Esta gravura de Mário Costa (1902-1975) trouxe-me à ideia
uma boneca que representa esse ofício.
Sentada num banco, feito com um pedaço de tronco de árvore, a boneca
feita em pano, foi-me oferecida há alguns anos por amigos que sabiam que eu a
ia apreciar. Foi feita por Filipa Faísca, hoje octagenária que, na serra
algarvia, em Querença perto de Loulé, reproduz figuras populares.
Iniciou a sua actividade em pequenina fazendo estas bonecas
de pano que então se chamavam «bonecas de trapos». Os modelos recordam-nos
profissões rurais locais caídas em desuso e os trajes são reproduzidos com
rigor. Para acompanhar cada boneca a sua autora criou unas quadras que
exemplificam a actividade.
Neste caso:
«Num pisador com
geito
o esparto vou
pisando,
faço baraço a
preceito
e alguns tostões vou
ganhando».
E desta maneira simples se vai
conservando a memória de um povo.
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