Garrafa Licor Cae Bem |
Francisco Dias era o nome do proprietário da fábrica de licores que, em 1931, estava estabelecido no largo
da Portas do Sol, 6 e 7, em Lisboa. O edifício já não existe, sacrificado à
necessidade de largueza e amplitude de visão do largo, mas as fotografias da época mostram a suas grandes
dimensões.
Fábrica de Francisco Dias à esq. Largo das Portas do Sol. Foto de Eduardo Portugal, 1939, Arquivo fotográfico da CML |
A empresa, como então era
moda, tomou o nome do seu proprietário «Francisco Dias» que em 1935 mudou a
designação para «Francisco Dias, Limitada». Foi nesse ano que registou
igualmente a insígnia que consistia numa estrela de cinco bicos, dentro de um
círculo de onde saíam múltiplos raios, e tendo no centro as letras «FD» e que
aparece nos rótulos da garrafas.
Um dos seus primeiros
produtos, registado em 1931, foi o «Creme de Licor Cae Bem», de que finalmente
consegui arranjar uma garrafa. Com uma imagem moderna, adequada à época, uma
jovem de cabelo curto brindava com um cálice na mão, enquanto a outra se
apoiava numa mesa sobre a qual se pode ver uma garrafa de licor. Seguiu-se,
ainda em 1931, o «Creme de Anis Escarchado», em que o rótulo recortado mostrava
um casal em traje de cerimónia, a brindar com duas taças, sobre uma fruteira
gigante repleta de frutas.
Rótulo mais tardio do Creme de Licor Cae Bem © AMP |
Em 1935 para além de uma
«Aguardente fina» registou a marca «Chega-m’isso», um creme em que utilizava
novamente no rótulo um casal a brindar, desta vez tendo a figura feminina um
copo e a masculina uma garrafa na mão. A última marca detectada foi designada
«Pretinha», não sendo explicitado de que tipo de bebida se tratava, mas produziu também um licor designado «Lutador» e ginjinha.
Rótulo Licor Lutador © AMP |
Em 1944 o seu nome constava
da lista de fabricantes de licores publicada pelo «Grande Anuário de Portugal»
e o achado de um rótulo desta firma da década de 1950 mostra-nos que produziam
então um «Creme Escarchado de Laranja» e que a empresa se situava ainda no
largo das Portas do Sol.
Rótulo Fina Ginginha © AMP |
No «Guia Profissional de
Portugal», de 1964, pode ver-se um anúncio seu, como fabricantes de licores e
xaropes mas tinha-se já mudado para a Travessa de S. Tomé, 7, em Lisboa.
Existia ainda em 1971, de acordo com o «Informador Comercial e Industrial de
Lisboa».
Esta empresa utilizou também
garrafas com o seu nome em relevo no vidro. Refiro-me a uma garrafa com o feitio
aproximado de uma guitarra, em que surge, na metade inferior, um círculo onde
pode ler-se «Francisco Dias – Lisboa». No que respeita à utilização de garrafas
figurativas comercializaram pelo menos o jogador que era representado com uma
bola entre os pés e onde, na base, se identifica o nome Francisco Dias em
relevo, enquanto na frente o rótulo mostra a marca «Chutador».
Esta firma lisboeta pode ser
utilizada como exemplo na utilização de rótulos muito ingénuos, coloridos e
divertidos que foi a característica visível mais marcante dos licores populares
produzidos desde o final do século XIX e durante a primeira metade do século
XX.
Garrafa figurativa |
Bibliografia: Pereira, Ana Marques, Licores de Portugal (1880-1980).
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