terça-feira, 21 de outubro de 2008

Urtigas, as mal amadas

As urtigas, que crescem por todo o lado, são plantas mal amadas que impelem as pessoas para a sua destruição.

As suas folhas e talos têm uma substância, o ácido fórmico, que é responsável pela sensação de ardor quando tocam a pele. Fazem parte de uma grande família que compreende pelo menos 2200 membros, mas são mais frequentes as variedades Urtica dioica (grande urtiga) e a Urtica urens (urtiga dos jardins ou urtiga picante).

Acontece com as urtigas o mesmo que nos acontece com algumas pessoas. Não gostamos delas porque não as conhecemos. Quando travamos conhecimento ficamos surpreendidos com o seu lado positivo e revelam-nos o modo como estávamos errados.

As vantagens das urtigas ultrapassam em muito os seus inconvenientes. O que se torna necessário é usar umas boas luvas para a sua colheita. Devem escolher-se plantas jovens e colher apenas as folhas terminais. Os talos são fibrosos e devem evitar-se. Depois de cozidas os picos desaparecem, pelo que não há que ter receio.

Tudo isto vem a propósito da sua utilização na alimentação. Mas elas têm outras virtudes que não serão aqui faladas. Refiro-me às suas propriedades medicamentosas, que não sei se são justificadas. É referido que são ricas em vitamina C e A. Têm acetilcolina o que as leva a ser recomendadas em doentes com Alzheimer e às suas raízes são atribuídos benefícios na hipertrofia benigna da próstata.

Um velho ditado de origem irlandesa afirma que quem comer sopa de urtigas três vezes em Maio passa o ano sem dores reumatismais, prática que era seguida desde longa data pelos monges irlandeses. As urtigas são também utilizadas na agricultura biológica. Para além de ajudarem as outras plantas vizinhas a crescerem mais resistentes aos fungos, podem ser usadas como um composto para o cultivo dos campos. Servem também para fazer uma calda (mal cheirosa) contra os pulgões, que é uma forma ecológica de desinfestação.

Estas são apenas algumas vantagens, mas a principal é a sua utilização na culinária, sobre a qual falaremos no próximo artigo.

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