sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

As Coquilles St. Jacques em postal

A vieira (Pectem maximus) esse molusco hermafrodita, escondido dentro de uma concha com estrias radiais, com dimensões e estrutura tão atractiva, é entre nós pouco apreciada.
Até há pouco tempo não se comia em Portugal. A primeira vez que as experimentei foi nos Estados Unidos, onde uns pequenos círculos brancos, que não sabiam a nada, eram frequentemente servidos como entradas.
Entre nós esteve em moda, nos anos 70-80 servirem-se as suas conchas recheadas com várias misturas de peixe ou marisco, envolvidas em molho e gratinadas no forno. 
Ainda hoje guardo as cascas onde eram servidas, embora existissem alternativas, como as conchas em porcelana refractária usadas para o mesmo fim. Eram um sucesso garantido apresentá-las no início do jantar. No entanto as vieiras não estavam lá, porque pura e simplesmente não se conseguiam arranjar.
A receita no verso do postal
Hoje são colhidas na Ria Formosa, mas não se chegam ao mercado, porque não têm procura. Na maior parte das vezes que as comemos em restaurantes é provável que sejam congeladas. Pelo contrário os franceses consomem cerca de 2,5 Kg de vieras por habitante/ano, o que obriga a que a sua pesca seja altamente regulamentada e vigiada.
Das várias receitas, são famosas as vieiras «à la Bretonne», pescadas na Baia de Saint-Brieuc e feitas de acordo com a receita que este postal apresenta. Datado de 1946 faz parte de uma série de pratos regionais e para os autores da série era de tal modo evidente a sua origem que se limitam a chamar à receita Coquilles St. Jacques. Os trajes da cozinheira e do sorridente jovem que a espreita à janela, provavelmente o fornecedor das mesmas, denunciam contudo a sua origem. A sua fama perpetua-se mesmo nos produtos comercializados que mantém a designação.
Bom apetite!.

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