Este objecto podia, tal como
muitos outros, ser um objecto mistério. Mas tenho quase a certeza de que
ninguém ia acertar pelo que passo directamente para a resposta.
Segundo as palavras de José
Gonçalo Herculano de Carvalho[1]trata-se de uma maça de maçar linho, usada em Covas, Terras
do Bouro. Servia também para debulhar o milho dentro do masseirão.
No Minho, em diversas localidades,
era utilizado para debulhar o milho e as leguminosas secas. Para isso
colocava-se o milho dentro do masseirão[2],
uma espécie de caixa de madeira com pernas, com fundo esburacado ou formado por
ripas de madeira. O milho que se guardava nos espigueiros (canastros), era usado a pouco e pouco, sendo malhado com a maça apenas
na quantidade necessária para a fornada. Os grãos de milho passavam pelos
orifícios do fundo e em cima ficavam os carolos vazios.
Era a chamada malha a pau com
maça, havendo variantes tanto do tipo de caixa, que podia ser substituído
nalgumas terras por um cesto como no tipo de maça. Esta que aqui se apresenta
tem cerca de 40 cm de diâmetro e apresenta sulcos lisos no corpo e na pega,
estando identificada com sulcos em cruz na extremidade que devia permitir
distinguir esta maça de outras.
Passou pouco mais de meio
século e se não fosse o trabalho extraordinário que os nossos etnólogos
fizeram, hoje olharíamos para este objecto e não percebíamos para que tinha servido.
Na realidade José Gonçalo Herculano de Carvalho (1924-2001) foi um linguista e
foi nessa qualidade que escreveu este texto e muitos outros. O título «Coisas e
palavras» não podia ser mais apropriado e quase me apetecia roubá-lo, mas optei
por «objectos esquecidos». Espero que gostem.
É curioso que a própria massa tem a forma cónica das espigas. Outras massas de linho que vi têm forma cilíndrica.A madeira é talvez de buxo.
ResponderEliminarLuis Filipe Gomes,
ResponderEliminarTem razão. Não tinha associado a maça ao feitio da espiga. Cumprimentos.