segunda-feira, 20 de abril de 2020

O gastrónomo Charles Monselet

Charles Monselet. Paris Musées
Já anteriormente me havia cruzado com o nome de Charles Monselet (1825 – 1888), jornalista, poeta e romancista, mas sobretudo um escritor epicurista francês. Em 2010, a propósito de alguns livros portugueses, havia mencionado uma das suas obras: «La cuisine des familles» (ver poste), mas sem mencionar o seu nome.

Ao adquirir vários outros números do jornal referido vejo a sua imagem numa cartela associada às de Brillat-Savarin e de Alexandre Dumas Pai e interroguei-me como nunca o havia investigado.
O seu papel como escritor na área da gastronomia valeu-lhe na época o nome de «Rei dos Gastrónomos»[1]. Foi, juntamente com Grimod de la Reynière, o Barão Brisse e Joseph Favre, um dos primeiros jornalistas franceses de gastronomia.
Como escritor tem uma vasta lista de publicações mas centrem-nos apenas nas que dizem respeito às áreas da culinária e da gastronomia. Publicou entre outros:
·     La Cuisinière poétique, 1859, com outros autores
·      Almanach des gourmands, 1862-1870, 6 vol.
·     Teofilo Barla, cuisinier de la Maison de Savoie: à propos de sa vie et de sa mort, Paris, 1873.
·      Gastronomie. Récits de table, 1874.
·       Lettres gourmandes. Manuel de l’homme à table.1877.
  Prefaciou a obra de Joseph Favre, Dictionnaire universel de cuisine et d'hygiène alimentaire : modification de l'homme par l'alimentation. 1889-91.
Prefaciou igualmente a obra de Brillat Savarin. Physiologie du goût. 1879.
No que respeita a periódicos fundou o Le Gourmet: journal des intérêts gastronomiques, em 1858, que publicava receitas detalhadas a par de comentários gastronómicos.
Colaborou no já referido La Cuisine des Familles. Recueil hebdomadaire de Recettes d'Actualité très clairement expliquée, très faciles à exécuter (de 1905 a 1908), onde surge a foto que despertou a minha curiosidade. Este jornal era dirigido por Mme Jeanne Savarin (1854-1907), um nome feminino a justificar uma divulgação do tema também junto das donas de casa.
Foi com surpresa que descobri que se tratava de um pseudónimo de Gabriel-Antoine Jogand-Pagès, jornalista anticlerical e antimaçónico, que usou muitos outros pseudónimos, adaptando-os ao tipo de escrita.
Foi com este nome femenino que publicou vários livros de receitas como:
  • La bonne cuisine dans la famille. Recettes choisies. 1905.
  • L'art de bien acheter. 1904.
  • Guide de la ménagère pour tous ses achats journaliers. 
Madame Jeanne Savarin a preparar a Bomba Tiara Persa
Afinal não foi apenas Monselet que descobri. A falsa Mme Jeanne, que chegou a ser descrita como filha de Jean-Anthelme Brillat-Savarin,  veio como prémio adicional. È que para além do nome chegou a ter uma pretensa imagem física, divulgada nas suas obras.


[1] Mais tarde, em 1927, Curnosky seria apelidado de «Príncipe dos Gastrónomos».

Sem comentários: