No local deste restaurante
situa-se hoje uma óptica. Antes dele esteve o restaurante «Comodoro» que foi também
bar e de que muitas pessoas ainda se lembram. Recuando mais um pouco existiu no
mesmo local um restaurante chamado «A Floresta».
O local era o Largo D. João da
Câmara, nº 20-23. Do seu lado direito ficou em tempos o famoso «Café Martinho».
Se procurarmos na net por este
nome de restaurante aparecem-nos pelo menos nove restaurantes, o que nos parece
estranho. Infelizmente a informação sobre este restaurante é praticamente nula.
Encontrei notícias da
reabertura de «A Floresta» na revista «Vida Ribatejana», infelizmente já sem
capa e portanto sem data. A avaliar pelas restantes que a acompanhavam deve tratar-se
de uma edição do final dos anos 40.
Salão de jantar de «A Floresta» |
O jornalista referia-se ao
velho restaurante Floresta agora rejuvenescido o que nos mostra que já existia
anteriormente. Adquirido por uma nova empresa a aposta foi feita no arquitecto
Fernando Silva (1914-1983), autor de vários projectos, entre eles o Cinema S.
Jorge, e que conseguiu ganhar três Prémios Valmor; o engenheiro Nuno Abrantes e
o Construtor Columbano Santos. A fachada do edifício é ainda a que hoje se nos
oferece ver.
O seu interior ficou a cargo de dois
pintores-decoradores: Manuel Lapa (1914-1979), que fez parte da equipe que
decorou o interior do Museu de Arte Popular juntamente com Tom e Jorge Matos
Chaves (1912-1988). Este último tinha ganho em 1945 um primeiro prémio num
concurso organizado pelo SNI para um cartaz de Turismo. Foi autor de várias
capas da revista Panorama, de ementas, como as do restaurante Folclore, de
publicidade como às máquinas Oliva e de um painel publicitário às conservas
ainda existente em Setúbal, entre muitos outros trabalhos. Os ferros forjados
artísticos, tão ao gosto da época, ficaram a cargo da empresa «Stal».
Um canto do bar |
A gerência era da
responsabilidade do sócio José Vidal e o serviço de cozinha era considerado
excelente, o que transformava o local num ponto de encontro de gourmets.
Em 1958 deu entrada na Câmara
de Lisboa um novo projecto da autoria do arquitecto Rui Jervis D’Athouguia (1914-1979),
com extensa obra em Lisboa de que a mais conhecida é a Fundação Calouste
Gulbenkian, para o projecto de um restaurante «Bar D. João – New restaurante
Portugal», no mesmo local, no primeiro piso, ficando «A Floresta» na cave, mas o
projecto não teve seguimento.
Não me foi possível saber a
data de início do Comodoro.
4 comentários:
D. Ana Pereira
Mais um artigo muito interessante.
O "Comodoro" em 1959 já existia pelo que este "Floresta" não deve ter tido uma vida muito longa ...
Fotos deste restaurante, na sua fase de construção, e já em funcionamento e à noite, no Flickr da Biblioteca de Arte da FCG. aqui ficam os links directos:
https://www.flickr.com/photos/biblarte/2921679246/sizes/o/
https://www.flickr.com/photos/biblarte/3208911297/sizes/o/
Os meus cumprimentos
José Leite
José Leite,
Muito obrigada. Os nossos caminhos cruzam-se nestes temas. Às vezes vou para falar num restaurante ou hotel e descubro que já o fez. Embora se possa sempre falar num mesmo assunto de várias maneiras. Obrigado pelas achegas. Melhores cumprimentos e continue o seu bom trabalho.
Bom dia Ana,
Tem a certeza que "perto" ficava o Café Martinho? Não seria antes o Arcádia, com as suas enormes mesas de snooker? Tenho algumas fotografias do dia em que a rainha Isabel II, de visita a Portugal, passando por ali, e foram tiradas do primeiro andar do Arcádia, penso eu. Claro que eu nem sequer era nascido, julgo que foi um tio meu a tirar as fotografias...
Bjs, Nuno Gata Gonçalves
Nuno Gata,
O Café Martinho ficava efectivamente do do lado direito, como se pode ver nas fotografias. O proprietário inicial foi Martinho Bartolomeu Rodrigues que também era dono do Café da Arcada e daí a confusão. Bjs
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