segunda-feira, 5 de outubro de 2009

O Pudim Flan Jané

A embalagem que se apresenta é de um pudim instantâneo da marca Jané.
Pouco consegui apurar em relação à fábrica que o produziu. Através de um comentário publicado pela sua neta, Carla Jané, fiquei a saber que a fábrica de seu avó se situava em Porto Salvo, perto do local onde hoje fica o Tagus Park.
O comentário dizia respeito a um anúncio apresentado pela T, no blog «Rua dos Dias que Voam, em Abril de 2009, que havia sido publicado na Revista Eva em 1933.
Publicitava-se o Pudim instantâneo Jané, «a sobremesa mais deliciosa e barata», feita apenas com meio litro de leite, 4 colheres de açúcar e o conteúdo do pacote .
A fábrica de Produtos Jané foi fundada por Januário Palhares Mesquita Jané, nascido em Lisboa, na Pena, em Dezembro de 1898 e falecido em Novembro de 1983. A leitura do pacote faz-me crer que iniciou a sua actividade no dia 2 de Janeiro de 1922. Produzia também sopa de tomate, como se encontra escrito na mesma embalagem. A fábrica viria a fechar no início dos anos 80, após a morte do seu fundador.
Nada mais consegui saber, mas aqui fica a informação disponível, à espera de novas achegas.

14 comentários:

Anónimo disse...

Olá! A fábrica situava-se à frente da Quinta da Fonte (enganei-me quando referi o Tagus Park), onde hoje há um stand de automóveis. O terreno ainda pertence à família. O avô era uma pessoa curiosa e criou a fábrica, depois de uma série de projectos falhados (como um hotel no Bairro Alto em parceria com a sua preceptora de inglês), apenas porque era incapaz de trabalhar por conta de outrem. Arregimentou para o projecto a minha avó e uma mão cheia de raparigas que com eles trabalharam até ao fim. O ambiente de trabalho era excelente porque o avô era um exímio contador de histórias e tinha imensas para contar. A distribuição dos produtos era efectuada pela Jerónimo Martins e julgo que se processava no interior do País, devido à concorrência. O avô era perfeccionista mas não ambicioso, e nunca fez tenção de expandir o negócio. Ele próprio inventava os produtos e era também o designer das embalagens e dos anúncios publicitários. Esgrimia, nadava, pintava, tocava piano, cultivava rosas, era vegetariano e impôs esse regime a toda a família (o pai safou-se assim que pôde), era doido por chocolate e interessava-se por teologia, desenhava as suas camisas e botas. Usava boina e pera. Gostava de esplanar na Ericeira, onde passava grandes temporadas no Verão. Em suma, um original. Hei-de enviar uma prenda dele ao "Dias que voam" e dar conta de outros talentos da família Jané.
Cumprimentos,
Carla Jané

T disse...

Fantásticas estas coincidências:)

Anónimo disse...

Que engraçado que é ler-se a história por trás da marca.
Estou a aprender imenso com este Blog!
rita

Anónimo disse...

Bom, este era o lado solar do avô. Era um bom tiranete e gostava de se rodear de uma pequena corte de admiradores. Para se afirmar, o pai precisou de se pôr literalmente a milhas, razão pela qual só o vim a conhecer tarde, não tendo privado com ele mais de cinco anos. Achava-me piada por lhe fazer frente e alcunhou-me de Bichinho de Conta, numa alusão à rebelde nora do Marquês de Pombal. Vou vasculhar os baús em busca de fotografias para partilhar...
Cumprimentos,
Carla Jané

T disse...

http://diasquevoam.blogspot.com/2009/09/o-creme-jane.html

Há mais este:)

Ana Marques Pereira disse...

Agradeço à Carla Jané partilhar connosco estas informações sobre o seu extravagante avô, como afirmou. É de pequenas coisas que se vai fazendo a história dos objectos. Neste caso de produtos alimentares, num país sem grande desenvolvimento deste tipo de indústria.
A T também obrigado por vasculhar as revistas à procura de publicidade. É uma espécie de Hemeroteca na net.
O creme tinha-me escapado porque não tinha o acento no e de Jané.

T disse...

Pus como na grafia do anúncio: Jáné. Não sei é porque tinha esta versão. Talvez a Carla saiba:)

Também não percebo como nos primeiros anúncios, a Colgate surge como Golgate.

Anónimo disse...

E muito agradavel a tua esquisa de coisas que nos transportam a um passado muito mais agradavel que o desgraçado presente.Um bjo.

Anónimo disse...

Olá outra vez. A história do nome é queirosiana ou até camiliana, pelo que só pode ser contada, em sussurro, à hora do chá - quem sabe, um dia? Mas posso adiantar que a princípio era de facto Jáné (e é assim que ainda hoje se pronuncia), tendo perdido o primeiro acento agudo nos anos 50, por simples vontade do avô, como era próprio dele. Uma espécie de auto-acordo ortográfico. Soube hoje pela mãe que ele tinha estudado, entre outras matérias, engenharia química (nao tendo acabado o curso por mero diletantismo), e que a primeira fábrica se situava na Rua José Estêvão, em Lisboa.
E T, coincidência foi ter publicado o primeiro post no "Dias que voam" poucos dias depois da morte do meu pai...
Cumprimentos,
Carla Jané

T disse...

Lamento saber isso, sei bem como é essa dor. Mas é curioso como o passado foi ter consigo. Um grande abraço.

Anónimo disse...

Hotel no Bairro Alto?

Anónimo disse...

Já agora... qual era o nome do Hotel?

Anónimo disse...

Caro Anónimo

Não me lembro do nome do hotel, o avô contou-me essa história há mais de 30 anos. Pedi-lhe que escrevesse as suas memórias, mas respondeu-me, maliciosamente, que não o podia fazer pois comprometeria muitas senhoras... Perguntei à mãe e disse-me que achava (sem muitas certezas) que se chamava Hotel Inglês, no Largo Barão de Quintela. O que avô me disse na altura é que a clientela, na sua maioria constituída por enérgicos marinheiros e uma espécie de Mae Wests indígenas, deixava muito a desejar e lhe partia a mobília, noite sim noite não. Infelizmente já não tenho a quem perguntar mais pormenores sobre o assunto.
Cumprimentos,

Carla Jané

Anónimo disse...

Pois acho estranho... eu nunca soube nada desse hotel, ele nunca me falou nisso... nem desses marinheiros... é novidade para mim!!!