terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

CAMAL, um café maltosado descafeinado

O café maltosado Camal foi produzido pelo Laboratório Farmacológico de J. J. Fernandes, Lda. Este foi um laboratório de produtos farmacológicos, fundado em Lisboa,  em 1916, por um farmacêutico: José Joaquim da Costa Fernandes, a que se associou um professor de Química do Colégio Militar: João António Correia dos Santos, amigos, que em comum tinham o facto de serem algarvios. É sobre este oficial do exército que existe mais informação uma vez que foi também docente da Faculdade de Ciências de Lisboa e do Colégio Militar,  mas o grande impulsionador foi  J. J. Fernandes .
O laboratório chegou a ser um dos maiores do país numa altura em que se começaram a produzir medicamentos que deixaram de poder ser importados, devido à I Grande Guerra. Situado originalmente na Rua Filipe da Mata 3º-32, onde tinha umas instalações importantes que foram fotografadas pelo estúdio Mário Novais[1], tal como os seus produtos, surge posteriormente com uma outra morada na Rua Alves Correia, igualmente em Lisboa.
As várias listas de medicamentos produzidos publicadas por J.J. Fernandes a partir dos anos 20 e a sua preocupação em publicar uma nomenclatura dos produtos terapêuticos dão-lhe um lugar na história da farmácia portuguesa. É contudo um outro aspecto que quero salientar: o da produção de suplementos alimentares. Para além do «Camal» aqui apresentado, o Laboratório Farmacológico produziu também a «Farinha Lacto-Bulgara» a que voltaremos, o «Mitzi Ovochocolate», a «Farinha Integral Maltosada» o «Ovocacau», o «Cerimalte», a «Cerimaltina» e a «Carne em pó» na sua secção de produtos alimentícios. Estes produtos foram de grande utilidade numa época de dificuldades alimentares e com múltiplos caso de má-nutrição.
O «Camal» era composto por vários cereais e segundo J.J. Fernandes conservava «as propriedades tónicas do café puro» e permitia manter o aroma do café. No modo de preparação referia-se que podia ser tomado simples, isto é, com água a ferver ou com leite.
Por fim chamo a atenção para o aviso escrito na base da caixa em cartão onde se afirmava que a substituição da embalagem metálica por esta se devia à falta de folha-de-Flandres, o que nos revela um sinal desses tempos. Para além da escassez de medicamentos muitos outros produtos eram então de difícil importação.



[1] Fazem parte da colecção da Biblioteca Calouste Gulbenkian.

5 comentários:

jose disse...

Não seria Camal em vez de Lamal?No aviso do fundo da caixa cartonada está Camal.CAfé MALtosado...talvez seja a explicação.
Peço desculpa pela intromissão.
Cumprimentos.
José

jose disse...

Não seria Camal em vez de Lamal?No aviso do fundo da caixa cartonada está Camal.CAfé MALtosado...talvez seja a explicação.
Peço desculpa pela intromissão.
Cumprimentos.
José

Ana Marques Pereira disse...

José,
Tem toda a razão. Estou completamente pitosga. Vou já emendar. Obrigada.
Cumprimentos

jose disse...

Também eu errei ao enviar o mesmo comentário duas vezes.Não consigo eliminá-lo,tem a minha absoluta concordância para o fazer.
Quanto ao Camal caracterizado pelo fabricante como mistura de cereais e café descafeinado mantendo as propriedades tónicas do café...teria mesmo café?Ou seria golpe publicitário?Já descafeinaríam nessa altura?
O mais certo é já não conseguirmos ter respostas.
Cumprimentos.
José

Ana Marques Pereira disse...

José,
Fui eu que o publiquei duas vezes sem querer. Tenho os comentários com moderação porque tenho uma invasão de spams.
Penso que o Camal não tinha café mas sucedaneos do café que o criador designava por «diversos cereais que são dextrinizados». Portanto a composição devia ser segredo.
Cumprimentos