sexta-feira, 10 de julho de 2020

O livro «Le Menagier de Paris»

Falar deste livro num poste é demasiado ambicioso, como veremos. Contudo, não resisti a mostrar a beleza desta minha última aquisição.
O manuscrito foi escrito entre 1392-1394 e só foi publicado em 1846 pelo Barão Jérôme Pichon em 1846. Adquirido por este num alfarrabista viria a detectar a existência de dois outros manuscritos, um da primeira metade do século XV e outro na Biblioteca da Bélgica, que poderá ter pertencido aos Duques de Borgonha.
Publicado pela primeira vez pela Société des Bibliophiles François o livro tinha como subtítulo «Tratado de moral e economia doméstica composto cerca de 1393, por um parisiense burguês. Contendo preceitos morais, alguns factos históricos, instruções sobre a arte de administrar uma casa, informações sobre o consumo do rei, dos príncipes e da cidade de Paris, no final do século XIV, conselhos sobre jardinagem e a escolha dos cavalos; um tratado de culinária muito extenso e outro não menos completo sobre a caça ao falcão».
A edição de Pichon foi limitada a 324 cópias, tendo-se tornado muito rara. Mas teve várias reedições posteriores até aos dias de hoje.
Em 1981 a Oxford University Press publicou uma nova versão, trabalho de mais de 20 anos de Georgine Brereton, professora no St. Hilda’s Colllege, que uma morte precoce não permitiu completar, o que foi feito por Janet M. Ferrier. Adquiri este livro há alguns anos mas nuca me debrucei sobre ele, apesar da sua utilidade e rigor, como constato agora.
Há pouco tempo vi uma outra edição à venda a que não resisti. Apresenta apenas uma versão parcial do texto, com dois textos introdutórios, um dos quais sobre a cidade de Paris no século XIV, acompanhado por um plano da cidade de grandes dimensões desdobrável.
É que o autor do manuscrito era um burguês parisiense abastado, que havia casado com uma jovem de 15 anos a quem era necessário ensinar as regras de respeito para com o seu marido, mas também os conhecimentos que tornariam a sua casa organizada e honrada. É isso que justifica no livro temas tão vastos como noções de moral, a par de jardinagem, culinária, etc.
Esta edição, patrocinada pelo Credit Lyonnais, em 1961, para alguns dos seus clientes, apresenta-se dentro de uma caixa forrada de tapeçaria, considerada uma forma de expressão da Idade Média e cuja imagem traduz o caracter ”doméstico” da obra, como explicam.

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