente, isto é, tipo espeto, para evitar que as damas elegantes não sujassem as mãos.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Objecto Mistério Nº 19 - Ajuda


Como ninguém acertou, nem andou lá perto, vou dar uma ajuda.


Carregando no botão verde da extremidade abrem-se umas garras.


A cor e aspecto do objecto não fazem lembrar alguma coisa?


Penso que fica mais fácil.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Objecto Mistério Nº 19

Estive esta semana em Nova Iorque numa reunião. O tempo disponível não foi muito, mas vi o suficiente para falar nos próximos postes.

Para já apresento outro objecto mistério.

Trata-se de um novo utensílio doméstico. Um "gadget" de cozinha indispensável para os maníacos destes objectos, de que eu faço parte. Podem crer que há muitos. A secção da loja onde o comprei tinha a maior acumulação de clientes.

Tem de dimensão máxima 9 cm e na parte mais larga 4,5 cm.

Pergunta: Para que serve? Parece-me bastante fácil.

Desta vez há uma novidade: trouxe dois. Um para mim e outro para quem der, em primeiro lugar, a resposta mais adequada.

Fico a aguardar sugestões.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Reencontro com o Pirolito

Volto hoje ao tema do pirolito. O meu post anterior sobre este assunto foi o que desencadeou uma maior participação das pessoas, prova de que se trata de uma bebida que ficou no imaginário de quem a conheceu.

Não teria muito a acrescentar, depois dos múltiplos comentários que o foram completando, se não me tivesse deparado com um lote de partituras de música, duas das quais relativas ao pirolito.
A primeira, chamada «O Pirolito» é uma “one-step canção” com letra e música de Rui Marcelo e o autor incluiu-a sob o título geral «As danças e couplets da moda».
Trata-se de um partitura para piano de que passo a transcrever a inacreditável letra.

É de laranja, é de morango,
Sabe a ananás, sabe a limão,
O pirolito bem pobresito,
Q’era o champagne a meio tostão!

A garrafinha tem no gargalo
Uma bolinha
Que dá um estalo.

Algo gasoso,
Não espumoso
Espirra quando a rolha cai
E faz assim: pff... lá vai!

Ai pirolito que és tão bonito
Mas teu sabor não vai além d’água choca!
Era droguista cabeça oca
Quem t’ inventou e temperou tão à matroca.

Desde o bufete da filarmónica
Até às bancas dos arraiais,
P’lo tempo calmo, lá nas aldeias
Deste licor é que há mais.

Dantes havia, pai do filhinho,
A limonada do cavalinho,
Nada gasosa nem espumosa,
C’um canudinho aboiar
P’ró comprador (pff...) chupar.

Ai pirolito, etc.
A segunda partitura para piano e canto tem letra de Pedro Bandeira e Álvaro Leal e música de Raul Ferrão. Trata-se da canção «A Cantarinha», one step da revista «Pirolito», uma criação da actriz Filomena Lima.
Este tema fazia parte dos grandes sucessos do “Salão Foz”. Trata-se de uma referência ao pequeno cinema situado na parte lateral do Palácio Foz. Tinha sido inaugurado em 1907 e funcionou até 29 de Fevereiro de 1929, tendo sido destruído por um incêndio. Pertencia a Raul Lopes Freire, importador e distribuidor de filmes, que anteriormente já tinha tido um animatógrafo na Rua Nova do Almada, chamado "Salão Chiado", e que encerrou em meados de 1908.
A menção à revista «Pirolito» como se tratando de um sucesso do “Salão Foz” mostra que, para além de cinema, havia nesse local também outro tipo de representações.
Apesar de lhes apresentar as duas partituras juntas penso que não havia qualquer relação entre elas. O interessante é que se trata de duas expressões musicais sobre o mesmo tema, o pirolito, que servem para demonstrar a popularidade que esta bebida tinha na época.

domingo, 17 de outubro de 2010

Chutney de manga


Utilizei no título a palavra "Chutney", apesar de ser de origem anglo-saxónica, por ser a mais divulgada. Para ser mais correcta eu devia ter escrito Chetnim, que é o étimo indo-português usado no antigo Estado da Índia, em Goa, Damão e Diu que, por sua vez, derivou da palavra hindu Chatni.
Embora haja vários tipos de chutney pode dizer-se, para simplificar, que é um acompanhamento agridoce, a que se adiciona ou não picante. Esta conserva, porque se trata de um produto que pode ter longa duração, é originária da Índia e resulta de uma mistura de fruta, legumes, condimentada com especiarias, a que se adiciona açúcar e vinagre, o que lhe confere um agradável sabor ao mesmo tempo doce e azedo. Este tipo de chutney serve para acompanhar caril, mas é óptimo com qualquer prato de carne, em especial com carne de porco assada.
Embora fossem os ingleses os responsáveis pela sua divulgação no ocidente, quando regressaram da sua colónia asiática trazendo o gosto pelo caril, pelas especiarias e pelos alimentos acridoces, a divulgação do chutney no Reino Unido deu-se sobretudo a partir século XIX. Ainda hoje podemos constatar, ao ver um programa de culinária inglês, o excesso e profusão de especiarias utilizados num só prato. Também a industria alimentar fez com que fosse fácil adquirir em qualquer ponto do Reino Unido um frasco de chutney, ou uma especiaria asiática. Um desses chutneys o “Major Grey's”existe desde o início do século XIX, mas presentemente existem muitas outras marcas comerciais.

Ainda me lembro quando nos anos 70 ia a Londres de trazer caril e chutneys, numa época em que ainda não estavam disponíveis em Portugal.

Mas falemos do papel dos portugueses que, a partir do século XVI, e durante a sua permanência no Estado da Índia Portuguesa influenciaram a cozinha local, do mesmo modo que os alimentos portugueses sofreram a influência indiana. Um desses exemplos é o Chetnim de bacalhau (ou chutney de bacalhau) que é um prato típico da culinária indo-portuguesa de Goa, Damão e Diu. Pela sua constituição base só podia ser português. Leva bacalhau salgado, cebola e banha, bem à portuguesa, mas a que se acrescenta açafrão, pimenta, coco e malaguetas. Não se trata no entanto um acompanhamento, mas de um prato principal, servido normalmente acompanhado de arroz. Esta referência ao chutney deve-se ao facto de esta semana ter saído da minha preguiça culinária e ter feito um Chutney de manga.
Utilizei 3 mangas grandes, 4 maçãs Granny Smith (pode usar-se qualquer maçã dura), 1 fatia de abóbora, 2 alhos picados, 2 pedaços de raiz de gengibre fresco, 1 chávena e meia de corintios, ½ Kg de açúcar mascavado, 1/2 litro de vinagre de vinho, 1 col. chá de mostarda, 1 col. café de pimenta de caiena, 5 cravos de cabeça, 1 col. chá de coentro em pó e 1 pau de canela.
A confecção é simples. Começa-se por cortar a fruta e a abóbora aos quadrados, rala-se a raiz de gengibre e picam-se os alhos. Junta-se o açúcar, as especiarias e rega-se com o vinagre. Leva-se ao lume pelo menos durante uma hora ou até ficar com aspecto apurado. Põe-se em frascos. Pode ser comido de imediato, mas melhora ao fim de 2 meses.
O resultado é óptimo e a receita fácil. Ainda assim, se não quiser ter este trabalho, que vale a pena, aconselho a marca comercial “Tiger” (Fruit & Nuts chutney), que comprei no supermercado indiano do Martim Moniz. No próxima refeição de carne, assada ou frita, acompanhe com um pouco de chutney e a refeição será mais agradável.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

O Hotel Estrella do Norte no Porto

No Porto, durante o século XIX, na zona da Praça da Batalha, existiram vários hotéis, clubes e cafés, o que se se ficou a dever à proximidade das salas de espectáculo. Eram frequentados por artistas, boémios, nobres ou plebeus, que viviam na região, mas eram igualmente procurados pelos visitantes à cidade.
O “Hotel da Europa” da D. Maria Emília da Silva Milheiro era um deles. Situava-se na Praça da Batalha, 2, esquina da Rua de Santo Ildefonso, 2. No mesmo hotel havia também café e bilhares.

Na Rua de Entreparedes, perto da Praça da Batalha, ficava o "Hotel de Bragança" e os hotéis "Aurora do Lima" e "Estrella do Norte".
Foi a publicidade a este último hotel, publicada no «Almanak Industrial, Commercial e Profissional de Lisboa», em 1865, que fomentou este poste.
Nada tendo conseguido saber sobre o hotel em si, limito-me a transcrever o texto que acompanha a publicidade, com grafia actualizada, e que é bastante elucidativo.
«Recomendamos este estabelecimento como o primeiro da cidade invicta, actualmente transferido para um vasto e elegante edifício expressamente construído para este fim. Oferece aos visitantes que o frequentam todo os cómodos que podem proporcionar as boas disposições calculadas de uma construção adequada, reunidas às de um serviço esmerado, tanto de mesa como de quartos.
Serve mesa redonda ás três horas numa espaçosa sala de jantar, a maior que existe em estabelecimentos de esta ordem, circunstância que a torna apta para grandes jantares, reuniões de assembleias, bailes, etc.
O serviço de hotel é todo de prata.
Os viajantes que se dirigirem para este hotel, são conduzidos da estação de caminho de ferro em trem especial, pertencente ao hotel.
Os preços de hospedagem são: 800 a 1.000 réis diários, sem diferença de tratamento, sendo só estabelecida a desigualdade em relação a quartos de dormir. Salas independentes e outras exigências são de ajuste em separado.»
De esta elucidativa descrição ressalto apenas a existência do serviço de refeição em mesa redonda. Por definição a mesa redonda é aquela que não permite hierarquias. Não podemos deixar de falar em mesa redonda sem nos lembrarmos da lenda do rei Artur e dos seus cavaleiros que se reuniam para discutir problemas de segurança do reino, à volta de uma mesa redonda. Os chamados “cavaleiros da távola redonda” ficaram como sinónimo de grupo, em que cada um podia expressar a sua opinião de forma igual. Até hoje o seu significado mantém-se, quando em reuniões se discutem temas em «mesa redonda». Mas o significado desta expressão como serviço de mesa, em hotéis e restaurantes, no século XIX, era diferente. Não tendo podido encontrar qualquer definição exacta deixo a minha interpretação. Tratava-se de um serviço de mesa com hora fixa e em que as pessoas chegavam e comiam a ementa pré-estabelecida. Não havia possibilidade de escolha e o preço era também fixo. Nesta época o serviço era à francesa e apenas no Hotel do João da Matta encontrei referência à «mesa redonda à russiana».
Mas a diferença entre o serviço à francesa e à russa será já tema para outro poste.

sábado, 9 de outubro de 2010

Silampos. Publicidade para a mãe, para a filha e para toda a família

A fábrica Silampos foi fundada em 1951 em Cesar, no concelho de Oliveira de Azeméis. A marca foi criada pela firma Silva & Campos, o que explica a presença de um brasão em que numa das partes surge um S e um C, enquanto na outra se podia observar a imagem de uma fábrica, acastelada, com uma grande chaminé central. Esse símbolo surgia nas primeiras panelas de pressão que começaram a ser fabricadas em Portugal, a partir de 1960.
A publicidade a estas panelas foi buscar a história infantil da “Carochinha e do João Ratão” que foi um sucesso na época e que ficou no ouvido de todos. As campanhas publicitárias divulgaram na televisão a mencionada história e a oferta de pequenas panelas a crianças, iguais às das mães, ajudaram a cimentar o uso de panelas Silampos.
O livro de instruções que acompanhava a panela, e que se manteve pela década de 70, mostrava o casal Carochinha-João Ratão felizes com a sua panela Silampos, tal como a moderna dona-de-casa, mimetizada em carochinha, com longas sobrancelhas. A partir dos anos 90 a empresa investiu num programa de tecnologia que lhe permitiu criar um novo tipo de utensílios com fundo térmico (impact disk) seguido, em 2005, por um novo sitema (multidisk) em que o calor se difunde por toda a superfície do utensílio.
A internacionalização da empresa teve lugar a partir de 2000. Uma das parcerias com a empresa inglesa Gavin Thomson Design permitiu-lhes a criação de uma linha a Eazistore, em que é possível encaixar as várias panelas umas nas outras, facilitando a arrumação, uma espécie de “matrioskas” da cozinha. Esta solução inteligente levou à obtenção de um prémio "Technology Innovation Ward“ do jornal Wall Street, em 2010.
Neste época de desaires empresariais a Silampos conta-nos uma história de sucesso, com um fim feliz, tal como a história da linda Carochinha e do João Ratão, de que deixo o anúncio televisivo para recordar.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Objecto Mistério Nº 18. Resposta: Molde para gelado

O objecto mistério Nº 18 é um molde para gelado.
Trata-se de uma forma que confere ao gelado uma apresentação em paralelipípedo rectangular e que se destinava a fazer sandes de gelado.

Os mais velhos lembrar-se-ão seguramente das sandes de gelados que se compravam nas geladarias e que que vinham em grandes blocos que eram cortados em fatias. De cada um dos lados levavam depois uma bolacha Waffle e eram comidos à dentada. Nunca me encantou esta forma de apresentação que me dava sempre a impressão que devia fazer doer os dentes. Mas nunca mais os esqueci porque a minha mãe os adorava.
O mais parecido que eu encontrei com uma sandes de gelado

Na Costa da Caparica havia ao fundo da Rua dos Pescadores, do lado esquerdo, uma casa de gelados óptima e íamos lá comer gelados. Já não me lembro como se chamava, mas recordo-me que nunca mais comi um gelado de marrasquino tão bom como aquele. De resto esta variedade de gelado não está disponível em quase lugar nenhum.
Mas voltemos à peça mistério. A primeira vez que vi uma peça destas foi num ferro-velho que havia em Évora e que já faleceu. Era um homem muito interessante que sabia muitas coisas esquecidas. Foi ele que me vendeu um objecto igual a este, em lata, uma versão portuguesa deste modelo inglês. Quando ele me disse que era para gelado fiquei um pouco incrédula, mas mais tarde vim a constatar que era verdade. Infelizmente está tão bem guardado que não sei dele e não me é possível fotografá-lo para o mostrar.
Este molde é da marca Ergos, que tem outros modelos idênticos, igualmente em cobre com a pega em baquelite. Como se pode ver tem três posições que permitem escolher a altura da fatia do gelado. Foi feito em Sheffield e tem marca registada nº 727258.
Penso que era de uso doméstico, mas não posso pôr de parte que tenha também sido usado comercialmente antes de o gelado ser vendido em barras.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

O 5 de Outubro de 1910 e o banquete adiado

«A participação num banquete foi o último acto público do rei D. Manuel.
A 1 de Outubro de 1910 chegou a Lisboa o Presidente da república Brasileira, o marechal Hermes da Fonseca, que ficou alojado no Palácio de Belém. Logo no dia da chegada houve um banquete no Palácio das Necessidades e no dia seguinte Hermes da Fonseca visitou, em Sintra, as rainhas D. Maria Pia e D. Amélia, com quem almoçou.
No dia 3 o presidente brasileiro recebeu o monarca a bordo do couraçado presidencial S. Paulo e à noite ofereceu-lhe um banquete no Palácio de Belém. Foi no início do jantar que se divulgou a notícia de que a revolução republicana estava na rua. Algumas pessoas abandonaram o local. Os criados iam retirando apressadamente os talheres e afastando os pratos, para não se notarem as falhas. No final D. Manuel regressou ao Palácio das Necessidades, de onde partiu no dia seguinte para Mafra. Vindas de Sintra juntaram-se-lhe mais tarde as rainhas D. Maria Pia e D. Amélia. No dia 5 de Outubro era proclamada a República.
A família real dirigiu-se para a Ericeira e embarcou no iate Amélia, a bordo do qual já se encontrava o infante D. Afonso.
D. Manuel partia para o exílio sonhando com um regresso breve e ignorando que não mais veria Portugal.
Para sempre ficaria adiada a programada visita do rei ao Vidago, no dia 6 de Outubro. A recordar essa data ficou a ementa já impressa de um banquete que não passaria do papel.»

Texto extraído do Livro” Mesa Real. Dinastia de Bragança”, da autora, pp. 159-160.

domingo, 3 de outubro de 2010

Objecto Mistério Nº 18

O objecto apresentado tem utilidade doméstica.

O cabo tem 10 cm de comprimento e a parte anterior, rectangular, tem as dimensões de 9,5 cm x 4,5cm.

Para que servia?