terça-feira, 20 de julho de 2010

Os Armazéns Herminios na visão da Parisiana

Foi uma agradável surpresa o achado da “Parisiana, jornal de 1914, que se identificava como «Revista ilustrada da elite»». Publicado no Porto, duas vezes por mês, teve o seu início em 1914, tendo como directora Maria de C. Pereira.
O exemplar de que vamos falar é o número 12, de 30 de Janeiro de 1914, que, por estranha providência, é um número comemorativo do 1º de Julho de 1914, data do 21º aniversário da inauguração dos Herminios. Na vida as coisas são assim: quando as descobrimos passam a cruzar-se no nosso dia-a-dia.
Este número é em grande parte dedicado aos Grandes Armazéns Herminios. Logo na primeira página tecem-se elogios ao armazém, que se equipara aos seus congéneres internacionais, e a que se seguem rasgados elogios à pessoa do seu Director, o sr. Alberto Mulders, num artigo assinado por Jean de France e intitulado «Homenagem da Parisiana».
Um outro extenso artigo da redacção dá-nos a saber que a inauguração dos Herminios teve lugar a 1 de Julho de 1893, levando o Porto a sair «da velha rotina dos seus costumes modestos e morosos». Enaltecem-se os melhoramentos constantes como o alargamento das vastas galerias, a iluminação eléctrica e «um dos melhores progressos da mecânica, o novo elevador eléctrico», de início recente. Era elogiada a confecção realizada num dos ateliers locais, mas também importada de França, o que explicava a existência de empregados franceses e a preferência da colónia francesa. A publicação dos catálogos anuais que permitiam a exportação de centenas de produtos diariamente para o resto do País, mas também para Angola, Ilhas e Brasil, era igualmente mencionada. Os Herminios eram também considerados uma instituição social, uma vez que abrangia cerca de 1.500 funcionários de todas as categorias. Dentro destas actividades sociais salientavam-se as excursões dos empregados, os grandiosos concertos, os”bodos aos pobres”, os saldos de ocasião e os balões oferecidos ás crianças.

Mas não só as crianças beneficiavam de presentes. Embora não fosse referido no jornal, sabemos que era costume oferecer brindes aos clientes fiéis. Os copos aqui apresentados (1), destinados a uso termal, são disso um exemplo. Manifestações precoces de marketing comercial.
(1) Agradeço ao Carlos Caria o envio das fotos de copos da sua colecção, que permitiram completar este poste. Segundo o mesmo, estes copos das termas eram pintados ou serigrafados a óleo e tinham uma escala de graduação, para que a água tomada pelos aquistas correspondesse ao receituário médico.

5 comentários:

T disse...

Como sempre, excelente informação:) Obrigada.

Ana Marques Pereira disse...

Olá T,
Já sabia que ia gostar. Tenho a sorte de ter um bom fornecedor de artigos interessantes.
Um abraço

T disse...

A Ana adivinha-me:) Já a recomendei no facebook:)

Ana Marques Pereira disse...

T,
Realmente estranhei várias entradas no blog a partir do facebook. Não sabia que tinha sido obra da T. Mais uma vez obrigada.

T disse...

Ora, bons blogues devem ser divulgados:) E toda a gente que se manifestou apreciou muito:)