quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Votos de Feliz Ano de 2010


VOTOS DE BOM ANO NOVO

MUITA SAÚDE

FELICIDADE


BOAS DEGUSTAÇÕES



BONS LIVROS

Nota: A primeira foto, embora pareça fogo de artifício, mostra a iluminação de um restaurante em Valencia.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Rebuçados de Ovos de Portalegre

Recebi hoje um saquinho de rebuçados de ovos de Portalegre. Um presente que adoro e que guardo religiosamente no frigorífico e vou comendo até acabarem.

A origem desta doçaria é atribuída às freiras do Convento de Santa Clara, em Portalegre. Este convento hoje transformado em Biblioteca Municipal, era famoso pelo fabrico de vários bolos, para além destes. A lista é longa e inclui o queijo dourado, o doce de amêndoa, o toucinho-do-céu, o manjar branco, os pastéis de Santa Clara, o presunto doce, entre outros.

Os rebuçados são confeccionados apenas com ovos e açúcar e a sua origem remonta ao século XVIII.
Alfredo Saramago, no livro Doçaria Conventual do Alentejo, infelizmente sem nunca citar fontes, refere-se a outros rebuçados de ovos, como os da Madre Teresa do Convento do Salvador e outros do Convento de S. Bernardo, ambos em Évora.

Em Portalegre, os rebuçados são vendidos em casas particulares, mas, desde 2006, foram também comercializados, numa produção mais industrializada, pela empresa Sabores de Santa Clara. Sob a marca «Fábrica do Rebuçado», estes são apresentados em latas atractivas, de cor amarela e preta, nas quantidades de 6, 12 e 18 rebuçados.
Não quero despertar inveja, mas o meu presente foi um saco, de fabrico particular, que tem seguramente mais de meio quilo de rebuçados. Vou-me deliciar.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

A alimentação do Pai Natal: um mistério

Sendo o Pai Natal gordinho seria de imaginar que a sua alimentação fosse abundante.
Decidi procurar que tipos de alimentos comeria para atingir este grau de adiposidade.
Tenho uma colecção grande de postais e comecei por procurar imagens do Pai Natal. Foi sem grande surpresa que constatei que o mesmo é um sacrificado. Farta-se de trabalhar. Começa por ter que ler aquelas cartas todas que os meninos enviam com os seus desejos. Depois deve ter que comprar as prendas. No final tem a árdua tarefa de os distribuir. E não é fácil uma vez que ninguém lhe abre a porta. O desgraçado tem que descer pela chaminé, deixar os presentes, e voltar pelo mesmo caminho. No final seria de prever que teria alguma compensação. Um banquete ou pelo menos uma boa refeição. Mas tal não deve acontecer. Não há imagens do Pai Natal a comer.

Experimentem procurar. À excepção da bebida Coca-Cola, que impulsionou a sua imagem para o nosso quotidiano, não há praticamente representações suas associadas à comida. Procurei na internet com várias palavras e em várias línguas. Não encontrei nada.
Por sorte num dos meus postais vê-se o Pai Natal a confecionar bolos. Devia estar desesperado de fome. Nos restantes é representado sempre a trabalhar com o seu inefável sorriso.

Em conclusão: a alimentação do Pai Natal é um mistério bem guardado. Nada se sabe. Provavelmente o seu ar anafado deve-se à sua alimentação antes do período natalício. Durante este não me parece que tenha tempo para comer.
Uma sugestão para o próximo Natal: porque não deixar uma reforço de iguarias junto à lareira para o compensar? Acho que iria ficar feliz.

Um Bom Natal a todos.

domingo, 20 de dezembro de 2009

Objecto Mistério Nº 13. Resposta: Palito portátil


Está de parabéns o primeiro anónimo que foi quem tornou evidente a utilidade do objecto.

É verdade, este instrumento tem um palito em cada um dos braços. Parece que era fácil.
Não abri a boneca, mas ao fazê-lo constata-se que as pernas têm também uma função: serviam para limpar os ouvidos. Esta associação, que nos parece absurda era frequente.
Neste exemplo, existente num museu, vemos um objecto com múltiplas funções. Além do apito, tem um palito, uma lâmina para limpar as unhas e um objecto para limpar os ouvidos. O conjunto era suspenso de um fio em ouro, tornando-o muito prático. Foi encontrado nos destroços do navio Atocha, que se afundou em 1622.

A associação mais frequente, presentemente, é contudo a presença do palito nas navalhas mais complexas. O palito é o objecto dentário mais antigo e a sua história sobrepõem-se à da alimentação do homem. Em túmulos pré-históricos foram encontrados palitos em bronze, em osso, feitos de penas de aves, com conchas, etc.

Mas foi no século XVII que os palitos se transformaram em objectos de luxo, semelhantes a jóias. Eram feitos em metais nobres, como prata ou ouro e podiam ser esmaltados ou ter pedras preciosas. Eram transportados pelos seus donos, quando se deslocavam, para serem usados nas refeições.
A primeira fábrica de palitos de madeira surgiu nos Estados Unidos, em 1869, por iniciativa de Carles Forster. Referimos-nos ao seu fabrico industrial, porque a produção manual perde-se nos tempos.
A propósito recordo o filme português de 1962, «O Milionário», de Perdigão Queiroga, com Raul Solnado, Costa Ferreira e Clara Rocha. Nele Raul Solnado interpreta o papel de um homem que se chama Milionário e é fabricante e distribuidor de palitos. Quando o negócio se expande é-lhe feita uma proposta de compra da fábrica. Na realidade não existia qualquer fábrica e toda a produção era feita pelos adultos e crianças do bairro que, à noite, se reuniam para fazer os palitos. Um filme, de uma ingenuidade tocante, que recomendo.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Objecto Mistério Nº 13

O objecto mistério de hoje é um objecto utilitário, requintado, para ser usado na intimidade.

Penso que data do final do século XIX ou início do século XX.

A cabeça e os membros são num material plástico, semelhante a marfim e o corpo é em tartaruga.

A cabeça tem um centímetro e o corpo 7 cm.
Qual a sua utilidade?

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

O Louvor do Sal

Ó Sal, pedrinha estimada,
Que vais à mesa do rei,
Não te conheço soberbas,
por isso te louvarei!

Tu és o mesmo p’ra todos,
Linda gotinha de neve.
És p’ra nobreza em palácio
O que és p’ra um triste almocreve.

Pode na casa do pobre
não haver luz, faltar pão,
andar por fora a saúde,
mas lá o Sal é que não!

As naus antigas do Quinto
Traziam pedras custosas.
Pouca valia era a delas
Ao pé daquela que gozas.

Contigo um prato de açorda
Sabe a um divino manjar...
Sem ti, que são iguarias?
Só servem p’ra enfastiar!
António Sardinha
Epopeia da Planície. Poemas da terra e do sangue.
1915

sábado, 12 de dezembro de 2009

A verdadeira reciclagem

Nos últimos anos temos sido alvo de campanhas a incentivar a reciclagem. Devo dizer que sou uma fervorosa adepta e que separo os meu lixo rigorosamente, de acordo com a tipologia.

É verdade que já tenho pensado que se a reciclagem tivesse começado há 30 anos eu dificilmente teria hoje acesso a objectos de uso comum, como os potes de vidro de iogurte ou as garrafas de refrigerantes. E sempre que há uma campanha de recolha de pequenos electrodomésticos, não consigo deixar de pensar: “Lá vão desaparecer mais alguns exemplares de design interessantes”. Tudo isto vem a propósito de uns sacos de pano que encontrei no meio dos panos de cozinha que vou juntando. Trata-se de um saco de arroz da Sociedade Industrial de Vila Franca, SARL, de 5 Kg, um saco de arroz de 1 kg da Cooperativa TPA do Vale do Sorraia e um outro de farinha de mandioca “Carioca”. Estão um pouco descorados pela lavagem, o que comprova o seu uso intensivo.

Quando olhei para eles fiquei a pensar que na realidade não fazemos qualquer reciclagem. Limitamo-nos a separar produtos idênticos, que alguém vai depois reciclar. Mas a nova reciclagem implica a destruição do objecto existente para fabricação de novos produtos.
Em Portugal, até aos anos 70, todas as donas de casa faziam reciclagem dos objectos que entravam no domicílio. Ninguém deitava os frascos ou as garrafas fora. Guardavam-nas e utilizavam-nas depois para outro fim. Os papéis, mesmo os de embrulho, eram esticados e guardados para novos embrulhos. E as embalagens dos alimentos tinham sempre um novo destino.
Neste caso, os sacos de pano de produtos alimentares, eram usados para guardar cereais ou leguminosas, ou, no caso dos maiores, para sacos de pão. Tudo era reutilizado. As noções de economia doméstica tinham- se implantado e as dificuldades económicas do país justificavam essas atitudes.

Quando aderimos à sociedade de consumo começámos a deitar as coisas fora. As casas mais pequenas também não facilitavam a acumulação de objectos. Quando se começaram a divulgar os conceitos de separação de lixo os portugueses aderiram bem, pelo menos nas grandes cidades. Mas olhando para trás, podemos concluir que a verdadeira reciclagem era feita antigamente quando, sem destruir os objectos, lhes eram atribuídos novos destinos. Temos ainda muito que aprender.