O nome Babinski é familiar a todos os médicos, em especial aos neurologistas. O «sinal de Babinski»
aprende-se nos primeiros anos da profissão e permite identificar determinado
tipo de lesões neurológicas e, no século XIX, foi também usado para a análise de
quadros de histeria. Esta semiologia foi valorizada pelo médico Joseph Babinski
(1857-1932), célebre neurologista de origem polaca que trabalhou em hospitais
parisienses.
Este nome podia portanto constar
apenas da história médica, mas o seu irmão mais velho, Henri Babinski
(1855-1931) iria divulgá-lo noutros campos. Sendo engenheiro de minas exerceu a
sua actividade em vários países como Itália, Guiana Francesa, Patagónia,
Estados Unidos, Brasil, Sibéria, etc. Apesar de todas estas missões os dois
irmãos, que tiveram sempre uma grande ligação, viveram juntos numa habitação em
Paris, no Boulevard Haussman, que partilhavam nos intervalos destas actividades
e, mais calmamente, após a sua reforma. Partilhavam inclusivamente os mesmos amigos,
muitos deles médicos, como foi o caso de Egas Moniz.
A frugalidade alimentar na sua
actividade profissional levou-o a interessar-se por gastronomia e em 1907
publicou a obra «Gastronomie Pratique. Ètudes Culinaires» sob o pseudónimo
Ali-Bab, numa alusão a Ali-Baba, o herói das «Mil e Uma Noites». Em 1923 o
autor aumentou a obra para cerca de 1000 páginas, transformando-se num volumoso
livro que continuou a ser comercializado até aos dias de hoje, uma vez que se
tornou num clássico.
O meu primeiro Ali-Bab
encomendei-o na Bertrand em 1975 e era já a 9ª edição, idêntica à de 1923 como
todas as que se lhe seguiram. Foi nessa época que comecei a interessar-me por
culinária clássica, mas sobretudo por gastronomia. É que o livro não é apenas
um livro de receitas, embora estas constituam grande parte do livro. São
receitas muito precisas a que eu recorria, tal como aos livros de Escoffier,
quando tinha dúvidas. Percebia que estava ali toda a cozinha clássica francesa,
uma espécie de bíblia.
Mas o livro começava com um “Esboço gastronómico” onde
fazia relato da evolução histórica da alimentação e do estado actual (à época)
da gastronomia. E, ainda antes de entrar nas receitas, dedicava-se aos vários
serviços de refeições até ao final do século XIX.
O livro termina com um texto
sobre «Tratamento da obesidade dos gourmands» que, numa época em que não havia
ainda as preocupações de hoje, era verdadeiramente inovador. O tema, na realidade, traduzia um problema pessoal. O seu gosto pela comida fizera-o aumentar excessivamente de peso e foi nesse sentido que procurou receitas que o fizessem emagrecer.
4 comentários:
Vim aqui garfar e gostei da petisqueira. É sempre bom aprender a história das coisas simples (ou talvez não!) que fazem o nosso dia a dia ou fizeram o dos nossos avós. Hei-de voltar. É uma boa dieta contra a obesidade provocada pelos pratos "gordurosos" da política e da atualidade que nos serve a comunicação social.
LQ,
Bem vindo.Volte mais vezes para novas degustações leves, dietéticas e diversificadas.
Cumprimentos
Muito interessante e muito bem apanhada a comparação entre "Babinskis". Ousava apenas reparar que o sinal de Babinski não tem nada de semiótico e a referência à semiologia é totalmente desajustada. Não é desses "sinais" que a semiologia trata. Coloco entre aspas porque, para a semiologia, esse não é um signo.
Anónimo,
Pelas sua considerações presumo que não é médico. Falo de semiologia médica (estudo dos sinais e sintomas) em que o sinal de Babinski é importante no diagnóstico da lesão neurológica e nesse sentido está correcto. Presumo que seja linguista e daí a sua interpretação.
Não sendo linguista eu própria tenho dificuldade em compreender o seu raciocínio.Agradeço o seu comentário. Cumprimentos
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