Quando eu era pequena o pão
que se comia em minha casa era o pão-de- quartos. Claro que não era só em minha
casa e, ainda há pouco tempo, a minha amiga Alda, natural da Covilhã, publicou
no facebook uma mesa de refeição em que estava presente um pão desse tipo.
Apesar de estarem presentes vários alimentos foi o pão que suscitou maior entusiasmo entre aqueles que dele se recordavam.
Claro que eu fui uma delas. Até
porque foi um pão que desapareceu substituído pelas novas formas, idênticas em
todo o país. É pois natural que tenha ficado entusiasmada quando na minha
última ida à Covilhã encontrei o dito tipo de pão.
A forma deste pão é-lhe dada cortando com a mão ou cutelo o pão em cruz semelhando a junção de quatro bolas. A sua forma permite ir cortando à mão cada uma delas
que corresponde a um quarto do pão e daí a designação.
Mas nem só de forma vive o
pão e o mais importante é a massa. Era um pão alvo, feito de farinha de trigo,
mas compacto. Muito agradável no sabor.
Este que comprei apresenta a
mesma forma e é portanto um verdadeiro pão-de-quartos. Mas quando o
experimentei tive uma enorme decepção. Era um pão de padaria industrial igual a
outros de diferentes feitios, sem história, e que não conseguiu fazer-me
regressar aos meus tempos de menina e moça. Uma pena.
De qualquer modo fica aqui o
registo até porque daqui a algum tempo já não há ninguém que se lembre dele e um
dos netos do antigo padeiro é capaz de pensar: «Mas que perda de tempo juntar 4
bolas. Porque não se hão de vender separadas que é mais prático e fica mais
barato?».
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