Foi numa das casas dessa
calçada, no lado direito de quem desce, que se estabeleceu, em 1854, a Fábrica
Schalck. Mais conhecida por produzir botões era chamada pelos habitantes
locais, muitos dos quais para ela trabalhavam, no local e no domicílio, até
meados do século XX, como «Fábrica dos Botões». Ainda hoje moradores do local
recordam esses tempos.
Que foi uma grande fábrica para a época não há
dúvida e, apesar da discrepância dos números encontrados o Inquérito Industrial
de 1881 classificava-a nas 50 maiores de então. No relatório da visita às
instalações eram referidos «138 operários internos, além de 60 que trabalhavam
fora da fábrica».
Embora este tipo de industria estivesse classificada no sector da pregaria, para além da produção de pregos, e de
botões de que já falámos, produzia também colchetes, ganchos para o cabelo e cápsulas
para garrafas, boiões e frascos. Foi esta última actividade que me chamou a
atenção para esta empresa. No meu livro «Licores de Portugal», a propósito da
forma de fechar as garrafas, eu havia já escrito: «No final do século XIX
existia já em Portugal pelo menos uma fábrica que produzia cápsulas metálicas
para fechar garrafas; tratava-se da firma H. Schalck Sucessores que, em 1884,
esteve presente na Exposição Agrícola de Lisboa; anteriormente a sua produção
tinha sido agraciada com uma menção honrosa nas Exposições de Viena de 1873, de
Filadélfia de 1876, de Paris de 1878 e do Rio de Janeiro de 1879.
Agora, o achado de uma factura de 1928, pôs-me novamente no encalce da história desta empresa. Vejamos alguns aspectos interessantes com ela relacionada. O proprietário da fábrica, Henrique Schalck tinha origem alemã e foi representante de várias empresas do seu país natal. Nela trabalhou um outro alemão Karl Emil Biel (1838-1915), que chegou a Lisboa em 1857. Isso explica que, aquele que se tornaria um fotógrafo famoso se tenha estabelecido, em 1867, com uma Fábrica de Botões, na Rua da Alegria, no Porto após ter comprado uma propriedade a José Joaquim Pereira Lima, na Travessa do Luciano à Rua da Alegria.
Agora, o achado de uma factura de 1928, pôs-me novamente no encalce da história desta empresa. Vejamos alguns aspectos interessantes com ela relacionada. O proprietário da fábrica, Henrique Schalck tinha origem alemã e foi representante de várias empresas do seu país natal. Nela trabalhou um outro alemão Karl Emil Biel (1838-1915), que chegou a Lisboa em 1857. Isso explica que, aquele que se tornaria um fotógrafo famoso se tenha estabelecido, em 1867, com uma Fábrica de Botões, na Rua da Alegria, no Porto após ter comprado uma propriedade a José Joaquim Pereira Lima, na Travessa do Luciano à Rua da Alegria.
A fábrica Schalck foi
adquirida em 1917 pela Companhia Previdente, uma empresa fundada em 1825 por
Francisco José Simões e que se dedicava à venda de ferragens. A loja situava-se
na Rua do Comércio, 28 em Lisboa. De acordo com a factura que refiro, em
1828 a fábrica mantinha-se na Calçada do Cascão enquanto os escritórios ficavam
no Largo do Conde Barão, 4, 1º andar. Era seu depositário em Setúbal Afonso H.
O’Neill que tinha sede na Avenida Todi.
Para perceber o apogeu e
queda desta fábrica temos que ter em consideração vários factores.
O negociante da praça de Lisboa, Henrique Schalck (1816-1875), era figura respeitada, o que levou à sua nomeação em Janeiro 1866 de «Cavaleiro da Ordem Militar de Cristo», por carta existente no Registo Geral de Mercês de D. Luís I. Em 1844 casou com Virginia Charlotte Gerstlacher (1822-1907) de quem teve 7 filhos, e destes, foi o seu filho Fernando (1851-..) quem passou a dirigir o negócio após a sua morte. Virginia era filha de Isabel Maria da Conceição (1801-1876), filha da rainha D. Carlota Joaquina e de D. João VI.
O negociante da praça de Lisboa, Henrique Schalck (1816-1875), era figura respeitada, o que levou à sua nomeação em Janeiro 1866 de «Cavaleiro da Ordem Militar de Cristo», por carta existente no Registo Geral de Mercês de D. Luís I. Em 1844 casou com Virginia Charlotte Gerstlacher (1822-1907) de quem teve 7 filhos, e destes, foi o seu filho Fernando (1851-..) quem passou a dirigir o negócio após a sua morte. Virginia era filha de Isabel Maria da Conceição (1801-1876), filha da rainha D. Carlota Joaquina e de D. João VI.
Um dos filhos de Henrique Schalck,
Vitor Henrique Schalck recebeu igualmente em 1904 o Grau de Cavaleiro da Real
Ordem de Cristo (Registo Geral de Mercês de D. Carlos I). Foi
este o encomendador de uma das mais interessantes casas de veraneio da
linha do Estoril, projectada em 1915 por Raul Lino, e cuja construção
decorreu até ao início da década de 20.
É provável que tanto as dificuldades no
acabamento desta moradia de veraneio, como a aquisição da fábrica por uma
empresa concorrente, a Companhia Previdente, em 1917, tenham a ver com uma
ordem do Ministério das Finanças de 1916 em que na «Conta corrente dos bens dos
inimigos à ordem do Ministro das Finanças», onde são mencionados os bens
apreendidos a indivíduos ou empresas de alemães residentes ou com relações
comerciais com Portugal, é mencionado o nome de Victor Henrique Schalck.
Fotografia tirada da internet do site Património Cultural |
Para quem estiver
interessado em seguir a evolução da Companhia Previdente e, de como o seu destino
se tornou a ligar à família O’Neil, deixo o link para o excelente artigo do
blog «Restos de Colecção» :
Virginia Charlotte Gerstlacher deve ser minha bizavó
ResponderEliminarMesmo sobrenome que o meu Rafael Gerstlacher
Não deve haver em Portugal muitas pessoas com esse apelido.
ResponderEliminarsuper interessante
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