Pormenor de fotografia do Pelourinho vendo-se à esqª a montra e porta da Confeitaria Lisbonense |
O milfolhas mais parecido que encontrei na internet mas com 3/4 do tamanho |
Nunca mais comi um
mil-folhas como aquele. Ao longo dos anos fui também constatando que, quando
pedia um bolo semelhante numa pastelaria, ele ia sendo cada vez mais pequeno e
cada vez menos saboroso. Acabei por desistir e já não me lembro quando comi o
último.
Quando vi o edifício em
obras e a confeitaria fechada pensei que tinha que reavivar esta memória. Soube
que o último proprietário ainda era vivo e na última ida à Covilhã consegui
finalmente falar com ele. Refiro-me ao sr. José Correia Cunha, nascido na
Sortelha em 1929, e portanto hoje com 85 anos. Contou-me que a confeitaria foi
fundada em 1912 por um espanhol, Francisco Munhoz Gomes, com quem o sr. José
Correia começou a trabalhar em 1948.
O sr. José Correia em frente à Confeitaria, vendo-se as duas portas, no edifício agora em obras |
Na mesma data entrou também ao serviço o
pasteleiro Joaquim Duarte de Oliveira que seria o responsável pelos bolos que
tornaram aquela casa tão apreciada. No atendimento estava o sempre gentil sr.
José Correia que ainda hoje recorda todas as pessoas da Covilhã. E, a avaliar
pelas pessoas que o cumprimentavam, quando com ele se cruzavam, pode-se
perceber que deixou uma boa recordação nos seus clientes.
O proprietário inicial,
também conhecido por “o espanhol” morreu em 1956, e a confeitaria passou para as mãos de Artur de
Almeida Campos, o maior empresário de restauração e hotelaria daquela zona,
nessa época. Em 1969 constituiu-se uma nova sociedade de que faziam agora parte
o sr. José Correia e o pasteleiro Joaquim Oliveira.
A confeitaria «A
Lisbonense», situada no Largo do Município, 31-32, era um espaço de pequenas
dimensões para os nossos padrões actuais. Lembro-me de ser um espaço
rectangular com uma pequena montra e com o balcão à esquerda da entrada e
mesinhas na parede oposta. Segundo o sr. José Correia anteriormente o balcão
ficava atravessado e, por trás, ficavam as mesas, junto a uma lareira
eléctrica.
Em 2008 a casa fechou para o
edifício ir para obras que se arrastam até aos dias de hoje. Com o fecho da casa
acabaram os pastéis de molho que aí se compravam, as empadas e os deliciosos folhados de carne,
bem como os doces regionais.
O sr. José Correia lembrou-me alguns que eu já
havia esquecido como os bábas, com calda de açúcar e rum, com uma pequena tampa
de massa no cimo, sobre um pico de chantilly, e que nesta casa se chamavam os
Hermínios; os bolos de arroz com o seu papel envolvente, feitos mesmo com
farinha de arroz; as gargantas de freira; os fios de ovos; as lampreias de
ovos; os bolos de amendoim feitos com uma massa achocolatada misturada com
amendoins sobre uma folha de folhado e que eram designados «farta-brutos»; as
pirâmides de chocolate e os ratinhos feitos igualmente com a massa de bolos
secos, moída e com chocolate e tantos outros que já não recordo.
Quando as obras acabarem já
não restará nada do local excepto as recordações do sr. José Correia, que agora
passeia os seus tempos livres pelo Pelourinho, e a dos clientes mais antigos,
como eu. Para quem não conheceu este espaço fica esta memória.
2 comentários:
Uma lástima.
Fui centenas de vezes à. Lisbonense.
Amava o mil folhas e o café
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