sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

O quarto de Leite Vigor

Na minha infância, na Covilhã, o leite era distribuído à porta por um leiteiro que vinha das Cortes. Era o sr. Diamantino que trazia um cântaro de leite em cobre, e o vendia mediando-o com medidas de alumínio de litro e meio litro. A minha mãe fervia-o depois em fervedores, esse utensílio que desapareceu das casas. O leite gordo, formava depois de fervido cerca de um centímetro de nata que se separava e guardava numa taça. Com ele se fazia depois um delicioso bolo de nata. É por isso que nunca consegui beber leite magro, nem tão pouco meio-gordo.
O que hoje se chama leite gordo parece-me ainda magro.
 Foi na minha adolescência, quando vim para Lisboa, que o “quarto de Vigor” passou a fazer parte da minha vida. Depois desapareceu. Agora surge novamente em força impelido por campanhas publicitárias.
As fotos que apresento integram-se nesse esforço e foram tiradas da televisão da SIC  Radical.
O leite Vigor iniciou a sua produção em 1951, embora o registo da marca da fábrica inicial date de 1948. O conhecido Leite Vigor Pasteurizado, era vendido em garrafas de meio litro e de 1/4 de litro, sendo estas as mais famosas. O negócio da sua distribuição tinha como público alvo a comunidade inglesa da linha do Estoril e Cascais e reproduzia o hábito inglês de vender leite ao domicílio em garrafas de vidro.

No ano 2000 a Lacticínios Vigor S.A. foi adquirida pela Lactogal e em 2005 a fábrica inicial de Odrinhas, na região de Sintra, fechou e transferiu-se para Oliveira de Azeméis.
Foi nos anos 80 que desapareceram as garrafas de 1/4 em vidro e o leite passou a ser vendido em embalagens de cartão. Foi nessa altura que se perde a mística do "¼ de Vigor" que se pedia nos cafés. Quando o leite passou a ser servido a copo deixou-se de saber qual o leite que se bebia.
Guardo ainda uma garrafa das antigas, que pensei não fossem reeditadas. Mas surgiram novamente.
Deixo-lhes as imagens que contam uma história que não é de todo clara. Feita ao gosto dos anos 60, mostra uma a criança que chora e a mãe consola-a mostrando-lhe as garrafas de Vigor. No fim surge o leiteiro com as garrafas, o que para mim faria mais sentido no início. Mas talvez a história não interesse. O engraçado é mesmo o grafismo.

 

2 comentários:

Anónimo disse...

Boa memória do Vigor,agora relançado.
Mas havia em Lisboa concorrência
plebeia na U.C.A.L. cujas instalações
visitávamos em actividades escolares.
José

Ana Marques Pereira disse...

José,
Também me lembro da UCAL, com os seus pacotes de plástico, brancos por fora, com letras azuis e pretos por dentro. Tinham um feitio triangular. Vendiam também outros lacticínios entre os quais um queijo Quark, que era óptimo para fazer entradas.