segunda-feira, 17 de março de 2025

Museu virtual: Suporte com facas de fruta

 

Nome do Objecto: Suporte de facas de fruta

Descrição: conjunto de 12 facas de fruta com cabos em porcelana não identificada e com lâminas em bronze. Com o suporte metálico e pé em porcelana.

 Material: Cerâmica e metal.

 Época: Cerca de 1900.


Marcas: apenas presentes na lâmina da faca.

Origem: adquirido no mercado português.

 


Grupo a que pertence: equipamento culinário.

 Função Geral: serviço de mesa.

 Função Específica: usada para fruta ou queijo no final da refeição.

 Nº inventário: 5577.

Objectos semelhantes: encontramos outras peças da época marcadas Meissen e com desenhos “blue onion”. Existem igualmente modelos em leque, em vez desta disposição circular.

Observações: Tipo de facas usadas no século XIX em vários países. Era considerada uma peça luxuosa. No século XVIII haviam já surgido facas de fruta, mas articuladas (tipo canivete), frequentemente com os cabos em marfim.


terça-feira, 4 de março de 2025

O final do Carnaval

 

Não tendo sido atingida pela alegria carnavalesca, descobri hoje esta imagem de A Paródia de 1901, alusiva à época.

Na capa pode ver-se a estação do Entroncamento onde se cruzam dois comboios. O da direita com os foliões, que corresponde ao comboio da Carne, que partem. Chega o comboio do Peixe que corresponde ao regime de abstinência, que se inicia na quarta feira de cinzas, à noite. Da janela sai a imagem de um clérigo que impõe a ordem.

Como tudo mudou em pouco mais de um século. Quem se lembra hoje destes antigos hábitos alimentares?

terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

Encontro no Café Martinho

 

O Café Martinho foi um dos locais frequentado por Rafael Bordalo Pinheiro, tal como descrevi no meu último livro Rafael de Faca e Garfo.[1] Era um local famoso onde se podiam encontrar várias figuras importantes da época, como Almeida Garrett, Bulhão Pato, Júlio de Castilho, Camilo Castelo Branco, Júlio César Machado, Guerra Junqueiro entre outros. Até Eça de Queirós, no livro A Relíquia nos relatou a sua importância.

A mesma ideia transmitiu também Rafael Bordalo Pinheiro, ao publicar em A Paródia de 5 Fevereiro de 1902 uma imagem de “Os três parlamentos” que eram, nem mais nem menos que São Bento, São Carlos e o São Martinho, numa referência humorística à influência das pessoas que se cruzavam nesses espaços.

Este café devia o nome ao facto de ter sido fundado por Martinho Bartolomeu Rodrigues, em 1846. Era considerado o mais importante café de Lisboa, situando-se no actual Largo D. João da Câmara (antigo Largo Camões). Inicialmente tinha uma grande sala com arcos, sendo as colunas revestidas com espelhos de Veneza.

Era conhecido pelas torradinhas feitas com pão de Meleças, o chá verde com limão e a neve. Bulhão Pato nas suas Memórias conta-nos que “as senhoras atravessavam até à sala interior, para tomarem neve n’uma estufa!».

Esta neve era proveniente de um depósito que o proprietário possuía, uma vez que era contratador oficial de fornecimento de gelo, pelo menos desde 1829. Fornecia também um outro local de comércio do mesmo proprietário, o Café da Arcada. Mais tarde, mudaria o seu nome ficando conhecido pelo actual “Martinho da Arcada”, situado numa esquina da Praça do Comércio.

Em 1905 entrou em obras o que gerou controvérsia e críticas. Mas apesar disso as imagens de 1910 mostram a sua beleza, ao gosto Art Nouveau.

Arquivo fotográfico da CML: PT/AMLSB/CMLSBAH/PCSP/004/LSM/000820

Esta peça, que tive a sorte de adquirir há poucos dias, será da fase anterior ao período das obras. Trata-se de uma fruteira de pé, em porcelana branca com o nome deste café na taça e na base, onde se pode ler “Martinho” em dourado. 

A marca na base Limoges. WG & Co, indica-nos que foi feita em França por Wilhelm Guérin (1838-1912), natural de uma local perto de Limoges, que começou por alugar uma oficina, em 1836, em Limoges, onde produzia peças para exportação.

Marcas na base
Por volta de 1872, Guérin assumiu a direcção da oficina de porcelana de Lebron & Cie e, em 1877, comprou uma outra fábrica de porcelana na Rue du Petit-Tour, igualmente em Limoges. A fábrica desenvolveu-se e, em 1903, os dois filhos de Guérin, William e André, entraram empresa, de onde provém o “Co” da marca. Em 1911 esta empresa fundiu-se com a fábrica Pouyat, e tornou-se na Guérin & Cie.

Assim sendo, e para abreviar a história, podemos concluir que esta peça faria parte do serviço em utilização no Café Martinho, tendo sido adquirida antes das obras. Segundo um pormenor da fotografia existente no Arquivo fotográfico após a remodelação um serviço idêntico continuava  a ser usado, na sala de jantar. 

Pormenor da fotografia com um prato com cartela idêntica

Pode ver-se um prato sobre a mesa em porcelana branca como o desenho e a palavra Martinho, idêntica à da fruteira aqui mostrada.  Felizmente esta escapou e foi parar a boas mãos.



[1] Museu Bordalo Pinheiro. EGEAC. 2024: 17-21.

domingo, 19 de janeiro de 2025

Associação de ideias

 

Coincidências! Olhei para o cartaz dos Açores e chamou-me à atenção a Mulher do capote, numa das extremidades da Ilha Terceira. Com o seu traje tradicional, tingido de azul característico, transforma-se numa figura enigmática.

Nem de propósito. Há uma semana que ando a lavar a garrafa com a mesma figura, onde o licor de maracujá, com vários anos, décadas na verdade, secou e se transformou num líquido viscoso.

O dia está escuro e as fotografias ficaram péssimas. Mas decidi associar as duas. Faz sentido!.

terça-feira, 31 de dezembro de 2024

Boas Festas e Feliz Ano de 2025

 

Para desejar um Bom Ano Novo resolvi utilizar este cartão antigo da Covilhã. Deve datar da década de 1940-1950 e mostra-nos uns festejos ao “gosto antigo”. Em várias situações eram utilizadas cenas que nos remetiam para outras épocas e que tiveram sucesso no Estado Novo.

Exemplo disso é a conhecida imagem da Ceia dos Cardeais, que foi usada em publicidade a vinhos, em especial ao Porto Rainha Santa, entre outros.

A Ceia dos Cardeais foi uma peça de teatro escrita por Júlio Dantas e que estreou em 24 de Março de 1902. Durante a refeição os três cardeais, em monólogo, um português, um francês e um espanhol, recordam os seus primeiros amores, no interior de uma sala ricamente mobiliada do Vaticano, enquanto comiam um prato de faisão com trufas.

No caso do cartão aqui usado, os festejos têm lugar numa aprazível sala com lareira, onde se saúda com champagne. Também aqui foi usada uma estética a recordar o passado. O mais interessante é que se trata de um cartão de Boas Festas enviado pela empresa de José dos Santos Pinto, que desconheço a que se dedicava, mas cuja actividade no campo associativo levou a que fosse construído o estádio de Futebol da Covilhã. Em 1940, o estádio tomou, em sua homenagem, o nome de Estádio José dos Santos Pinto. A casa dos meus pais situava-se perto, no largo do campo de futebol, pelo que me traz muitas boas recordações.

A todos os meus votos de um Feliz Ano de 2025.

sábado, 21 de dezembro de 2024

Votos de Natal 2024 e uma carta do Menino Jesus

 

Votos de um Feliz Natal a todos os que lêem estas minhas palavras. Bem a propósito adiciono uma carta de Natal, enviada em 1948, por um menino José Manuel e dirigida ao Menino Jesus que, por coincidência, foi comprada hoje na Feira da Ladra.

Da carta enviada com o pedido só sobrou o envelope, mas percebe-se, pela resposta, que o seu pedido se destinava a obter uma batuta. Pedido que evidenciava gostos musicais e que seria inesperado nos dias que correm. A resposta dada pelo Menino Jesus, em carta enviada do céu, foi afirmativa. Adivinha-se nesta correspondência uma valorização do Menino Jesus em desfavor do Pai Natal, a quem também muitos meninos enviavam cartas, já nessa época.

Na resposta, o Menino Jesus, cheio de pressa porque tinha outras cartas para responder, avisava que em troca não podia preocupar a mãe e comer tudo sozinho, nunca afirmando que não gostava. A letra feminina faz-me suspeitar deste menino Jesus. Que acham?

Um Feliz Natal!