domingo, 15 de julho de 2012

A Maria Papoila e os electrodomésticos

"Maria Papoila" era o título de um filme realizado por Leitão de Barros, no período áureo do cinema português. Estreado a 15 de Agosto de 1937 no cinema S. Luís foi uma comédia de grande sucesso em que participaram mais de 50 artistas portugueses e de que faziam parte Amarante e António Silva.
Conta a história de uma pastora beirã, chamada Maria Papoila que vem servir para Lisboa. Integrando-se num estereótipo de casal “a sopeira e o magala” é a narrativa da vida de uma rapariga simples, criada de servir numa casa rica, que se enamora por um soldado raso que pensa ser da sua condição social. Na realidade é um menino rico por quem se apaixona. E se não conhecem o resto da história têm que descobrir no filme, que está disponível no youtube.
O fogão grande dentro da lareira
As cenas do filme mostram o mundo de Maria Papoila (Mirita Casimiro) que é a cozinha, que partilha com a sua colega de trabalho Alzira (Virginia Soler). É esse aspecto, e não a engraçada história, que hoje focamos.
Se bem que nos parece antiga a cozinha era, para a época, extremamente moderna, de tal modo que foi publicada, em 1937, na revista «O Amigo do Lar» que era o «Órgão de Propaganda das Companhias Reunidas de Gás e Eletricidade».
 O pequeno fogão a gás
A imagem mostra os fogões a gás que a companhia fornecia a prestações, um atrás de Alzira e outro, mais pequeno, sobre o móvel junto ao menino da casa (Alves da Costa).

E a revista chamava à atenção dos leitores para a «excelente máquina de lavar roupa» à esquerda, bem como para o aspirador que Maria Papoila «empunhava com garbo, no diálogo das três sopeirinhas» na escada.
 O aspirador nas mãos de Maria Papoila
E o artigo concluía que « se outros motivos de êxito não  bastassem para o sucesso retumbante deste filme, bastaria o admirável estudo da criada lisboeta para o impor ao público, como o melhor espectáculo desta época.»
 Pacote de açucar com a capa da partitura da autoria de Stuart Carvalhais
É natural que estas imagens tenham contribuído para a aceitação dos electrodomésticos que se foram insinuando nos lares portugueses, mas o que ficou mesmo foi o significado de «Maria Papoila» aplicado a pessoas simples e íntegras. E se os primeiros se divulgaram progressivamente, pelo contrários as «Maria Papoilas» entraram em extinção.

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