sábado, 18 de maio de 2013

Félix Correia à mesa do café

Esta foto pertenceu ao espólio de Félix Correia (1901-1969) que foi jornalista do diário A Monarquia em 1918. Foi colaborador do jornal A Revolução (1922-1923) e director do mesmo a partir do 12º número.
 Exerceu funções como redactor no Diário de Lisboa, onde se tornou conhecido ao ser o primeiro jornalista português a entrevistar Hitler, em 1935.
 Foi chefe de redacção do Jornal do Comércio e da Colónias de 1934 a 1937 e a partir de 1940 foi director da revista ilustrada A Esfera. Foi também sócio fundador do sindicato dos jornalistas. 
Apesar deste currículo a razão porque comprei esta fotografia foi mais prosaica. Na foto, o jornalista à esquerda, acompanhado por um colega não identificado, apresenta-se sentado a uma mesa de café. Adivinha-se o final de uma refeição, no momento mais repousante do café. A fotografia, tirada por um terceiro elemento não visível, mostra-nos sobre a mesa três tipos de copos. Os copos altos de água que acompanhavam o café, os pequenos copos destinados à bebida alcoólica (aguardente ou brandy) e um terceiro tipo para o café.
Os copos de vidro para café foram usados durante bastante tempo e eram habitualmente de vidro grosso, apresentados sobre um prato, também em vidro, como no caso presente ou, mais tarde, em porcelana ou inox. Por volta dos anos 50 o cliente ainda podia escolher, nalguns cafés, se desejava o café servido em copo de vidro ou em chávena de louça, havendo defensores das duas modalidades. Um outra variante nacional era a apresentação do copo dentro de uma base em cortiça para proteger as mãos do calor da bebida. Talvez ainda alguns se lembrem do café servido no Café dos Pretos , que existia na Feira Popular de Lisboa, onde este tipo de copos era a regra. 
O que mais me surpreendeu nesta foto foi o modelo do copo de café, pouco frequente. Habitualmente eram usados copos grossos, facetados, de base e bocal redondo. O modelo aqui apresentado, de que consegui arranjar um exemplar, era utilizado, quando em dimensões menores, para servir licor, sendo habitualmente de cores suaves, rosa , azul ou verde.
Um registo interessante de um momento pós-prandial, conhecido por «café», com pormenores ignorados pelos mais novos.

7 comentários:

Manuel Tomaz disse...

Só a sua postagem me fez lembrar os copos de café. Vim para Lisboa em 1950 e recordo bem o empregado do café perguntar em "chávena" ou "copo". Mas são daquelas coisas que, com o decorrer dos anos, esquecemos completamente.
Meus cumprimentos,
Manuel Tomaz.

Anónimo disse...

Olá Ana

lembro-me tão bem do Café dos Pretos, na Feira Popular. Serviam os cafés dentro de umas bases em cortiça, para não se queimarem os dedos.
Belos tempos!
if

Ana Marques Pereira disse...

Manuel Tomaz e IF
Eu também não sabia que me lembrava destas coisas mas quando nos reencontramos com elas surgem-nos no consciente.

diogo disse...

ok , eu nasci em 1962 e ainda me lembro do meu avô beber café na Tamar , em Setúbal , nos ditos copos de vidro. Mas essa memória só foi avivada depois de ler o seu "post".
Obrigado pela recordação

Ana Marques Pereira disse...

Diogo,
Fico feliz por o ter ajudado a abrir uma gavetinha do seu cérebro.
Um abraço

Anónimo disse...

Realmente,tenho mais dez anos que o Diogo,já não me lembrava do copo de vidro para beber o café e agora reparo não vejo o ubíquo açucareiro.
Obrigado por estas lembranças.
Cumprimentos.
José

Ana Marques Pereira disse...

José,
Observador como sempre. O açucareiro adequado seria em metal em forma de meia esfera assente numa base e com a tampa horizontal com dobradiça central.
Tenho alguns exemplares.
Um abraço