segunda-feira, 23 de agosto de 2010

«O Sabão Tarzam», o Tarzan português

Foi uma surpresa a descoberta de um sabão Tarzam de que nunca tinha ouvido falar. O sabão Tarzam é uma versão portuguesa linguística de "Tarzan" e, ao mesmo tempo, uma interpretação nacional do “Monkey Brand Soap”.

O sabão «Monkey Brand» foi comercializado em 1899 por Sidney e Henri Gross que venderam a patente à Lever Brothers, que o comercializou nos Estados Unidos e em Inglaterra.
A sua publicidade ficou famosa por várias razões: a primeira porque anunciava o mais maravilhoso produto de limpeza e abrilhantador, a que se seguia sempre a referência «não serve para lavar roupa» e a segunda porque usou na sua publicidade a imagem de um macaco.
O macaco tinha contudo características humanas e apresentava-se quase sempre vestido. Uma das suas funções era evitar, na publicidade, a imagem da mulher no trabalho doméstico numa época, final do século XIX, em que um grande número de mulheres tinham optado pelo trabalho remunerado (ex: fábricas). Começava também a escassear o pessoal doméstico e a utilização do macaco humanizado, que foi já objecto de estudo em publicidade, permitia usar uma figura híbrida que estabelecia uma evolução de um elemento vindo da natureza para um meio cultural. O macaco transformou-se assim num símbolo do progresso industrial.
Em Portugal o mais conhecido produto dentro deste conceito foi o chamado "Sabão Macaco", que penso ser mais tardio que o sabão apresentado, e que não servia para o mesmo fim.
Existiu também um «Sabão Chimpanzé», produzido pelos Produtos Etelva, de E. Gameiro, de que nada consegui saber.

Prospecto da inauguração do filme «King Kong» em França


O sabão Tarzam apresenta um desenho de um animal simiesco que se assemelha ao King Kong. Designa-se a si mesmo o «Às dos sabões domésticos para Polir e Limpar». Numa das faces identifica-se como «limpa metais» e nas instruções para uso diz servir para limpeza de vidros ou dar brilho a metais. Não é referido mas, tal como o “Monkey Brand Soap”, podia acrescentar que não servia para lavar roupa, sendo nesse sentido distinto do conhecido sabão macaco.
Foi à utilização destes sabões no meio doméstico, que constituía também o local de aceitação das novelas, que levou a que estas se passassem a designar por “soap” (sabão).

4 comentários:

Anónimo disse...

Sabão legal!!! Cheguei aqui buscando antigos anúncios no google para uma postagem nun blog destinado a estudantes. gostei desses anúncios de sabão!
professorabernadete.blogspot.com/

Ana Marques Pereira disse...

Obrigado Professora Bernardete.
Pode ir seguindo o blog porque aqui só aparecem anúncios originais e procuro sempre um pouco da sua história.

Fábio Pedro disse...

Boa tarde por acaso tenho um exemplar deste sabao intacto sem nunca ter sido usado. Já procurei a data em que foi comercializado mas não encontrei nada.

Ana Marques Pereira disse...

Fábio Pedro,
Também não consegui encontrar qualquer data até ao momento. Se tal acontecer actualizo o post.