quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Uma colecção de caixas de pimentão


A propósito de uma lata de pimentão que adquiri, e que mostrarei mais tarde, procurei fábricas de produção de pimentão.
É uma assunto que me tem interessado nos últimos tempos e sobre o qual pouca informação tenho encontrado.
Na primeira metade do século XX tivemos várias fábricas de pimentão, sobretudo no Ribatejo.
Claro que a nossa produção nunca se comparou à dos espanhóis, até porque também o usamos menos na comida que os nossos vizinhos.
Não estou ainda preparada para lhes falar neste assunto e não se justifica agora falar na caixa que despoletou esta conversa.
Entretanto encontrei este vídeo de um coleccionador espanhol (Dariovig) de latas de pimentão, que achei muito interessante, e que espero que gostem.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Servicinho de luxo em louça

Antigamente os meninos depois do Natal juntavam-se e mostravam as suas prendas.
Penso que já não acontece isso. Em primeiro lugar os meninos já não vão para a rua brincar. Depois, o número de presentes que recebem é tão grande, que já não lhes atribuem o mesmo valor que nós atribuíamos.
Eram presentes especiais porque desejados durante muito tempo e raros.

Lembrei-me disso ao mexer nesta caixa que, por acaso, recebi pouco antes do Natal.
Não tem qualquer marca identificadora na caixa ou na base da louça.
Deve ser portuguesa e datar dos anos 40.
No interior tem um rótulo que diz: «Servicinho de luxo em louça».
Uma doçura que deve ter feito a alegria de uma menina, num Natal distante.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Lebkuchen, um bolo típico do Natal alemão

O meu amigo Helmut antes de partir para a Alemanha, para passar o Natal, veio trazer-me umas caixinhas de um bolo típico alemão, chamado «Lebkuchen».

Abrevio a história do Lebkuchen, que data da Idade Média.
Inicialmente um doce conventual, passou a doce comercial constando a sua produção em regimes de ofícios no século XVII. Mas os primeiros registos deste tipo de doce são muito anteriores, variáveis com as cidades, normalmente situadas em rotas de especiarias.
O primeiro registo deste tipo de bolo de Nuremberga data de 1395. Refiro este porque é precisamente do tipo Nuremberga o bolo que lhes apresento. São uns bolos achatados, feitos com farinha, açúcar e ovos, com muitas especiarias como anis, canela, cardamomo, coentros, cravo, gengibre, noz-moscada, pimenta, a que se junta mel e nozes, avelãs ou amêndoas. São decorados com laranja ou limão cristalizados e cobertos com um glacé ligeiro.

A marca aqui apresentada Haeberlein-Metzger vai buscar as suas origens a um confeiteiro de pão de gengibre (lebkuchen), de nome Junkman, que iniciou a sua produção em 1492. Em 1864 Heinrich Haeberlein comprou a padaria e industrializou-a. Quanto a Metzger era já mencionado em 1586. Em 1920 associou-se à empresa Haeberlein. Ambas foram compradas em 1999 por Lambertz GmbH & Co KG, uma empresa de Aachen. Para quem já não se lembra, Aachen é aquela cidade que aprendemos no liceu, que se chamava Aix-la- Chapelle.

Agora que a história se complicou com estas aquisições, tão habituais nos tempos que correm, deixo-vos neste final de Natal, com mais um doce típico desta época. Devem ter todos ainda as mesas cheias com o resto de doces que se fazem, e se consomem, em excesso, nesta época. Ao menos este, como é um bolo virtual, não lhes faz mal. 

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

O Natal com Licor Natal

 
O meu poste natalício comemorativo deste ano é com o anúncio do «Licor Natal».
Em 5 de Setembro de 1932 entrava na Repartição da Propriedade Industrial um pedido da empresa “Salgado & Martins, Lda” para registo da marca «Ginjinha Popular». No ano seguinte, em 27 de Maio de 1933, era passado o Título de Registo do Nome de Ginjinha Popular, firma comercial portuguesa com sede na Rua Eugénio dos Santos, 61.
 
Ainda hoje lá existe o estabelecimento, onde no interior se pode ver um reclame publicitário à casa. Embora mantenha o nome foi transformada em café.
Durante anos a Ginjinha Popular vendeu, para além da ginjinha, vários licores, entre os quais o aqui apresentado «Licor Natal».
Nos anos 60 a casa «Ginjinha Popular» foi comprada pelos proprietários da vizinha «Manteigaria Londrina» e entregue em exploração a dois sócios. A sociedade não correu bem e, nos anos 70, já só restava um dos sócios de nome Adolfo. Foi nos anos 70 que aí foi admitido o sr. Alípio Ramos que me forneceu muitos dos dados que consegui apurar. Hoje é proprietário da Frutaria Bristol, sobre a qual falarei um dia destes.
O sr. Alípio recorda ainda a venda de capilé, groselha e salsaparrilha vendida ao balcão, à caneca, misturada com soda. Nessa altura já não existia o Licor Natal. Embora ainda se vendesse ginginha e outros licores, a produção já não era própria mas adquirida à firma José d’Oliveira Salgado, Lda, que ainda produz a Ginja Rubi.
Interior da Ginjinha Popular vendo-se um dos sócios actuais
 O Licor Natal ganhou um primeiro prémio para licores, isto é, uma Medalha de Ouro, cuja imagem ostentou depois na garrafa, numa exposição Industrial que teve lugar na FIL, em data que não sei precisar (finais dos anos 60?).
É provável que este licor tenha dado a ideia para a realização de um outro licor, neste caso de banana, vendido em garrafa de vidro pintada, com o feitio do Pai Natal. Foi comercializada pela firma Caldeira Ldª, de Lisboa e dela apresento este exemplar que tive a sorte de encontrar.
Um Feliz Natal para todos, mesmo sem Licor Natal

sábado, 18 de dezembro de 2010

Os Beijinhos, uns bolos que esquecemos


Recebi de presente um saquinho de “beijinhos”. Fiquei radiante porque há anos que não os via.
Se perguntarem aos mais novos já ninguém conhece uns bolinhos chamados «beijinhos». Experimentem e perguntem aos mesmos se conhecem os bolos americanos, agora vendidos em franschising, e que dão pelo nome de “cup cakes”. Todos conhecem e, se não é ainda o caso, vão conhecer ou vão querer comer. Não é que sejam a mesma coisa. De comum só têm a cobertura colorida, mas é esse o seu atractivo.

Os beijinhos são uns doces tradicionais feitos com uma base tipo pastilha, feita com massa idêntica à das línguas de gato e decoradas com um glacé colorido.

A diferença entre as línguas de gato e os beijinhos é que as primeiras são feitas com duas pastilhas que, ao cozerem no forno se juntam, dando a forma da língua, enquanto os beijinhos são feitos apenas com uma pastilha. Por outro lado as línguas de gato não recebem qualquer cobertura, enquanto os beijinhos são cobertos com um glacé colorido.

Há alguns anos atrás no dia de Todos os Santos, nas aldeias, os jovens iam pedir o «Santorinho» ou o «Pão por Deus». Levavam sacos de pano que iam enchendo com os presentes das pessoas que visitavam. Normalmente frutos secos, nozes, línguas de gato, beijinhos, etc.
Tudo isso se perdeu e em substituição importámos o Halloween.

Digam lá se não é a isto que se chama ser saloio.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

A dor de cabeça do cozinheiro

Falo do cozinheiro por razões óbvias. Mas podia falar na dor de cabeça do moleque ou da criada, da angina do médico, da gripe da varina, da dor de dentes do saloio ou do abatimento da senhora ou do juiz.

Estas são algumas das figuras que fazem parte do Jogo do Loto com figuras, oferecido pela Casa Bayer, nos anos 40-50.
Trata-se de material de publicidade a dois medicamentos: a “Panflavina” e a “Cafiaspirina”.

O jogo compõe-se de 6 cartões que permitem três pessoas jogarem. O banqueiro do loto baralha as fichas do jogo e e vai depois retirando-as de um saco.
É um loto como qualquer outro mas tem a particularidade de apresentar nos cartões as figuras abatidas, próprias de um estando de doença. Após a tomada do medicamento adequado, o que se consegue colocando a ficha no local próprio, surge-nos a mesma figura agora risonha e pronta a enfrentar a vida.
Uma publicidade ingénua, que nos faz sorrir, tão longe da actual.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

O Natal visto por Maria Keil

Há alguns anos atrás conheci Maria Keil. Não me lembro já como, nem aonde.
Aquela figura aparentemente frágil impressionou-me pela sua modéstia e simplicidade. Talvez tenha sido esta sua faceta que fez com que a sua obra não fosse tão valorizada como devia, apesar dos inúmeros apreciadores que surgem imediatamente quando se refere o seu nome.
Sempre admirei os seus trabalhos, muitos dos quais assinava de forma simples com a palavra «Maria», ou apenas «M».
A pureza e autenticidade do seu traço transportam-nos para um mundo maravilhoso. Tudo é aparentemente simples, mas rigoroso.
Nascida em 1914, tem tido um percurso importante como pintora, desenhadora, designer gráfica, ceramista, etc. Foi autora de desenhos para tapeçaria e para azulejos, de que se salientam os que podemos ver diariamente no Metro de Lisboa ou na Avenida Infante Santo.
Mas hoje, atendendo à época, fui buscar duas das suas obras em que retrata o Natal.

Da primeira apresento algumas ilustrações que fez para o livro de Sofia Mello Breyner Andersen, «A noite de Natal», publicado em 1959, pelas edições Ática.

Este último é um desenho que fez para o número de Natal da Revista «Eva» de 1942.
Uma garfada fora do prato, mas muito saborosa.

PS: A maior parte das ilustrações foram tiradas da exposição «Maria Keil. Ilustradora» que teve lugar em 2004 na Biblioteca Nacional.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

O Licor Beirão e a Fábrica Imperial

José Carranca Redondo (1921-2005), em entrevista dada ao Diário de Notícias, em 17 de Julho de 1998, referia-se à sua entrada na «Licor Beirão», em 1940.
Em todas as informações que são divulgadas sobre a firma repete-se a mesma afirmação.

Foi pois com surpresa que encontrei uma notícia sobre a «Fábrica Imperial e os Preciosos Licores da Lousã», publicada na Revista Turismo de Maio/Junho de 1942.
 O jornalista, não identificado, deslocou-se à Lousã onde visitou várias fábricas. Entre elas salientava-se a Fábrica Imperial, dirigida pelo então jovem proprietário e gerente José Carranca Redondo.

Conhecido era já o Licor Beirão, produto que segundo o redactor da notícia se encontrava em todos os cafés do país. Além deste, a fábrica produzia outras bebidas licorosas, como os “Ponches Iris”, “Montecarlo” e “Raquel”, que afirmava «têm merecido deste industrial o maior carinho», o mesmo se aplicando a todas as outras marcas da «Imperial».
O futuro viria a demonstrar que o carinho dedicado ao Licor Beirão foi realmente superior e que todas as campanhas publicitárias que este industrial veio a desenvolver se centraram nesta bebida. Todas as outras, bem como a Fábrica Imperial, ficaram esquecidas.
Esta era uma pedra perdida no puzzle que constitui a história de um dos nossos mais míticos licores e que eu não podia deixar de partilhar.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Cartazes Publicitários: O Rei do Bacalhau

Inicio hoje uma rubrica sobre cartazes publicitários, relacionados com alimentação ou bebidas e  que se encontram ainda dispersos pelo país.

Começo com o «Rei do Bacalhau», loja situada na Rua do Arsenal, em Lisboa.
Muito própria para a época natalícia.