terça-feira, 22 de agosto de 2017

Um Santo António em brinde de 1907

À primeira vista parece um santinho mas é um brinde comercial oferecido pela Casa J. B. Carlos das Neves, em 1907.
Tenho um fascínio por estes brindes que de forma simples faziam lembrar aos clientes que eram importantes e que pensavam neles. Consistia numa forma de divulgação das empresas e foi um mercado próspero até o país ter entrado em crise.
Claro que os mais bonitos são do século XIX mas durante o século XX, até talvez aos anos 90, continuavam a ser oferecidos. Com as preocupações de restringir gastos as firmas deixaram de os encomendar e acabou-se este tipo de ofertas.
Sei que devia esperar pelo próximo Santo António para o mostrar mas até lá ia seguramente esquecer-me, como já me aconteceu com outros temas. Assim, aqui lhes mostro este pequeno livrinho que no seu interior tem uma pequena biografia do Santo e um calendário com o nome de todos os santos, dia a dia.
Da firma J. B. Carlos das Neves não consegui saber nada apesar da sua longevidade. A casa foi fundada em 1776 e situava-se no Porto, na Rua das Flores 224-226. Em 1907 contava já com 131 anos, mas acabou por fechar em data que desconheço.
Rua das Flores, 224-6, no Porto,  onde se situava  a casa de J. B. Carlos das Neves
No verso do folheto anunciavam que a sua especialidade era o chá, o café e o açúcar de todas as qualidades e preços. Vendia também chocolate nacional e estrangeiro, incluindo os «croquettes de chocolate», em caixinhas de fantasia próprias para brinde. Dentro do reino alimentar vendiam também massas alimentícias e conservas. Como era habitual neste tipo de lojas comercializavam também objectos da Índia e da China.
Este brinde não ficou contudo na mão da cliente que o recebera. Ofereceu-o a uma amiga que o guardou cuidadosamente. Na face posterior, a toda a volta, pode ler-se numa letra com tinta já muito sumida: «À minha muito querida amiga Ernestina offerece Paulina porque bem sei que gostas muito de Santo António. 31-1-907».
A beleza do presente deve ter enternecido Ernestina que o conservou religiosamente.


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