quarta-feira, 21 de agosto de 2024

Uma ementa e uma boa história associada

  

Tenho um bom arquivo de ementas que guardo por temas. Algumas têm interesse pelo aspecto gráfico, outras pela sequência de pratos e outras ainda, as comemorativas, podem ser valorizadas de acordo com o motivo ou quando têm uma história associada. Foi o caso da que agora se apresenta e que nos mostra como, às vezes, o mundo é pequeno.

 O meu amigo Pedro ofereceu-me uma ementa de um almoço de homenagem a Noel Perdigão. Datada de 12 de Março de 1944 teve lugar na Casa do Ribatejo. Olhei para ela e pensei: “Este nome diz-me qualquer coisa. Já me passou pelas mãos algum tipo de informação”. Como tinha estado a fazer recortes (que eu guardo por temas) de umas revistas antigas que se encontravam deterioradas, pensei que devia ser daí.

Depois de uma longa procura, uma vez que todo o material relacionado com esta figura, não estava ainda arquivado acabei por encontrar uma pasta onde se encontrava um jornal Vida Ribatejana, de 21 de Janeiro de 1977, dando a notícia da morte de Noel Perdigão com 81 anos, com pormenores sobre a sua vida e agradecimentos à sua vasta colaboração nesse jornal.

Já em 1955 a Vida Ribatejana havia publicado um artigo de duas páginas sobre este artista com o subtítulo “Pintor Ribatejano”. Elogiando a sua acção mostrava várias obras da sua autoria.

Para além da sua obra artística como pintor e desenhador, fica-nos a ideia de alguém que era apreciado pelos seus colegas. No mesmo lote consta uma capilha com uns versos a ele dedicados por ocasião da sua mudança de jornal para um outro e que aqui se mostra. Assinado por vários colegas, os versos recorrem aos vários jornais da época, cujos títulos são enquadrados na métrica. Permito-me pensar que poderia existir outra ementa deste dia, sabendo bem como são os portugueses nas despedidas… Mas essa não apareceu.

Noel Perdigão ao centro

Mas o mais interessante é que possuo as fotos, em álbum e avulsas, que cobrem a vida de Noel Perdigão. Compradas noutro local vieram juntar-se à ementa e completar uma história. Situações destas não são raras quando é vendido um espólio a várias pessoas. O que é raro é juntar dados dispersos de uma vida, completá-los e valorizá-los. E isso é o que eu faço quase todos os dias.

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