
De um extraordinário lote de catálogos comerciais, que o meu fornecedor mais habitual me arranjou, seleccionei hoje o de “Os Grandes Armazéns Herminios”.
Este estabelecimento comercial foi construído no Porto no local do antigo Teatro Baquet, nome que se deveu ao seu fundador António Pereira Baquet e que foi inaugurado em 1853. Um grande incêndio, em 20 Março de 1888, destruiu-o completamente.

Foi um dos grandes armazéns portugueses, a par do Grandela e do Chiado, influenciados pelos grandes armazéns parisienses, como o
Bon Marché, que foi o primeiro grande armazém construído em Paris. Com início em 1852 foi alterado em 1878 pelo arquitecto L. A. Boileau e pelo engenheiro Gustave Eiffel. A introdução dos novos conceitos do uso do ferro e do vidro na arquitectura levou à construção de uma armazém luminoso, com cúpula de vidro central e grades de ferro circundando cada piso e deixando um espaço central, modelo que viria a servir de inspiração para vários outros edifícios comerciais.

Os Grandes Armazéns Herminios eram na altura o maior estabelecimento comercial do Porto, visitado pela melhor sociedade. Tinham entrada pela Rua 31 de Janeiro e pela Rua de Sá da Bandeira.
Não consegui apurar quem foi o seu fundador mas sei que Henry Burnay (1838-1909), o financeiro que era chamado na imprensa "O Senhor Milhão" e a quem D. Luís, em 1886 , concedeu o título de Conde de Burnay teve, entre outras actividades, participação na exploração dos Grandes Armazéns Herminios.

Em 1894 a casa tinha já um moderno sistema de iluminação, ainda antes de o mesmo ser introduzido nos Grandes Armazéns Grandela de Lisboa, o que foi motivo de regozijo para a cidade do Porto.
Não sei dizer quando fecharam estes armazéns mas existem catálogos, pelo menos, até 1918.
Este catálogo é de Outubro de 1911, data em que tinha sido nomeada uma nova direcção para os Herminios, ficando como Director-gerente o sr. L. Hubert.

O catálogo incluía os modelos de confecção para senhora, homem e criança, roupa branca para senhora e criança, camisaria, perfumaria, sapataria, papelaria, passemanaria, faianças e porcelanas, artigos para cozinha e casa, etc.

É interessante notar que vendiam também postais ilustrados, de edição própria, que são hoje objecto de coleccionismo.
Proximamente darei a conhecer outros catálogos destes e de outros grandes armazéns.