sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Fábrica Santo António. 1 - A história

Uma reunião na Ilha da Madeira permitiu-me uma curta, mas útil, incursão pelo Funchal.
A reunião começava ás dez e trinta. Levantei-me cedo e às oito horas já estava no mercado a tirar fotografias. Sobre isso falarei numa próxima ocasião.

Hoje quero falar no meu segundo ponto de visita: a Fábrica Santo António.
Ia por uma rua e ao virar da esquina lá estava um edifício branco com uma grande tarjeta azul onde se podia ler o nome da fábrica. Entrei e deparei-me com uma loja à antiga, com móveis de madeira e prateleiras com caixas antigas nas filas superiores e modernas nas mais baixas. Os vários produtos preenchiam-nos, bem como os armários com portas de vidro nas paredes opostas. Por trás de um balcão corrido, também de madeira, encontrava-se um senhor amável a quem expliquei os meus interesses. Sugeriu-me falar com um responsável pelo pelouro da higiene e qualidade, o sr. Bruno Vieira que, habituado à curiosidade dos visitantes, me disponibilizou a história da fábrica.
A fábrica foi fundada em 1893 por Francisco Roque Gomes da Silva. Desde o início que a fábrica e loja têm permanecido no mesmo local, na Travessa do Forno. Começou por produzir bolachas e biscoitos, em que se torna evidente a influência inglesa, tanto no que respeita às receitas como ao logótipo das latas de 5 Kg onde estas eram acondicionadas. Podemos ver as latas antigas, em folha de Flandres forradas a papel, ao lado de latas da Huntley & Palmers, fábrica inglesa fundada em 1822 e que se tornou na maior fábrica de biscoitos do mundo e perceber a sua influência. Do mesmo modo as bolachas de gengibre remetem-nos imediatamente para Inglaterra. Em 1948, a fábrica, parcialmente visível por detrás do balcão, foi remodelada e adaptada à electricidade. A modernização poupou contudo a principal máquina, uma moldadora de bolachas, que data de 1900 e que foi apenas adaptada à nova força motriz.
Com a morte do fundador a fábrica passou para seu filho Américo Ciríaco Silva e deste para António Manuel Carregal Côrrea da Silva. Permanece ainda na posse da família, sendo sua actual proprietária Christiane Bettencourt Sardinha. É a esta sucessão familiar que se atribui a persistência desta fábrica, uma das mais antigas fábricas de bolachas do país.

4 comentários:

Ana Maria Job disse...

Oi Ana!Já disse mais de uma vez, como acho interessante teu trabalho histórico.Se te interessa, vou te enviar algo daqui.Sou apaixonada pela origem e tradição das coisas também.Me lembrei de ti quinta-feira passada. Caminhava de minha casa até o Shopping .Ia pela calçada ,qdo de repente quase piso em uma metade de goiaba.Olho para cima e vejo uma bela goiabeira cheia de goiabas.É claro!Continuei minha caminhada rindo feliz, pensando no sabor delicioso da fruta.Devo à ti isso.Abraços.

Ana Marques Pereira disse...

Ana Maria Job
Não há como os brasileiros para dizerem coisas agradáveis de uma forma encantadoramente simples. Isso não foi herança nossa. Um abraço.

sergio disse...

Oi. Antes da eletricidade, qual era a força motriz dessa fábrica?

Ana Marques Pereira disse...

Sergio,
Antes da electricidade a maior parte das máquinas industriais eram a vapor. Devia ser o caso. Foi o grande progresso do século XIX.