quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Votos de Feliz Ano de 2016

 
Usando uns raros cartões com 110 anos envio a todos os votos de um Feliz Ano Novo.
 Dentro de um pequeno envelope forrado de um ardente papel encarnado encontram-se dois cartões feitos de um material plástico relevado, com aplicações de seda pintadas à mão. 
Os cartões têm a data de 25-12-1905 e 1-1-1906 e no exterior do envelope pode ler-se: «Souvenir de le premier jour de nouveau année de 1906». As mensagens de felicitações são amorosas e dedicadas à pessoa amada pelo Natal de 1905 e pelo novo ano de 1906. 
A sua raridade não se deve apenas à data mas sobretudo ao material com que são feitos, um tipo de plástico semelhante a marfim que, de acordo com a época, devia ser celulóide embora não o aparente. O uso deste tipo de material em cartão para felicitações foi mais tardio e encontrá-lo em Portugal em 1905 é seguramente uma surpresa.

Um Bom Ano para todos igualmente cheio de agradáveis surpresas.

sábado, 26 de dezembro de 2015

Os formigos. Um doce de Natal

A Maria Odete Cortes Valente, na «Cozinha Regional Portuguesa», chama-lhes Formigos do Douro. E faz todo o sentido, uma vez que é um doce tradicional de Natal no Minho e em Trás-os-Montes, que se caracteriza por levar vinho do Porto.
Receita original da Cozinha Regional Portuguesa e a minha primeira adaptação
Nascida e criada na Beira Baixa os formigos nunca fizeram parte do meu Natal mas quando os conheci, já na idade adulta, fiquei sempre a pensar que era o doce de Natal mais apropriado. Primeiro porque é um doce de colher, o tipo de sobremesa minha preferida, mas sobretudo porque leva frutos secos e vinho do Porto, o que a transforma numa sobremesa desenjoativa.
Receita que uso actualmente
Este ano foi o meu doce de Natal eleito e foi uma boa escolha.
Tenho vindo a aperfeiçoar a receita que comecei a fazer precisamente a partir da apresentada pela Maria Odete Valente. Aqui ficam as modificações. Ainda vão a tempo de experimentar. 

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

O Natal em Portugal

 
Os meus votos de Feliz Natal deste ano são dados pela mãos de Laura Costa. Natural do Porto, onde estudou na Escola de Belas Artes, Laura Nogueira Costa (1910-1992), foi ilustradora de livros infantis e desenhou uma série de postais de Natal que foram publicados pelos CTT durante vários anos, na década de 1940. 
Como ilustradora infantil publicou na Editorial Infantil Majora, mas em muitas outras editoras como a Livraria Chardon de Lelo & Irmão, Livraria Lello, Livraria Chardon, Bertrand, Civilização, Empresa de Publicidade do Norte, Porto Editora e Figueirinhas, pelo menos, podendo encontrar-se mais de 150 registos só na Biblioteca Nacional. Em 1977 desenhou para a Oliva, num catálogo de oferta da máquina de costura, uma série de desenhos com trajes regionais, um tema que muito apreciava, e que utilizou em muitos dos seus desenhos.
As crianças que surgem nos postais de Natal, que podiam ser citadinas, apresentam-se muitas vezes com trajes minhotos remetendo para a zona norte do país onde viveu.
Mas aqui a surpresa é a utilização de um desenho seu para a capa de um disco de Natal de Shegundo Galarza, onde vai novamente buscar o seu gosto pelo desenho infantil por um lado e, por outro, pela ilustração etnográfica com crianças vestidas com fatos minhotos a fazerem rabanadas. Seguramente que para este gosto e conhecimento não seria indiferente a convivência com Fernando de Castro Pires de Lima (1908-1973), médico e etnólogo, de que foi ilustradora de vários livros infantis adaptados de histórias populares por este.
Shegundo Galarza (1924 – 2003), de origem espanhola, estreou-se em Portugal no Natal de 1948, no Casino Estoril onde actuou até Maio de 1950. Depois e até 1951 actuou nos restaurantes "A Choupana" e "Aquarium". Teve um percurso variado até Novembro de 1956, data em que abriu o restaurante Monaco (ver O restaurante Vela Azul em Caxias), onde se manteve durante 18 anos.
Este músico publicou discos com música de natal durante vários anos e foi-nos impossível saber a data exacta da publicação deste. Comparando contudo com outros discos, e cruzando as datas de actividade de Laura Costa, é possível que este álbum seja do início da carreira de Galarza, provavelmente dos primeiros anos de 1950.
O texto já vai demasiado longo e pretendia apenas deixar os votos de um Feliz Natal, de preferência adoçado com rabanadas.

domingo, 20 de dezembro de 2015

Livro «Do Comer e do Falar…»

Já se encontra à venda o último livro que escrevi com a minha amiga Maria da Graça Pericão. Intitulado «Do Comer e do Falar…Tudo Vai do Começar» é um vocabulário gastronómico que integra palavras de uso corrente, estrangeirismos, arcaísmos, regionalismos, termos técnicos, utensilagem, etc.
O lançamento em Coimbra foi no dia 17 de dezembro e em Lisboa será apenas a dia 19 de janeiro do próximo ano. Até lá, se estiverem muito curiosos ou tiverem dúvidas inadiáveis, poderão sempre vê-lo numa livraria perto de si, para parodiar as estreias dos filmes.
Este livro nasceu de uma necessidade pessoal, sentida por mim, há vários anos de esclarecer termos arcaicos na área da culinária e que se juntou ao projecto da Graça Pericão com definições culinárias. Sobre esta base comum desenvolvemos este projecto abrangente que se destina a curiosos da área da culinária, estudiosos da história da alimentação, profissionais desta actividade e a todos que queiram descobrir um conjunto de termos regionais que só os mais velhos ainda recordam, muitos deles que não são mais do que arcaísmos que se conservaram naquela zona.
As palavras prévias são da Inês de Ornellas e Castro e as 
belas ilustrações são da autoria da Rosário Félix e, tanto uma como outra, à sua maneira, muito contribuíram para enriquecer este livro. 
Cada letra tem o desenho de um alimento cujo nome se inicia por essa letra e um provérbio relacionado com o mesmo, sempre que possível, ou outro que se adapta ao tema.

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

A Casa Pereira em Lisboa

Há imenso tempo que não entrava na Casa Pereira. Esta loja de chás e cafés situa-se na R. Garrett, 38, em Lisboa, e existe desde 1930, devendo o seu nome ao fundador José Francisco Pereira. 
É uma daquelas lojas com montras sempre apetitosas, onde passamos e pensamos: oxalá que se mantenha. Está ali há tantos anos e apetece-nos continuar a vê-la.
Esta voragem que atinge a Baixa lisboeta, transformando todos os edifícios em hotéis está a destruir a parte antiga da cidade. Os lisboetas já não contam, só os turistas importam e a Baixa assemelha-se cada vez mais a uma Disneylândia.
É verdade que nalguns casos somos culpados por não frequentarmos estes locais que queremos continuar a ver. 
Entrei na Casa Pereira por impulso. Não precisava concretamente de nada. Resolvi perguntar se tinham chá «espírito de Natal». Eu bebo este chá aromatizado todo o ano e com ele faço misturas de chás, com outras variedades. Costumava comprar esta variedade de chá da Mariage Fréres que é caríssimo. Disseram-me imediatamente que era importado da Índia. Cheirei-o e percebi que era igual ao chá que eu comprava noutra loja. A surpresa foi descobrir que o preço era cinco vezes mais barato. Comecei a olhar para as montras e vi que vendiam a granel as bolachas da Fábrica Paupério.
Infelizmente não têm as bolachas de milho porque não se vendem, mas tinham bolachas de araruta cobertas de chocolate que comprei e me fizeram voltar à minha meninice.
Descobri igualmente bolachas tipo barquilho, dobradas em triângulos, com as bordas revestidas a chocolate, que eram feitas pela antiga fábrica Elba. No pacote têm escrito «Bolachas Altesse com chocolate» e a fábrica que as produz, situada em Odivelas chama-se igualmente Elba. 
Pelo que percebi é uma nova fábrica, fundada em 2006, que retomou o nome e alguns dos sucessos da antiga Elba. Ainda as não provei porque cá em casa primeiro fotografa-se e só depois se pode comer, o que atrasa sempre as provas, mas espero que sejam semelhantes às antigas.
O atendimento foi muito agradável e fiquei cliente. Vou lá voltar para fazer mais compras. Pode-se por exemplo comprar também ao peso ameixas cristalizadas de Elvas, para acompanhar a sericaia ou para outras associações culinárias. E aposto que da próxima vez, com mais tempo, terei ainda mais coisas para descobrir.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Um Chouriço Literário

Editados pela Apenas Livros estes chouriços, uma vez que se trata de uma colecção, têm no seu interior receitas variadas.
Este, concretamente, tem receitas de bacalhau, mas existem outros números desta série com outras receitas. 
Original é a forma como as mesmas são apresentadas: dentro de uma pele de porco “recheada” com papel que semelha um enchido, dentro dos quais se pode encontra as folhas com as receitas.
Uma bela ideia gastronómica para quem gosta mais de livros, porque se pode considerar uma variante, do que de comer. Ou para ambos.

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Livro «Do comer e do falar... » Convite

O livro «Do comer e do falar...tudo vai do começar» foi escrito por mim e pela minha amiga Maria da Graça Pericão e vai ter um lançamento em Coimbra no próximo dia 17 de  de Dezembro.
As belíssimas ilustrações foram feitas pela Rosário Félix.
Trata-se de um vocabulário gastronómico com termos técnicos de culinária, regionalismos, arcaísmos e estrangeirismos que, pensamos,  vai ser muito útil para quem se interessa pelas coisas práticas da cozinha, mas também para quem faz estudos na área da alimentação.
Este convite destina-se às pessoas do Norte, mas no dia 19 de Janeiro o lançamento será em Lisboa, mas disso darei notícia na altura.
Para já considerem-se todos convidados. Vai ser uma boa ocasião para reencontros, dar dois dedos de conversa e comermos uns docinhos regionais.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Objecto mistério Nº 49. Resposta: Argau

Não se pode considerar que a resposta “pipeta” à pergunta feita esteja errada. Pipeta designa um tubo de qualquer tipo para transvasar líquidos.
O Despenseiro
Mas este é um tubo especial, diferente dos usados em laboratório. Destina-se a retirar vinho dos tonéis para amostra e avaliação do seu grau de maturação. Também chamado «argão» ou «bomba de adegas» pode ser em metal ou em cana perfurada, mas os mais antigos eram em vidro. Este exemplar suponho ser do século XVIII.
Utiliza-se introduzindo-o num orifício do tonel e retira-se com a extremidade superior tapada com um dedo. Deste modo a pressão atmosférica dentro do argau não se faz sentir até à retirada do dedo e, deste modo, pode ir-se doseando a saída do líquido para os copos de prova. Ou para bebidas furtivas, como não seria de excluir no caso deste despenseiro de ventre proeminente de um qualquer mosteiro.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Objecto mistério Nº 49

Este objecto em vidro tem cerca de 50 cm. 
E mais não posso dizer.

Para que servia?

Como se designava?