domingo, 4 de março de 2012

Um tratado de destilação do século XVI

Nas minhas pesquisas procurei sempre concentrar-me na parte das «comidas», esquecendo as bebidas, de uma forma deliberada.
Tenho tendência e dispersar-me e a interessar-me por demasiadas coisas. Por isso mesmo decidi há anos que não ia comprar livros sobre bebidas, mas apenas os que se referiam aos alimentos, às receitas, aos objectos, à etiqueta, etc. Enfim já eram coisas demais e pareceu-me mais fácil pôr de lado o campo das bebidas.
Por razões que não vou agora referir estou a fazer uma investigação nesse campo. Percebi de repente que, afinal, ao fim de todos estes anos tinha que dar o dito por não dito. É por essa razão que me apetece falar sobre alambiques e destilação.
A destilação, aplicada às bebidas, porque pode ser usada para outros produtos, é um processo pelo qual o álcool, que resultou da fermentação, é sujeito a um processo físico, que o permite separar da água.
De um modo geral pode dizer-se que, através, do calor, é possível separar-se a parte volátil dos elementos fixos. Deste modo, e aplicado ao vinho, intensifica-se o valor alcoólico do produto transformado. Para tal é utilizado um instrumento: o alambique. Esse objecto misterioso, introduzido na península ibérica pelos árabes, apesar de não terem sido os seus inventores, fez-nos herdar as palavras «álcool» e «alambique», para além do uso do mesmo.
O alambique foi usado pelos alquimistas na sua busca da pedra filosofal e do elixir da juventude, mas foi também usado por médicos para fabricar medicamentos. Muitos dos licores iniciais foram usados como terapêutica.
Descobri, com surpresa, que o número de livros publicados ao longo dos tempos dedicados apenas à destilação é elevado.
Num deles, de cariz médico, e não interpretável pela linguagem, tem no entanto imagens tão belas que decidi mostrá-lo. Foi escrito por um médico alemão Jerónimo Brünschwig (ca. 1450 – ca. 1512) e intitula-se «Liber de arte distillandi simplicia et composita » ou, em alemão, «Das Buch der waren Kunst zü distillieren die Composita und Simplicia», e foi publicado em Estrasburgo em 1512. Utilizando a destilação ensina a fazer, a partir de plantas, destilados terapêuticos e bálsamos, bem com a aqua vitae.
Pode ser consultado, em versão digital, na National Library of Medicine. Não percam.

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