quinta-feira, 17 de maio de 2018

Restaurante A Floresta, em Lisboa

No local deste restaurante situa-se hoje uma óptica. Antes dele esteve o restaurante «Comodoro» que foi também bar e de que muitas pessoas ainda se lembram. Recuando mais um pouco existiu no mesmo local um restaurante chamado «A Floresta».
O local era o Largo D. João da Câmara, nº 20-23. Do seu lado direito ficou em tempos o famoso «Café Martinho».
Se procurarmos na net por este nome de restaurante aparecem-nos pelo menos nove restaurantes, o que nos parece estranho. Infelizmente a informação sobre este restaurante é praticamente nula.
Encontrei notícias da reabertura de «A Floresta» na revista «Vida Ribatejana», infelizmente já sem capa e portanto sem data. A avaliar pelas restantes que a acompanhavam deve tratar-se de uma edição do final dos anos 40.
Salão de jantar de «A Floresta»
O jornalista referia-se ao velho restaurante Floresta agora rejuvenescido o que nos mostra que já existia anteriormente. Adquirido por uma nova empresa a aposta foi feita no arquitecto Fernando Silva (1914-1983), autor de vários projectos, entre eles o Cinema S. Jorge, e que conseguiu ganhar três Prémios Valmor; o engenheiro Nuno Abrantes e o Construtor Columbano Santos. A fachada do edifício é ainda a que hoje se nos oferece ver.
 O seu interior ficou a cargo de dois pintores-decoradores: Manuel Lapa (1914-1979), que fez parte da equipe que decorou o interior do Museu de Arte Popular juntamente com Tom e Jorge Matos Chaves (1912-1988). Este último tinha ganho em 1945 um primeiro prémio num concurso organizado pelo SNI para um cartaz de Turismo. Foi autor de várias capas da revista Panorama, de ementas, como as do restaurante Folclore, de publicidade como às máquinas Oliva e de um painel publicitário às conservas ainda existente em Setúbal, entre muitos outros trabalhos. Os ferros forjados artísticos, tão ao gosto da época, ficaram a cargo da empresa «Stal».
Um canto do bar
A gerência era da responsabilidade do sócio José Vidal e o serviço de cozinha era considerado excelente, o que transformava o local num ponto de encontro de gourmets.
Em 1958 deu entrada na Câmara de Lisboa um novo projecto da autoria do arquitecto Rui Jervis D’Athouguia (1914-1979), com extensa obra em Lisboa de que a mais conhecida é a Fundação Calouste Gulbenkian, para o projecto de um restaurante «Bar D. João – New restaurante Portugal», no mesmo local, no primeiro piso, ficando «A Floresta» na cave, mas o projecto não teve seguimento.
Não me foi possível saber a data de início do Comodoro.

4 comentários:

José Leite disse...

D. Ana Pereira

Mais um artigo muito interessante.

O "Comodoro" em 1959 já existia pelo que este "Floresta" não deve ter tido uma vida muito longa ...



Fotos deste restaurante, na sua fase de construção, e já em funcionamento e à noite, no Flickr da Biblioteca de Arte da FCG. aqui ficam os links directos:

https://www.flickr.com/photos/biblarte/2921679246/sizes/o/

https://www.flickr.com/photos/biblarte/3208911297/sizes/o/

Os meus cumprimentos
José Leite

Ana Marques Pereira disse...

José Leite,
Muito obrigada. Os nossos caminhos cruzam-se nestes temas. Às vezes vou para falar num restaurante ou hotel e descubro que já o fez. Embora se possa sempre falar num mesmo assunto de várias maneiras. Obrigado pelas achegas. Melhores cumprimentos e continue o seu bom trabalho.

Nuno Gata disse...

Bom dia Ana,

Tem a certeza que "perto" ficava o Café Martinho? Não seria antes o Arcádia, com as suas enormes mesas de snooker? Tenho algumas fotografias do dia em que a rainha Isabel II, de visita a Portugal, passando por ali, e foram tiradas do primeiro andar do Arcádia, penso eu. Claro que eu nem sequer era nascido, julgo que foi um tio meu a tirar as fotografias...
Bjs, Nuno Gata Gonçalves

Ana Marques Pereira disse...

Nuno Gata,
O Café Martinho ficava efectivamente do do lado direito, como se pode ver nas fotografias. O proprietário inicial foi Martinho Bartolomeu Rodrigues que também era dono do Café da Arcada e daí a confusão. Bjs