Neste mês de Agosto, em que as pessoas procuram destinos exóticos, fui parar a uma cama de hospital.
Porque este não é um blog pessoal, passo sobre a experiência para me focar apenas no problema da alimentação.
Nos últimos tempos, desde que escrevi o livro «Receitas e Truques para Doentes Oncológicos» tenho feito conferências em vários hospitais sobre o tema da alimentação do doente oncológico.
Descubro agora que, para além de alguns pontos que distinguem os vários tipos de dietas, os erros cometidos são os mesmos.
Com o corpo e o espírito enfraquecido o doente entrega-se ao cuidado do hospital para o alimentar. Confia nele e aguarda que à hora programada a refeição chegue.
No caso concreto, que não especificarei, a refeição chegava, quente e em quantidade suficiente. Exagerada mesma para o apetite. A qualidade dos produtos era boa. Que tenho então eu a dizer?
Durante 8 dias foi-me dada a mesma sopa de cenoura. Talvez não fosse mesmo igual porque me queixei e veio outra. Mas a base era a mesma: uma base alaranjada de abóbora/cenoura, onde num dia finalmente sobrenadavam dois bocados de couve. A sopa nunca foi branca, ou verde ou amarela ou às cores.
Comecei a ficar traumatizada. Hoje, já em casa, ainda estou porque não deixo de pensar nisto e não consigo esquecer o cheiro.
Não vou falar em mais pormenores mas o problemas que acompanham a falta de apetite do doente são agravados pelos seguintes factores:
1 - A falta de variedade, que costumo, nas minhas comunicações, documentar com um slide que tirei da net «Food Bingo», que representa a facilidade de fazer bingo, pela repetição.
2 - Alimentos duros, que cansam a mastigar.
3 - Falta de molhos que misturem tudo (proteínas, hidratos de carbono, etc).
Fico por aqui. Estou ainda muito cansada.