Foi só quando me pediram há
uns anos para fazer uma conferência num Congresso Internacional de Paremiologia[1] que me apercebi da
diferença que existe nos provérbios dos vários países. Isto é, para dizer o
mesmo, não é possível fazer uma tradição literal porque a expressão usada é completamente
diferente.
Esta gravura foi retirada de
uma revista de 1890 La Ilustracion Iberica,
e surpreendeu-me pela presença de um cozinheiro na sala, ainda para mais, a
tocar flauta. Olhando melhor percebe-se que afinal estão presentes todos os elementos
do pessoal de cozinha e sala. Sentado numa cadeira observa-se um dos criados da
casa, mais velho, possivelmente o mestre-sala, responsável pelo serviço que
tinha lugar nesta e por todo o pessoal de sala. Dorme profundamente, resultado
de excesso de bebida, como nos mostram as garrafas e copos que cobrem a mesa. Em
plano de fundo uma cozinheira, com avental e touca, conversa com dos seus
colegas, apresentando-se este, com prosápia, a fumar um charuto. Uma caixa
sobre a mesa indica-nos a sua origem.
Os restantes casais passeiam e
dançam. Eles com as jaquetas de serviço de mesa e elas com roupas melhoradas,
pessoais ou alheias. Não sabemos.
A legenda da gravura diz: «Cuando
non está lo gato, los ratones bailan». A gravura assinada por Paul Grolleron
(1848-1910) tem a data de 1879. Este pintor e ilustrador francês especializou-se
em cenas de batalhas, sobretudo da guerra franco-alemã de 1879 e em representações
de militares.
Paul Grolleron fotografado em 1882 por Anatole Louis Godet (Wikipedia) |
Aqui temos a sorte de ver uma
gravura sua com um tema diferente que apresenta um momento de maior descontracção,
excessiva diria eu, quando os patrões se encontram fora ….e é dia santo na
loja.
Sem comentários:
Enviar um comentário