Nunca pensei vir a escrever sobre regadores. Contudo quando os meus olhos caíram sobre um exemplar puro dos anos 60, de cor laranja e grande flores amarelas, violetas e roxas, a fazer-me lembrar a insígnia da Mary Quant, não resisti. É verdade que sobre ele não posso contar qualquer história porque desconheço a quem pertenceu. Achei-o lindíssimo e extraordinariamente pouco prático e, o pouco uso que deve teve ter tido, atendendo ao seu excelente grau de conservação, confirma-o.
Num ambiente calmo falámos durante horas, mas não me recordo do tema da conversação. Usavam-se então plantas no interior e quando a luz começou a abrir, constatei que as plantas estavam a precisar de água. Fui buscar um regador e reguei as plantas. Lembro-me de o Jorge Martins ter dito que num ambiente daqueles se justificava um regador com maior beleza. Fiquei estupefacta com a sua sensibilidade estética, sobre um tema que nunca me havia ocorrido.
Passado algum tempo fui à loja
do Vergílio Seco, que tinha então um antiquário no Príncipe Real e vi o jarro
de louça branca com flores que aqui mostro. Lembrei-me da conversa e pensei: é
este o adequado. Comprei-o e durante muito tempo usei-o com o fim de regar as
plantas da sala.
Um dia promovi-o a jarro de
flores e deixou de ser um objecto utilitário.
Hoje, bem mais prática, como nos ensina a idade, uso um regador de plástico, sem estilo ou história.
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