Devo dizer que, a princípio, nada me
fazia estabelecer uma relação entre a italiana Giulia Ferraris-Tamburini e a
portuguesa Virgínia de Castro Almeida.
Da condessa Giulia Tamburini pouco
consegui saber para além de que publicou em Milão, para a editora Ulrico
Hoepli, o livro «Come devo governare la mia Casa?», em 1898.
Em 1900 a autora
publicou «Come posso mangiar bene. Libro
di cucina con oltre 1000 ricette di vivande comuni facili ed economiche per gli
stomachi sani e per quelli delicati », que a
iria tornar na primeira autora feminina de livros de culinária em Itália. Este
facto não foi exclusivo deste país e, em toda a Europa, à excepção de
Inglaterra, só neste período começaram a surgir livros de culinária saídos de
mãos femininas. A vida estava a mudar, as criadas começavam a rarear e da mulher esperava-se que ocupasse então o papel de vários funcionários domésticos. A função de dona de casa passou a
ser mais valorizada, mas exigia-se uma mulher mais culta e com múltiplos
conhecimentos caseiros.
Nasciam as noções de Economia Doméstica que mais tarde seriam ensinadas nas escolas. No final do século XIX, na Europa, o ensino era dado pela leitura de livros de que é exemplo «Come devo governare la mia Casa?». O livro incluído na colecção «Biblioteca delle famiglia» fornecia ensinamentos sobre a forma de governar a casa, noções de etiqueta, como educar os filhos, sobre lavagem de roupa, receitas, utilidades, medicina doméstica, etc.
Nasciam as noções de Economia Doméstica que mais tarde seriam ensinadas nas escolas. No final do século XIX, na Europa, o ensino era dado pela leitura de livros de que é exemplo «Come devo governare la mia Casa?». O livro incluído na colecção «Biblioteca delle famiglia» fornecia ensinamentos sobre a forma de governar a casa, noções de etiqueta, como educar os filhos, sobre lavagem de roupa, receitas, utilidades, medicina doméstica, etc.
Quanto a Virgínia de Castro Almeida (1874-
1945), que em 1907 viria a dirigir a colecção Biblioteca para os meus
Filhos e publicaria vários livros destinados a crianças, aceitou o convite
da Editora Sá da Costa, para a tradução e
adaptação do livro de Giulia Ferraris-Tambourini. Editado com o título «Como
devo governar a minha casa», foi publicado em 1906.
Na introdução a escritora
revela o interesse do livro mas diz ter cortado capítulos inteiros, substituído
outros e introduzido nova doutrina, de modo a adoptar a obra italiana ao meio
português. Adaptando o texto ao que chamava a “vida peninsular” encarava a dona
de casa como «administradora, esposa, mãe, enfermeira e senhora da sociedade».
O resultado foi um livro realmente
diferente, ajustado à realidade nacional e onde não falta mesmo, nos “modelos de
menus”, o caldo verde.
2 comentários:
Bem necessário seria uma edição atual para os nossos tempos... Mas também seria necessária a vocação própria...
Manuel Tomaz,
Realmente nunca devem ter sido tão úteis estes conceitos, só que agora são aprendidos por necessidade.
Cumprimentos
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