Para os que não puderam estar na
apresentação da minha última palestra na CMAG, e se interessam pelo tema, aqui
ficam alguns apontamentos sobre o objecto em si.
O licoreiro foi adquirido em 1963
pelo Dr. Ana stácio Gonçalves (1889-1965), médico e amante de arte, para a sua casa
de habitação em Lisboa, que adquiriu a José Malhoa em 1932 e onde reuniu uma
diversificada colecção. A casa, hoje transformada em casa-museu, foi projectada
inicialmente por Norte Junior para casa de habitação e atelier de José Malhoa.
Fotografia retirada do site da CMAG |
O
licoreiro de que falamos é em prata e foi executado por um ourives de Lille, Theodore-Frederic
Hardy, que trabalhou nesta cidade nos finais do século XVIII e início do século
XIX. Sabe-se que trabalhou também com Seraphin Delahaye, cerca de 1800,
mas não consegui apurar mais nada (1).
É constituído por um prato circular com 4 pés circundado por uma galeria arrendada e tem uma coluna central encimada por um vaso em forma de urna que serve de pega. Sobre a base apoiam-se cinco cestinhos de prata arrendada onde se inserem os cinco frascos destinados a licor. Estes são em cristal lapidado em todo o corpo e apresentam ainda restos de dourado, que os enriqueciam.
É constituído por um prato circular com 4 pés circundado por uma galeria arrendada e tem uma coluna central encimada por um vaso em forma de urna que serve de pega. Sobre a base apoiam-se cinco cestinhos de prata arrendada onde se inserem os cinco frascos destinados a licor. Estes são em cristal lapidado em todo o corpo e apresentam ainda restos de dourado, que os enriqueciam.
O facto de serem cinco os frascos
licoreiros é já de si raro, um vez que estes habitualmente se apresentavam em
número par. Mandava a etiqueta que se oferecesse aos convidados uma variedade
de licores, de forma a estes poderem escolher os seus preferidos e, este tipo
de utensílio, facilitava a sua apresentação, com evidentes vantagens estéticas.
Gravura existente no Museu de Artes Decorativas, Paris. |
Galheteiro de Claude Delanoy. Foto de Antique Store |
Este exercício de análise de um
simples objecto faz-nos ver como é necessário pensarmos mais demoradamente
sobre as coisas para melhor as compreender.
(1)
Para quem estiver interessado no tema existe um livro de N. Cartier, Les orfévres
de Lille, 2 vol, publicado em 2007, a que não tive acesso e que pode fornecer informação adicional.
(2) As fotografias não identificadas são minhas, feitas com autorização da direcção da CMAG.
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